Cinco homens acusados de explosão e roubo milionário à sede da Brinks Segurança e Transporte de Valores, na Zona Oeste do Recife, foram condenados pela Justiça. A sentença, assinada pelo juiz Ivan Alves de Barros, foi publicada na noite dessa quinta-feira (20). Pela primeira vez, a quantia roubada foi revelada: o grupo conseguiu levar R$ 12 milhões em dinheiro, um valor cinco vezes menor do que aquele especulado na época do crime, ocorrido na madrugada do dia 21 de fevereiro de 2017. O Ronda JC teve acesso em primeira mão à sentença da Justiça.
Segundo a denúncia, os criminosos fortemente armados com fuzis, metralhadoras, pistolas e explosivos se dirigiram à sede Brinks. Numa ação planejada, eles dispararam uma sequência de tiros em direção à guarita de segurança da empresa, onde estava um dos vigilantes, que tentou se esconder em um carro forte. Em seguida, houve a explosão na sede da empresa.
"Divididos em grupos com funções específicas, um deles destruiu os muros laterais da empresa, mediante uso de explosivos, enquanto outros integrantes permaneciam do lado de fora dando cobertura à ação. Outro grupo se dirigiu a um posto de gasolina ao lado da empresa, onde renderam quem lá estava para explodir o muro que separa as empresas, além de atirarem nas câmaras do posto", detalhou a sentença.
Houve cinco pontos de bloqueios e ao menos sete carros foram queimados para dificultar o trabalho da polícia. Antes da fuga do grupo, houve uma intensa troca de tiros com policiais militares. Na madrugada do fato, nenhum suspeito do crime chegou a ser detido. Em depoimento à Justiça, o delegado João Gustado Godoy confirmou que R$ 12 milhões foram roubados. Na época do assalto, falava-se que a quantia podia chegar a R$ 60 milhões, o que foi negado pela polícia. O magistrado destacou ainda que o grupo demonstrou ser "extremamente perigoso e com ramificações em outras unidades da Federação, vez que as testemunhas mencionam que alguns dos criminosos possuem sotaques típicos do sudeste do país". Willames Aguiar Silva, considerado o líder do grupo, trabalhava como guarda de trânsito em Olinda.
A investigação concluiu que o grupo passou meses planejando o crime. Em janeiro daquele ano, um dos acusados alugou um galpão, no bairro da Estância, por R$ 12 mil mensais. Ao proprietário, o acusado disse que precisava do imóvel para montar um negócio de venda de água sanitária. No mês seguinte, outro acusado alugou uma casa de veraneio em Porto de Galinhas, por R$ 9 mil ao mês. A denúncia do Ministério Público informou ainda à Justiça que o mesmo grupo, de alcance nacional, tem "amplo histórico de prática de crimes de roubo, notadamente roubos a bancos".
Dois dos acusados que foram condenados ainda teriam participado de um roubo a caixas eletrônicos. Um deles, em um supermercado de Casa Forte.
CONDENAÇÕES
Os acusados foram condenados por roubo mediante grave violência, com concurso de pessoas e emprego de armas de fogo, e por organização criminosa. As defesas podem recorrer da sentença, mas, enquanto isso, todos vão permanecer presos. Confira as penas determinadas pelo juiz: Willames Aguiar Silva - 20 anos de prisão, além de 60 dias-multa; Júlio César Oliveira de Andrade - 16 anos e oito meses de prisão, além de 60 dias-multa; Bruno Rafael Félix da Silva - 18 anos e três meses de prisão, além de 60 dias-multa; Gleison Silva da Hora - 16 anos e oito meses de prisão, além de 60 dias-multa; Rodrigo Anderson Gomes de Souza - 13 anos e seis meses de prisão, além de 60 dias-multa. *Um sexto acusado, também preso, ainda não foi julgado. Outros criminosos que participaram da ação também não foram identificados pela Polícia Civil até a conclusão das investigações.
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