O médico ortopedista Kid Nélio está preso no Cotel. Foto: Cremepe/Divulgação
A Polícia Civil de Pernambuco confirmou que encaminhou à Justiça, na tarde dessa quarta-feira (04), a conclusão do segundo inquérito que investigou denúncia de abuso sexual praticada pelo médico ortopedista e traumatologista Kid Nélio Souza de Melo, de 35 anos. Outros dez inquéritos continuam sob investigação, todos relacionados a supostos crimes sexuais praticados pelo suspeito durante atendimentos na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Imbiribeira e em um hospital particular no Recife.
O primeiro inquérito, concluído na semana passada, é referente à denúncia de uma mulher de 18 anos que disse ter sido estuprada por Kid Nélio durante a consulta na UPA em 21 de fevereiro deste ano. A vítima, inclusive, afirmou à polícia que houve a conjunção carnal.
A Justiça já acatou denúncia do Ministério Público de Pernambuco contra o médico. O processo está na 17ª Vara Criminal da Capital. A informação foi publicada em primeira mão pelo
Ronda JC.
Essa foi a primeira queixa contra o médico registrada na Delegacia da Mulher. A partir dela, outras 11 supostas vítimas procuraram a polícia para denunciá-lo. Sete teriam sido abusadas sexualmente na UPA da Imbiribeira e quatro num hospital particular. A Polícia Civil explicou que um inquérito foi aberto para cada queixa registrada.
O médico está preso preventivamente no Centro de Observação e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, desde o dia 02 de março.
AS DENÚNCIAS
As mulheres afirmaram à polícia que, durante os atendimentos, o médico pedia para que elas ficassem nuas - mesmo que, em algumas situações, elas apresentassem problemas simples nos punhos ou nos pés, por exemplo. Era nesse momento que os abusos eram praticados. "Elas relatam que ficaram tão mal, que não conseguiram gritar. Estavam travadas", afirmou a delegada Ana Elisa Sobreira, no dia da prisão do acusado, há um mês. Segundo a Polícia Civil, o acusado afirmou em depoimento que teve relação sexual consentida com duas pacientes. Também negou que tenha estuprado as outras mulheres que o denunciaram.
O
Ronda JC não conseguiu contato com a defesa do acusado.
PERFIL
Kid Nélio é médico há nove anos. Ele se formou pela Universidade do Rio Grande do Norte e especializou-se na área de ortopedia e traumatologia, com ênfase em cirurgias. Além da UPA da Imbiribeira, ele também trabalhava em clínicas particulares. O Conselho Regional de Medicina (Cremepe) abriu sindicância para investigar a conduta do profissional, que pode perder o direito de exercer a profissão.
O médico também responde a processos na Justiça por supostos erros médicos.
ESTATÍSTICAS
Entre os anos de 2007 e 2017, a Polícia Civil de Pernambuco investigou 21 médicos suspeitos de crimes de estupro, no exercício da profissão. Do total de casos, seis foram registrados no Recife. Dos 21 médicos investigados por estupro, três foram considerados como suspeitos pela polícia. Os outros profissionais foram apontados como autores do crime. Outro dado que chama a atenção é que, do total de médicos, quatro foram investigados por estupro de vulnerável (quando as vítimas são menores de 14 anos ou, por qualquer outra causa, eram pessoas que não podiam oferecer resistência).
Somente no ano passado, três médicos foram denunciados à polícia por abuso sexual. Um dos casos ocorreu em fevereiro, no município de Calumbi, no Sertão do Estado. Os outros dois foram na Região Metropolitana do Recife: um em Olinda e outro em Jaboatão dos Guararapes.
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