Senador chama Fagner à tribuna para cantarem Canteiros e sessão é encerrada antes que ocorresse um fiasco

Leia a coluna Política em Brasília
Romoaldo de Souza
Publicado em 06/05/2023 às 19:23
Rei Charles III e rainha Camilla desfilam após cerimônia de coroação Foto: Paul ELLIS / AFP


Houve um senador, Mário Couto (PSDB-PA), famoso por fazer discursos como quem manda recado e já ler, em cima da bucha, a resposta da mensagem que ele teria encaminhado. Seus discursos eram tão ecléticos “que às vezes é preciso acompanhar seus pronunciamentos com uma enciclopédia do lado”, para não se perder nos conteúdos, como dizia a colega Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), “mas o seu problema é a veracidade e a profundidade do que diz. Mais raso que um pires”, resumiu Grazziotin.

Quando criticou a Copa do Mundo de 2014 ou quando chamou o cantor cearense Raimundo Fagner para cantarem juntos, “Canteiros”, de Cecília Meireles (1901-1964), Mário Couto causava. “[Realizar] a Copa do Mundo, quando o Brasil precisava de hospitais, brasileiros! A FIFA determinou que a Nação brasileira gastasse bilhões de reais. O que será feito desses estádios depois da Copa, senhores? Oh, Dilma [Rousseff], reza, Dilma! Faz macumba para o Brasil ganhar esta Copa, Dilma! Calcula se o Brasil perder a Copa, Dilma! Bilhões e bilhões para atender à FIFA [no dia do discurso o Brasil já estava eliminado]. Mas eu bem sei, conhecendo a presidente que o Brasil tem que ela iria dizer: ‘Oh, Mário Couto, o Brasil vai se orgulhar de ter sediado a Copa do Mundo’, só se for do 7 x 1, Dilma”, lembrando o dia em que o Brasil tomou uma histórica goleada da Alemanha, no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte (MG), em 8 de julho.

“Eu vou ler esses nomes para nunca mais a gente esquecer deles. Muller, Klose, Kroos, duas vezes, Khedira, Schurrle, também duas vezes e o nosso gol de honra feito pelo Oscar, aos 44 minutos do segundo tempo. Isso porque os alemães tiraram o pé o acelerador. A culpa é tua, Dilma. ‘Mas senador, eu não estava jogando’, ainda bem porque se não seriam uns 30, 40, 100 gols”, desafiava Mário Couto.

Outra vez, Mário Couto, que gostava de dizer que joga em qualquer posição, “menos no time da Dilma”, fazia um pronunciamento sobre violação de direitos humanos em uma delegacia de polícia no Pará, quando foi interrompido pelo presidente da sessão [Tião Viana (PT-AC)] “Pediria um segundo para, com grata satisfação, registrar a visita de Raimundo Fagner, um patrimônio da cultura nordestina que vem ao plenário do Senado Federal. Seja bem-vindo Fagner”, disse Viana. “Eu também gostaria de me juntar à Presidência da Casa para saudar a presença do cantor cearense Raimundo Fagner a este plenário. Trata-se de um dos maiores talentos, que engrandece a cultura do Estado do Ceará”, afirmou Mário Couto, não sem antes lançar o desafio no ar que deixou o plenário apreensivo. “Oh, Fagner, eu venho de uma terra onde o ritmo mais popular é o carimbó. A palavra é originária da língua tupi, em que ‘curi’ é pau oco e ‘m’bó’ é furado. Mas eu queria desafiar você Fagner é para que você subisse ao plenário e nós dois, sem violão sem acompanhamento, pra nós cantarmos Canteiros”, e improvisa: “Quando penso em você. Fecho os olhos de saudade. Tenho tido muita coisa. Menos a felicidade”. Fagner sorrir e Tião Viana fez soar a campainha. A sessão foi encerrada antes do tempo previsto. “Vai que Mário Couto resolve cantar toda a canção”, disse Tião Viana.

UM CALOR DANADO, E ZÉLIA CARDOSO USOU CASACO DE PELE PARA RECEBER O PRÍNCIPE CHARLES E A PRINCESA DIANA
Brasília não perdoava as “gafes” dos integrantes da “República de Alagoas” como ficou conhecido o governo de Fernando Collor de Mello. A mais comentada de todas se deu no salão principal do Palácio do Itamaraty. O relógio marcava 20h00, daquele 21 de abril, aniversário da cidade. Fazia um calor de 27ºC. A comitiva real estava sendo recebida pelo presidente da República e a primeira-dama, Rosane Collor, quando irrompe o ambiente, a ministra da Fazenda. Zélia Cardoso de Mello trajava um tubinho preto, com uma pequena fenda lateral, batom vermelho. Ela tinha carregado na maquiagem, alegando que dormia pouco por aqueles “turbulentos dias de ajuste fiscal”. O “pecado” de Zélia: a ministra usava por cima dos ombros um casado de pele, completando aquele controverso figurino. “É sintético”, disse a ministra enquanto puxava conversa com a princesa de Gales sobre o desmatamento na Amazônia e as questões ambientais em geral. Boa parte do Brasil até que perdoou Zélia pelo confisco da poupança, mas aquele casaco de pele…

TAGS
Fernando Collor de Melo Rei Charles III Princesa Diana
Veja também
últimas
Mais Lidas
Webstory