Os bastidores da política nacional, com Romoaldo de Souza

Política em Brasília

Por Romoaldo de Souza
Romoaldo de Souza

Planalto vê com desconfiança desvalorização do real

Presidente Lula resolveu escolher os lugares que vai visitar. Sendo em uma região onde perdeu para Bolsonaro, o petista quer distância

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Romoaldo de Souza

Publicado em 02/07/2024 às 18:56
Até mesmo diretores do Banco Central indicados pelo governo Lula votaram contra o Planalto - BACEN

ESPECULANDO A ESPECULAÇÃO
O Planalto especula a informação que chegou ao terceiro andar do palácio segundo a qual o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, teria dificuldades de dizer não, caso venha a convidado a disputar a cadeira que hoje Lula da Silva (PT) está sentado.

NÃO SERIA A PRIMEIRA VEZ
Henrique Meirelles, que comandou o Banco Central entre 2003 e 2010, foi o primeiro a disputar a presidência da República. Naufragou assim como todos os demais candidatos do MDB [à época PMDB] naufragaram. Meirelles obteve 1,2%, em 2014.

O partido teve outras duas candidaturas, após a redemocratização do país. Em 1988, logo após a promulgação da Constituição Federal, Ulysses Guimarães (SP) recebeu 4,6% dos votos. Mais recentemente, em 2022, a senadora Simone Tebet (MS) obteve 4,2%. Ou seja, em outras palavras, Campos Neto não deve nem pensar na filiação do MDB.

BOLSONARO EM CAMBORIÚ
Mais que tomar um banho de mar, no balneário; mais que apertar a mão e tirar uma foto com o presidente Javier Milei, da Argentina; o principal motivo da ida do ex-presidente Jair Bolsonaro a Santa Catarina não é nem a Conferência de Ação Política Conservadora, que reúne a direita latino-americano. Bolsonaro vai à cidade para lançar a candidatura do filho Jair Renan, que vai disputar uma das 15 cadeiras de vereador, no município catarinense.

VENTO A FAVOR
Lula da Silva que disse, recentemente, em São Paulo (SP), que é “o povo na presidência da República”, agora cancela encontros por receio de não ter “povo” ou de ser hostilizado por parte desse povo. O presidente tinha viagens marcadas para Santa Catarina, Goiás e Mato Grosso, agora não vai mais. Uma fonte governista disse que “é melhor não arriscar”. Há um certo medo de que o clima azede para o lado de Lula.

NÃO ESTÁ FÁCIL PRA NINGUÉM
Jair Bolsonaro também tem seu dia de rejeitado. Nesta terça-feira (2), a comitiva do ex-presidente ficou retida na rodovia PA 275, nas proximidades de Parauapebas, no Pará. Um grupo de trabalhadores rurais ligados à Fetraf (Federação de Trabalhadores na Agricultura Familiar) protestou contra sua chegada à cidade, fechou a estrada e Bolsonaro ficou uma hora no relento, esperando a reabertura da rodovia. Vestido em uma camisa da seleção brasileira, o ex-presidente chegou a pedir a ajuda a aliados para ser resgatado. Não foi atendido.

PENSE NISSO!
Até mesmo aliados muito próximos do presidente da República, daqueles mais ajuizados, consideram que Lula errou na mão e em vez de ficar culpando um improvável “ataque especulativo” para a desvalorização do real frente ao dólar e ao euro poderia ser mais comedido com as palavras.

O país hoje é muito mais equilibrado com um Banco Central independente e se Lula tiver votos - que não os tem - para mudar a Constituição que encontre um parlamentar que aceite o cabresto para apresentar a PEC, caso contrário, Lula deveria tomar duas importantes medidas.

A primeira é ser mais comedido com o vernáculo. Não parece prudente que um presidente não consiga desapear do palanque. E este é um dos males crônicos da reeleição. Lula chegou ao Planalto em janeiro de 2023, mas já espiava pelo buraco da fechadura para as eleições de 2026.

O outro importante dever de casa que este governo não faz é cortar despesas. Chega dessa balela de dizer que gasto com isso, gasto com aquilo “não é gasto é investimento”, porque o dinheiro sai do mesmo saco sem fundo dos pagadores de tributos.

Por menos vernáculos destemperados e pelo fim da reeleição.

Pense nisso!

 

 

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