Planalto vê com desconfiança desvalorização do real
Presidente Lula resolveu escolher os lugares que vai visitar. Sendo em uma região onde perdeu para Bolsonaro, o petista quer distância
ESPECULANDO A ESPECULAÇÃO
O Planalto especula a informação que chegou ao terceiro andar do palácio segundo a qual o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, teria dificuldades de dizer não, caso venha a convidado a disputar a cadeira que hoje Lula da Silva (PT) está sentado.
NÃO SERIA A PRIMEIRA VEZ
Henrique Meirelles, que comandou o Banco Central entre 2003 e 2010, foi o primeiro a disputar a presidência da República. Naufragou assim como todos os demais candidatos do MDB [à época PMDB] naufragaram. Meirelles obteve 1,2%, em 2014.
O partido teve outras duas candidaturas, após a redemocratização do país. Em 1988, logo após a promulgação da Constituição Federal, Ulysses Guimarães (SP) recebeu 4,6% dos votos. Mais recentemente, em 2022, a senadora Simone Tebet (MS) obteve 4,2%. Ou seja, em outras palavras, Campos Neto não deve nem pensar na filiação do MDB.
BOLSONARO EM CAMBORIÚ
Mais que tomar um banho de mar, no balneário; mais que apertar a mão e tirar uma foto com o presidente Javier Milei, da Argentina; o principal motivo da ida do ex-presidente Jair Bolsonaro a Santa Catarina não é nem a Conferência de Ação Política Conservadora, que reúne a direita latino-americano. Bolsonaro vai à cidade para lançar a candidatura do filho Jair Renan, que vai disputar uma das 15 cadeiras de vereador, no município catarinense.
VENTO A FAVOR
Lula da Silva que disse, recentemente, em São Paulo (SP), que é “o povo na presidência da República”, agora cancela encontros por receio de não ter “povo” ou de ser hostilizado por parte desse povo. O presidente tinha viagens marcadas para Santa Catarina, Goiás e Mato Grosso, agora não vai mais. Uma fonte governista disse que “é melhor não arriscar”. Há um certo medo de que o clima azede para o lado de Lula.
NÃO ESTÁ FÁCIL PRA NINGUÉM
Jair Bolsonaro também tem seu dia de rejeitado. Nesta terça-feira (2), a comitiva do ex-presidente ficou retida na rodovia PA 275, nas proximidades de Parauapebas, no Pará. Um grupo de trabalhadores rurais ligados à Fetraf (Federação de Trabalhadores na Agricultura Familiar) protestou contra sua chegada à cidade, fechou a estrada e Bolsonaro ficou uma hora no relento, esperando a reabertura da rodovia. Vestido em uma camisa da seleção brasileira, o ex-presidente chegou a pedir a ajuda a aliados para ser resgatado. Não foi atendido.
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PENSE NISSO!
Até mesmo aliados muito próximos do presidente da República, daqueles mais ajuizados, consideram que Lula errou na mão e em vez de ficar culpando um improvável “ataque especulativo” para a desvalorização do real frente ao dólar e ao euro poderia ser mais comedido com as palavras.
O país hoje é muito mais equilibrado com um Banco Central independente e se Lula tiver votos - que não os tem - para mudar a Constituição que encontre um parlamentar que aceite o cabresto para apresentar a PEC, caso contrário, Lula deveria tomar duas importantes medidas.
A primeira é ser mais comedido com o vernáculo. Não parece prudente que um presidente não consiga desapear do palanque. E este é um dos males crônicos da reeleição. Lula chegou ao Planalto em janeiro de 2023, mas já espiava pelo buraco da fechadura para as eleições de 2026.
O outro importante dever de casa que este governo não faz é cortar despesas. Chega dessa balela de dizer que gasto com isso, gasto com aquilo “não é gasto é investimento”, porque o dinheiro sai do mesmo saco sem fundo dos pagadores de tributos.
Por menos vernáculos destemperados e pelo fim da reeleição.
Pense nisso!