Sala onde o promotor Marcellus Ugiette trabalhava foi alvo de mandado de busca e apreensão
Um dia após o afastamento do
promotor de Execuções Penais Marcellus Ugiette, suspeito de corrupção passiva, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) publicou edital para que promotores possam se candidatar à vaga até então ocupada por ele. O edital, publicado no Diário Oficial do órgão nesta terça-feira (07), prevê um prazo de até três dias para que os interessados encaminhem seus requerimentos de habilitação por e-mail.
Marcellus Ugiette exercia a função de 19º e da 54º Promotoria Criminal da Capital, ambas com atuação na Vara de Execuções Penais. O procurador geral de Justiça, Francisco Dirceu Barros, autor da portaria, destacou que os candidatos escolhidos vão acumular as promotorias e permanecerão até nelas até o retorno do titular. O prazo de afastamento do promotor, previsto pela Corregedoria do Ministério Público, é de 60 dias, mas pode ser prorrogado.
Há uma expectativa de que um novo promotor assuma o lugar de Ugiette na próxima semana, por conta do acúmulo de processos que precisam de parecer. Advogados estão reclamando e muitos presos já se sentem prejudicados.
DEFESA
Em nota à imprensa, Marcellus Ugiette negou as acusações de que teria praticado corrupção passiva, favorecendo presos em troca de dinheiro. Ele afirmou que, ao final das investigações, será inocentado das denúncias. Também disse se colocar à disposição da Justiça para uma possível quebra do sigilo bancário e fiscal. "Tenho certeza ainda que o MP saberá conduzir as investigações com a maior transparência possível e nada tenho a temer, muito pelo contrário. Quero ir até o fim para mostrar que nada tenho a ver com as ilações apresentadas. Estou certo que ao final de tudo serei inocentado dessas graves acusações", afirmou.
De acordo com investigações da Polícia Civil, o promotor teria obtido vantagens financeiras e recebido até presentes para beneficiar presos. Como tem foro privilegiado, o promotor passou a ser investigado pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco).
ENTENDA O CASO
Na sexta-feira passada,
a residência e o gabinete dele foram alvos de busca e apreensão. Celulares, pen drive e computador foram encaminhados para perícia. Nesse mesmo dia, a polícia desarticulou uma quadrilha suspeita de crimes como estelionato, corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de capital, advocacia administrativa e furto qualificado. Dois advogados também foram presos.
Parte do grupo já cumpria pena, e, segundo as investigações, o promotor Marcellus Ugiette teria se articulado para que os integrantes fossem transferidos para o mesmo presídio.
"Encontramos elementos suficientes de que poderia haver a corrupção passiva. Ele (promotor) passou a colaborar com os pedidos dos advogados da organização criminosa. Ele passou a auxiliar os pedidos de transferências para que os elementos permanecessem juntos (nos presídios). Há indícios de que ele obtinha vantagens financeiras, inclusive com recebimento de presentes", afirmou o coordenador do Gaeco, o procurador Ricardo Lapenda.
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