Justiça

Mirtes Souza, mãe de Miguel, vai cursar direito para ajudar quem precisa

Nessa segunda-feira (23), a doméstica recebeu uma homenagem em São Paulo. Lá, voltou a pedir justiça pela morte do filho de 5 anos

Raphael Guerra
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Raphael Guerra
Publicado em 24/11/2020 às 20:28
DAY SANTOS/JC IIMAGEM
MOBILIZAÇÃO A mãe do menino, Mirtes Renata, e representantes de entidades pedirão justiça em frente à 1ª Vara - FOTO: DAY SANTOS/JC IIMAGEM

Em meio à dor pela perda do filho, a doméstica Mirtes Souza decidiu criar forças para ajudar quem precisa. A mãe de Miguel Otávio, 5 anos, que morreu depois de cair do nono andar de um prédio de luxo na área central do Recife, anunciou que vai cursar direito a partir do próximo ano. O objetivo dela é auxiliar as pessoas que sofrem algum tipo de injustiça. 

A informação foi confirmada por Mirtes à coluna Ronda JC - um dia após ela participar de uma homenagem que recebeu em São Paulo, nessa segunda-feira (23) - primeira vez que viajou de avião. Mirtes participou do Prêmio Viva 2020, parceria entre a Marie Claire e o Instituto Avon. Lá, em meio à homenagem, voltou a pedir por justiça.

"Espero que vocês amem mais ao próximo, cuidem mais dos seus filhos, deem mais atenção a eles. Por conta de 58 segundos eu perdi meu neguinho. Estou seguindo com um único pedido: justiça por Miguel", declarou na cerimônia.

AUDIÊNCIA DO CASO MIGUEL

No próximo dia 03 de dezembro, será a audiência de instrução e julgamento do Caso Miguel, na 1ª Vara de Crimes contra a Criança e o Adolescente da Capital, no bairro da Boa Vista. Testemunhas de acusação e de defesa são ouvidas em juízo sobre a morte do garoto, que ocorreu em junho deste ano. Sarí Corte Real, que responde em liberdade pelo crime de abandono de incapaz com resultado morte, também prestará depoimento. A ré terá o direito de ficar em silêncio.

Finalizada esta etapa, acusação e defesa vão apresentar as alegações finais. O prazo é de até dez dias a partir da notificação. Por fim, o juiz da 1ª Vara de Crimes contra a Criança e o Adolescente da Capital dará a sentença. Se Sarí for condenada, a pena pode chegar a 12 anos de prisão.

RELEMBRE O CASO

Miguel Otávio morreu na tarde de 02 de junho deste ano, depois de subir sozinho no elevador e cair do nono andar do Edifício Píer Maurício de Nassau, no bairro de São José. Na ocasião, Sarí era a responsável pela vigilância do menino, enquanto a mãe dele, Mirtes, passeava com o cachorro da patroa.

A perícia realizada pelo Instituto de Criminalística no edifício constatou que Sarí apertou o botão da cobertura, antes de deixar a criança sozinha no elevador. Ao sair do equipamento, o menino passa por uma porta corta-fogo, que dá acesso a um corredor. No local, ele escala uma janela de 1,20 m de altura e chega a uma área onde ficam os condensadores de ar. É desse local que Miguel cai, de uma altura de 35 metros.

Sarí Corte Real, ex-patroa da mãe de Miguel, é esposa do prefeito de Tamandaré, Sérgio hacker (PSB). Na época do caso, Mirtes e a avó de Miguel trabalhavam na casa do prefeito, mas recebiam como funcionárias da prefeitura. A informação foi revelada pelo Jornal do Commercio.

Após a denúncia, MPPE instaurou uma investigação, descobriu que outra empregada doméstica da família também era funcionária fantasma da prefeitura, e a Justiça determinou o bloqueio parcial dos bens de Hacker. O MPPE descobriu ainda que a mãe e a avó de Miguel ganhavam até gratificação por produtividade, mesmo sem trabalharem na prefeitura, como revelou um documento obtido pela coluna Ronda JC. A assessoria do MPPE disse que o caso segue sob investigação e que os promotores responsáveis por enquanto não vão comentar o processo.

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NE10 - FOTO:NE10

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