INVESTIGAÇÃO

Polícia já solicitou imagens do atropelamento de advogada em ato no Recife

Na Avenida Martins de Barros, na área central do Recife, há várias câmeras que vão ajudar a esclarecer o episódio

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Raphael Guerra

Publicado em 03/10/2021 às 17:31 | Atualizado em 03/10/2021 às 19:06
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O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil, já encaminhou ofícios solicitando as imagens das câmeras de segurança instaladas na Avenida Martins de Barros, na área central do Recife, e proximidades. O objetivo é esclarecer os detalhes do atropelamento da advogada de 28 anos, que ocorreu nesse sábado (02), durante dispersão do protesto pacífico contra o governo do presidente Jair Bolsonaro. O suspeito, o administrador Luciano Matias Soares, que fugiu sem prestar socorro à vítima, está sendo investigado por tentativa de homicídio, segundo informação divulgada neste domingo (03) pela polícia. 

O inquérito ficará sob comando da 1ª Delegacia de Homicídios do DHPP. A expectativa é de que as primeiras imagens que mostrem o atropelamento e fuga do motorista sejam entregues já nesta segunda-feira (04) para perícia. Testemunhas do caso também devem ser ouvidas. A polícia não confirmou se foi pedida a prisão do suspeito à Justiça. 

O atropelamento ocorreu por volta das 12h30. Havia um bloqueio na avenida feito por manifestantes. O administrador, que dirigia um carro Jeep Renegade, furou o bloqueio e acabou atingindo e arrastando a advogada, que integra a Comissão de Advocacia Popular da Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco (OAB-PE).

Em entrevista ao NE2, da TV Globo, no sábado (02), o suspeito disse: "só passei por ela porque ela se pendurou no meu carro. As pessoas que estavam com ela começaram a dar um monte de pancada no meu carro, que está todo amassado na frente, o vidro quebrado. Então, eu fiquei com medo de ficar e acontecer uma coisa pior. E por isso que assim... Infelizmente, aconteceu, eu tô pedindo perdão mais uma vez, não é do meu caráter. Não é do meu feitio fazer isso". Ele estava acompanhado de um advogado. 

O administrador também registrou um boletim de ocorrência de dado/depredação na Central de Plantões da Capital. Ele já foi candidato a vereador pela Frente Popular do Recife em 2012. 

Ao JC, advogado Sérgio Gonçalves defendeu que o administrador não atropelou a advogada por razões políticas, e que, inclusive, o cliente é simpático às reivindicações do ato contra Bolsonaro. "Ele foi relacionado como um aliado de Bolsonaro porque ele foi candidato a vereador pelo PSC em 2012, quando nem o nome Bolsonaro era falado. Já tenho em mãos e possivelmente nas redes sociais deve ter também ele informando que votou e vota no PT. Tenho também documentos que mostram ele com a camisa e a bandeira do PT. Inclusive ele falou nas entrevistas de ontem que é votante do presidente Lula, ou seja, esse fato da data de ontem não foi um ato político. Não podemos direcioná-lo como se fosse um atentado aos manifestantes", afirmou.

ESTADO DE SAÚDE

Segundo a advogada Priscilla Rocha, a vítima  convulsionou após o atropelamento, precisou passar por cirurgia no pé e levou pontos na cabeça. Neste domingo (3), ela ainda está em observação e em recuperação no Real Hospital Português. A assessoria da unidade de saúde informou não poder divulgar informações oficiais sobre o quadro de saúde dela.

ACOMPANHAMENTO

O presidente da OAB-PE, Bruno Baptista, e a vice-presidente da entidade, Ingrid Zanella, estiveram no no Hospital Português para prestar solidariedade à advogada. Eles estiveram junto com representantes das comissões de Advocacia Popular, Mulher Advogada e Direitos Humanos. O presidente conversou por telefone com o secretário de Defesa Social, Humberto Freire, que garantiu apuração célere e rigorosa do caso.

Bruno considerou o atropelamento "bárbaro". "As nossas comissões de direitos humanos, prerrogativas, mulher advogada e advocacia popular estão acompanhando de perto o caso. Também falamos diretamente com o secretário de defesa social, que se comprometeu uma rápida apuração. A nossa principal preocupação é com o estado de saúde da nossa colega e também com uma rápida apuração, porque isso não pode ficar impune", concluiu.

 

 

 

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