JUSTIÇA

MPPE pede redução de penas de condenados por roubo milionário à empresa Brinks, no Recife

Segundo as investigações, grupo conseguiu levar R$ 12 milhões dos cofres de imóvel, após explosão

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Raphael Guerra

Publicado em 29/07/2021 às 8:00 | Atualizado em 05/06/2023 às 11:37
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Dois dos cinco homens condenados pela explosão e roubo milionário da sede da empresa Brinks Segurança e Transporte de Valores, no bairro da Estância, Zona Oeste do Recife, podem ter as penas reduzidas pela Justiça. O parecer favorável foi entregue pelo Ministério Público Estado à Quarta Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), que analisa recurso interposto pelas defesas dos acusados. O crime ocorreu em 21 de fevereiro de 2017 e teve repercussão nacional pela ousadia.

Em 2019, o grupo foi condenado pelos crimes de roubo mediante grave violência, com concurso de pessoas e emprego de armas de fogo, e por organização criminosa. Willames Aguiar Silva, considerado um dos líderes, recebeu a maior pena: 20 anos de prisão, além de 60 dias-multa; Júlio César Oliveira de Andrade recebeu 16 anos e oito meses de prisão, além de 60 dias-multa; Bruno Rafael Félix da Silva, 18 anos e três meses de prisão, além de 60 dias-multa; Gleison Silva da Hora, 16 anos e oito meses de prisão, além de 60 dias-multa; Rodrigo Anderson Gomes de Souza, 13 anos e seis meses de prisão, além de 60 dias-multa. Todos recorreram da sentença. 

O relator do recurso é o desembargador Marco Antônio Cabral Maggi, que vai revisar as penas. A decisão em segunda instância será colegiada e ainda sem data marcada. No parecer, o Ministério Público foi favorável à redução das penas de Willames e de Gleison. Quando à absolvição do grupo, foi contrário. A coluna Ronda JC procurou a assessoria do Ministério Público para saber o motivo pelo qual o parecer foi favorável à redução de penas de dois dos cinco acusados, mas não houve resposta até a publicação. 

A redução ou aumento de penas, em segunda instância, não é algo incomum. Há dois exemplos recentes e de casos bem conhecidos da sociedade: em 2019, o trio conhecido como Canibais de Garanhuns teve as penas aumentadas. No mesmo ano, condenados pela morte da turista alemã Jennifer Kloker tiveram as penas reduzidas pela Justiça

RELEMBRE O CASO

Segundo a denúncia, os criminosos fortemente armados com fuzis, metralhadoras, pistolas e explosivos se dirigiram à sede Brinks. Numa ação planejada, eles dispararam uma sequência de tiros em direção à guarita de segurança da empresa, onde estava um dos vigilantes, que tentou se esconder em um carro forte. Em seguida, houve a explosão na sede da empresa.

"Divididos em grupos com funções específicas, um deles destruiu os muros laterais da empresa, mediante uso de explosivos, enquanto outros integrantes permaneciam do lado de fora dando cobertura à ação. Outro grupo se dirigiu a um posto de gasolina ao lado da empresa, onde renderam quem lá estava para explodir o muro que separa as empresas, além de atirarem nas câmaras do posto", detalhou a sentença, em primeira instância.

Segundo a polícia, líder de grupo criminoso era integrante do PCC. Foto: JC Imagem/Arquivo

brinks - Segundo a polícia, líder de grupo criminoso era integrante do PCC. Foto: JC Imagem/Arquivo

Houve cinco pontos de bloqueios e ao menos sete carros foram queimados para dificultar o trabalho da polícia. Antes da fuga do grupo, houve uma intensa troca de tiros com policiais militares. Na madrugada do fato, nenhum suspeito do crime chegou a ser detido. Em depoimento à Justiça, o delegado João Gustado Godoy confirmou que R$ 12 milhões foram roubados. Na época do assalto, falava-se que a quantia podia chegar a R$ 60 milhões, o que foi negado pela polícia.

Na sentença, destacou-se ainda que o grupo demonstrou ser "extremamente perigoso e com ramificações em outras unidades da Federação, vez que as testemunhas mencionam que alguns dos criminosos possuem sotaques típicos do sudeste do país".

Willames Aguiar Silva, considerado o líder do grupo, trabalhava como guarda de trânsito em Olinda.A investigação concluiu que o grupo passou meses planejando o crime. Em janeiro daquele ano, um dos acusados alugou um galpão, no bairro da Estância, por R$ 12 mil mensais. Ao proprietário, o acusado disse que precisava do imóvel para montar um negócio de venda de água sanitária. No mês seguinte, outro acusado alugou uma casa de veraneio em Porto de Galinhas, por R$ 9 mil ao mês. A denúncia do Ministério Público informou ainda à Justiça que o mesmo grupo, de alcance nacional, tem "amplo histórico de prática de crimes de roubo, notadamente roubos a bancos". Dois dos acusados que foram condenados ainda teriam participado de um roubo a caixas eletrônicos. Um deles, em um supermercado de Casa Forte.

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