Quase 5,5 mil homicídios sem solução só na capital pernambucana

Publicado em 03/07/2019 às 6:38 | Atualizado em 04/09/2019 às 10:54
DHPP acumula inquéritos e não consegue dar conta da demanda. Foto: JC Imagem/Arquivo
FOTO: DHPP acumula inquéritos e não consegue dar conta da demanda. Foto: JC Imagem/Arquivo
Leitura:
DHPP acumula inquéritos e não consegue dar conta da demanda. Foto: JC Imagem/Arquivo Apesar de a Secretaria de Defesa Social (SDS) divulgar que as taxas de homicídios estão caindo, os números mostram que a impunidade impera em Pernambuco e precisa ser combatida com mais eficiência. O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que investiga os assassinatos na capital, acumula quase 5,5 mil inquéritos sem solução. Os dados são referentes aos anos de 2009 até abril de 2019. Em funcionamento desde 2007, o DHPP conta atualmente com cinco delegacias de homicídios. Cada uma sob a coordenação de dois delegados, em média. Cada unidade conta com mais de mil inquéritos para investigar - apesar de o número de profissionais de segurança ser bem abaixo do esperado para dar conta da demanda. Crimes ocorridos em 2009, ou seja, há uma década, continuam impunes. São famílias, enlutadas, que permanecem com o gosto amargo da injustiça. Estatísticas revelam que 410 inquéritos de homicídios registrados naquele ano estão parados no DHPP. Outros 336 inquéritos, do ano de 2010, também não foram resolvidos. Esses números foram obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). Policiais ouvidos em reserva pelo Ronda JC relatam dois problemas. O primeiro, já dito, é falta de efetivo para dar conta do grande número de investigações. O segundo: a ordem da chefia da Polícia Civil, segundo eles, é investir nas investigações dos crimes mais recentes, ou seja, aqueles registrados neste ano. "A orientação é esquecer os demais. O objetivo é mostrar à população que a polícia está resolvendo os crimes rapidamente. Mas as mortes dos anos anteriores vão continuar sem solução porque não deixam a gente investigar", relatou um delegado. Em vídeo publicado nas redes sociais, no mês passado, o chefe da Polícia Civil, Joselito Kerhle, afirmou que 53% dos homicídios registrados no Estado em 2018 foram solucionados. O restante segue sem resposta. OUTRO LADO Em nota, a Polícia Civil de Pernambuco afirmou que os 5.483 inquéritos instaurados no DHPP e que estão sem solução, ainda estão sendo investigados. "É importante esclarecer que os trabalhos investigativos continuam e, em diversos deles, a resolução está próxima. Somente este ano, mais de 500 acusados de homicídios foram capturados". Sobre a denúncia de que os policiais civis do DHPP não devem investigar homicídios anteriores ao ano de 2019, a Polícia Civil disse que isso não procede. "O compromisso da Polícia Civil é de investigação e resolução de todos os crimes letais intencionais contra a vida. A fonte que teria revelado ao blog uma possível 'proibição' faltou com a verdade, por isso se esconde sob o anonimato", disse a nota. O Ronda JC reitera que mais de uma fonte foi ouvida para a publicação desta reportagem. E todas disseram que, por determinação da cúpula da Polícia Civil, a prioridade de investigação é para os homicídios registrados apenas em 2019. É importante frisar, ainda, que os policiais pediram para não se identificarem porque temem represálias, como a abertura de processos administrativos por denunciarem problemas na instituição. LEIA TAMBÉM Polícia de PE encerra investigação de 169 homicídios sem apontar culpados Quase 95% dos assaltos nas ruas não são solucionados pela polícia de PE Polícia só soluciona 3% dos roubos de veículos em Pernambuco

Últimas notícias