Presidente Lula e deputado Hugo Motta discutem relação mais estreita dos poderes
Presidente da Câmara corre atrás do prejuízo. Aos 45 do segundo tempo tenta a todo custo liberar emendas parlamentares. Promessa é dívida
‘APÓS O SINAL, DEIXE SEU RECADO’
Um amigo, desses que no passado não muito recente, já compartilhou com o presidente Lula da Silva (PT) mais de uma vez a ceia de Natal, “até com troca de presentes”, disse à coluna - com reserva - que achou “meio estranho”, que Lula “tenha passado o Natal longe dos amigos”. Dizendo que seria uma recomendação médica, a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, trancou-se com o marido e os três cachorros na Granja do Torto, uma residência retirada da cidade. Poucos telefonemas.
‘MEU GAROTO’
O deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) ainda nem foi eleito presidente da Câmara dos Deputados, e já está sendo recebido pelo presidente Lula, de turíbulo na mão. Nesta sexta-feira (27), os dois conversaram sobre crise do Legislativo com o Judiciário, liberação de emendas, pautas e Orçamento da União que está inacabado. Só faltou os dois se despedirem com Lula dizendo: “meu garoto!” e o deputado respondendo: ”meu pai pai!”; bem ao estilo de Castrinho e Chico Anysio (1931-2012), na Escolinha do Professor Raimundo.
SUSPENDE O CHESTER
Nada de réveillon antecipado de despedida na casa do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Ele e sua equipe passaram o dia de ontem, aprontando um relatório que tinha sido pedido pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF). “Lamentavelmente, da petição protocolada pela Câmara, não emergem as informações essenciais, que serão novamente requisitadas, em forma de questionário para facilitar a resposta”, escreveu Flávio Dino. As respostas ao questionário com quatro itens foram entregues no prazo. “Aos 45 minutos do segundo tempo”, disse um assessor de Lira.
CHESTER NÃO É PERU
Um dos parlamentares que havia questionado a forma “pouco transparente” de como as emendas foram liberadas, o deputado José Rocha (União Brasil-BA), presidente da Comissão de Integração Nacional, afirmou à coluna que quer ver “como ele [Lira] vai explicar ao Supremo o fechamento das comissões e o ‘sequestro’ dos recursos a elas destinados”. Lira tinha delegado ao colégio de líderes a liberação das emendas até então sob a responsabilidade das comissões.
PRESENTE DA [IN]SEGURANÇA
O deputado Coronel Meira (PL-PE), vice-presidente da Comissão de Segurança Pública, disse à Rádio Jornal que as medidas do governo Lula para a área de segurança, recém editadas, “são coisas de quem quer dar insegurança de presente ao povo brasileiro”. Meira lembrou que “em vez de reestruturar a segurança pública”, o Planalto edita medidas que tiram poderes “dos governos estaduais, dos prefeitos e de quem - verdadeiramente - cuida da segurança no país”. A regra mais criticada por integrantes da comissão é a que restringe o uso de armas por policiais “durante a ação da abordagem”.
DELAÇÃO É ‘DEDURAGEM’
“Não contem comigo. Não contem com o general [Walter Braga Netto]. Ele não considera a delação premiada, uma vez que nega qualquer envolvimento com qualquer atividade ilícita”, disse o advogado José Luís de Oliveira.
O SONHO DE MACIEL SALU
No Café & Conversa, na Rádio Jornal, eu entrevisto neste sábado (28), o mestre rabequeiro, Maciel Salu que está cada vez mais elétrico. “Deve ser pela quantidade de café que tenho tomado. Bons e de qualidade”, completa. Na entrevista que vai ao ar às 10h40, o rabequeiro conta um sonho que teve com o pai, Mestre Salustiano (1945-2008), na noite de Natal. Imperdível!
PENSE NISSO!
Quando o Poder Judiciário começou a arrumar motivos para sepultar a Operação Lava Jato, a pabulagem de ministros do STF, certamente, forçou a “migração” para outras fontes de recursos: as emendas parlamentares.
O fenômeno é tão explícito que parlamentares que no passado votavam com o Diário Oficial na mão, hoje estão com o smartphone atualizado minuto a minuto para ler a edição extra do D.O. e a liberação de verbas. Pagou, vota. Caso contrário, nem pensar.
Aí, vem o ministro Flávio Dino - velho conhecedor de todos os balções: Legislativo, Executivo e, agora, Judiciário - colocar a tramela na porta, por dentro. Ele só pretende abrir quando os critérios estiverem mais transparentes.
Só senti falta de uma crítica mais contundente contra o ministro do STF, assim como fez a esquerda contra a força tarefa da Lava Jato.
Pense nisso!