Os bastidores da política nacional, com Romoaldo de Souza

Política em Brasília

Por Romoaldo de Souza
Romoaldo de Souza

Governo lava as mãos e não pretende enfrentar evangélicos no projeto do aborto

Igrejas fazem coro em defesa de projeto lei que compara aborto a crime de homicídio. Um dos autores do projeto é o Pastor Eurico (PL-PE)

Cadastrado por

Romoaldo de Souza

Publicado em 14/06/2024 às 21:06 | Atualizado em 16/06/2024 às 19:37
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha - GABRIEL FERREIRA/JC IMAGEM

UM OLHO NO CRAVO
O mesmo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que diz à imprensa que “não contem com o governo para aprovar o projeto de lei sobre o aborto, também tem dito a lideres, mais ou menos próximos ao Palácio do Planalto, que “não é hora de partir para o enfrentamento” com os evangélicos. A bancada em massa apoia a medida que tem como um dos autores o deputado Pastor Eurico (PL-PE).

No argumento do Palácio do Planalto, fica claro - com o advérbio acrescentado por Padilha, que o tema é espinhoso demais para um governo que nada contra a correnteza da impopularidade. “Ainda mais para um projeto que estabelece que uma mulher estuprada vai ter uma pena duas vezes maior que a do estuprador. Não contem com o governo para essa barbaridade”, disse Alexandre Padilha.

OUTRO NA FERRADURA
Padilha também tem feito a ponte com setor da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A hierarquia da Igreja Católica tem manifestos contrários “ao aborto em qualquer situação”, embora não explicite os casos específicos de uma adolescente que tenha sido vítima da violência.

Para os católicos, mesmo que defenda que os estupradores “sejam identificados e que a legislação seja rigorosa e eficaz na punição.É ilusão pensar que matar o bebê seja uma solução. O aborto também traz para a gestante grande sofrimento físico, mental e espiritual. Algumas vezes até a morte.”

CADÊ O FORRÓ?
O depoimento emocionante, a cinquentenária Banda de Pau e Corda informou que “infelizmente, não faremos nenhum show nas cidades do interior de Pernambuco, neste São João”. O ato ganhou eco na voz de Maciel Salu, rabequeiro, também pernambucano, como a banda, em passagem por uma mesa de cafeteria de Brasília.

Maciel Salu - FILIPE CAMPOS

O líder da Banda de Pau e Corda lembra os tradicionais festejos juninos e pede mais “forrozeiros” nos ajuntamentos promovidos pelos governos municipais e estaduais.

Maciel Salu concorda com os argumentos de Sérgio Andrade e diz “que isso só vai mudar, só teremos mais participação de grupos tradicionais nas festas de São João quando houver uma ação organizada”.

PROVIDENCIAL
Uma cirurgia no ombro “tirou de combate” o senador Wellington Fagundes (PL-MT). Ele pediu licença por 120 dias e com isso, foi convocada sua suplente, Rosana Martinelli, também do PL.

A “providência divina” como confidenciou a nova senadora chegou quando avança no Supremo Tribunal Federal (STF) uma investigação comandada pelo ministro Alexandre de Moraes. Na posse, a nova senadora afirmou ter ficado muito tempo “lisa”, porque suas contas estiveram bloqueadas. “Por quê isso? Porque defendi e continuo defendendo a minha liberdade de expressão. Eu me solidarizo com todos aqueles que tiveram seus direitos violados, e espero que esta Casa possa ajudar todos os patriotas que querem ter essa liberdade”, afirmou.

RESPIRANDO POR APARELHOS
Enquanto aguarda o retorno do chefe de uma viagem à Europa, o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, ganhou fôlego temporário. No STF, o ministro Flávio Dino enviou o indiciamento da Polícia Federal para ser apreciada pela Procuradoria-Geral da República. O procurador, Paulo Gonet, é quem vai dar parecer sobre o andamento ou recomendar que seja arquivada a denúncia de que Juscelino, então deputado federal pelo Maranhão, usou verba pública para pavimentar uma rodovia nas proximidades de uma fazenda da família. A denúncia é de que há sobrepreço no asfalto da estrada. O ministro nega.

PENSE NISSO!
O projeto de lei que eleva a pena em caso de aborto, comparando ao homicídio, ganhou uma reverberação na sociedade o que não quer dizer que o Brasil passou a ser um país progressista.

Ao que parece é que a briga é muito mais contra quem propôs a ideia e quem colocou a medida em regime de urgência, leia-se o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

Setores como a Pastoral Social da CNBB, por exemplo, considerados progressista quando o tema é as chamadas causas sociais, nesse projeto escolheram outro lado.

Na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), foi criada uma comissão formada somente por mulheres. Elas vão analisar o projeto e até estudar possibilidades de judicializar a medida.

Hoje, o Brasil admite o aborto quando há um estupro, em caso de risco à vida da mulher e quando for constatada anencefalia do feto.

Bom seria que o tema fosse debatido por toda a sociedade e não apenas no plenário da Câmara.

Pense nisso!

Tags

Autor

Veja também

Webstories

últimas

VER MAIS