MEMÓRIA

Neste prédio, grandes crimes em Pernambuco foram solucionados; Relembre

Assassinatos da turista alemã Jennifer Kloker, do estudante Alcides do Nascimento e do empresário Sérgio Falcão foram alguns dos casos investigados na antiga sede do DHPP

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Raphael Guerra

Publicado em 24/07/2021 às 8:00
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Quem olha para a atual imagem deste prédio localizado na Avenida Mascarenhas de Moraes, na imbiribeira, Zona Sul do Recife, fica impressionado. Além de estar tomado por pichações, o imóvel está praticamente com todas as janelas arrancadas. Talvez muitos não lembrem, mas, entre 2007 e 2014, o prédio abrigava o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil. Inaugurada no início do programa Pacto pela Vida, a especializada investigou grandes crimes que repercutiram em Pernambuco naqueles anos. A coluna Ronda JC relembra alguns deles, a seguir: 

CASO JENNIFER

JC Imagem/Arquivo
Delma Freire foi apontada como mentora do assassinato da nora, a turista alemã Jennifer Kloker - JC Imagem/Arquivo

Em 16 de fevereiro de 2010, o corpo da turista alemã Jennifer Kloker, de 22 anos, foi encontrado na BR-408, no município de São Lourenço da Mata, Grande Recife. Segundo a família, dois homens em uma moto encostaram no veículo onde Jennifer estava com o marido (Pablo Tonelli), os sogros (Ferdinando Tonelli e Delma Freire) e o filho de 2 anos. Os supostos ladrões, então, teriam obrigado a família a sair do carro e entregar todos os pertences. Um dos bandidos teria levado Jennifer no automóvel e o outro seguiu de moto.

Mas poucos dias depois a versão dos parentes foi desmontada pelos delegados do DHPP Alfredo Jorge e Gleide Ângelo, que conseguiram, por meio do GPS, identificar uma rota diferente da relatada pelas testemunhas, que passaram à condição de suspeitos. Mais à frente, a polícia também descobriu que havia um seguro de vida no nome da vítima. O marido dela, Pablo Tonelli, e os sogros, Ferdinando Tonelli e Delma Freire, teriam sido os mentores do crime, que ainda contou com mais dois acusados (um irmão de Delma e um atirador contratado). Todos foram indiciados e, posteriormente, condenados pelo homicídio. Em 2019, eles tiveram as penas reduzidas

CASO ALCIDES

Foto: Reprodução
Alcides do Nascimento, 22, ao lado da mãe, Maria Luiza, quando foi aprovado no vestibular da UFPE - Foto: Reprodução

Filho de uma ex-catadora de lixo, o estudante Alcides do Nascimento Lins, de 22 anos, era o orgulho da comunidade da Vila Santa Luzia, no bairro da Torre, na Zona Norte do Recife. Estava prestes a se formar em biomedicina da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Na noite do dia 05 de fevereiro de 2010, Alcides, a mãe e as irmãs estavam em casa quando ouviram um barulho vindo da rua. Atenderam a porta e avisaram que a pessoa que estava sendo procurada morava na casa ao lado. Pouco depois, os dois homens voltaram e insistiram. João Guilherme Nunes da Costa, um dos rapazes, sentenciou: não iria perder a viagem. Como não encontrou quem procurava, ele disparou um tiro à queima roupa em Alcides. O assassino ainda ordenou que o adolescente que o acompanhava também atirasse. A dupla fugiu em seguida. 

Um assassinato que destruiu uma família e chocou o País. O caso foi investigado pelo delegado Izaías Novaes, do DHPP. Meses depois, João Guilherme Nunes da Costa - com vasta ficha criminal - foi capturado pela polícia. Negou o crime, mas testemunhas confirmaram que ele foi mesmo o assassino de Alcides. Em júri popular, ele foi condenado a 25 anos de prisão. O adolescente também foi apreendido na época. 

CASO PAULO SPERANÇA

Foto: Reprodução
O odontólogo e professor Paulos Sperança foi assassinado a golpes de faca dentro da garagem da casa em oito meses depois da tentativa - Foto: Reprodução

Conhecido professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e da UPE, o dentista Paulo Augusto Sperança foi assassinado a facadas na noite de 7 de agosto de 2010, nos Torrões, Zona Oeste do Recife. O crime, segundo a polícia, foi dentro da garagem da casa e consultório de Ana Terezinha Zanforlin Sperança, esposa da vítima e apontada como mentora do crime e que contou com a ajuda de outros dois homens. O caso foi investigado pela delegada Sylvana Lellis, no DHPP. 

As investigações apontaram que o casal já estava separado, mas vivia junto de fachada e compartilhavam um seguro de vida. Entre as provas colhidas durante as investigações, a polícia teve acesso a uma gravação telefônica na qual o casal discutia as traições cometidas pelos dois. Na casa da vítima também foi encontrado um bilhete deixado por ele, contando supostas ameaças que o levaram a passar por tratamento psiquiátrico. Meses antes de ser morto, ele também já havia sofrido um atentado. 

CASO SÉRGIO FALCÃO

 

Foto: Reprodução/TV Jornal
O Empresário Sérgio Falcão foi encontrado morto em Boa Viagem - Foto: Reprodução/TV Jornal

Em 28 de agosto de 2012, o empresário da construção civil Sérgio Falcão, de 52 anos, foi encontrado morto com um tiro no apartamento onde morava, no edifício 14 Bis, na Avenida Boa Viagem, Zona Sul do Recife. O policial militar reformado Jailson Melo, que trabalhava para a vítima, foi visto pelas câmeras de segurança no edifício entrando no apartamento minutos antes do tiro. Na época, ele alegou à polícia que o empresário teria puxado a arma do bolso do PM e atirado no próprio rosto. A delegado Vilaneida Aguiar, no entanto, nunca acreditou na versão do suicídio. 

Perícias foram feitas e até uma reprodução simulada. Os laudos apontaram para suicídio, mas Vilaneida não se convenceu e colheu outras provas, depoimentos e indícios que apontaram para um assassinato motivação financeira, relacionada a dívidas da construtora da vítima. Cinco após a morte de Falcão, a delegada indiciou os dois PMs reformados por homicídio qualificado - Jailson Melo e o irmão dele, Jadilson Melo (dono da arma e que teria sido cúmplice no crime). Apesar de acreditar que houve mandante, a delegada não conseguiu comprovar a tese. Ainda não houve julgamento. 

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