Dupla que teria sido paga para filmar homicídio é detida no Cabo de Santo Agostinho
Duas pessoas foram mortas na noite desse domingo (14) no município. Motivação seria a guerra entre facções
Um homem de 18 anos e um adolescente de 16 foram detidos suspeitos de envolvimento em um homicídio no Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife. À polícia, no entanto, eles fizeram uma revelação que chamou a atenção: teriam sido pagos para filmar o crime e enviar as imagens para o líder de uma facção criminosa.
Ambos os suspeitos foram levados para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na noite desse domingo (14), segundo informações da TV Jornal. Os celulares deles, que teriam sido usados para gravar as supostas imagens, não foram encontrados pela polícia. O caso segue sob investigação.
Na noite do domingo, poucas horas antes da captura dos suspeitos, dois homens foram mortos no Cabo de Santo Agostinho. O primeiro, de 37 anos, levou foi atingido por tiros na cabeça na Rua 16, no bairro de São Francisco. Mais tarde, outro homem, de idade desconhecida, foi assassinado a tiros dentro de casa, na Rua 17, Travessa Bela Vista, em Ponte dos Carvalhos.
A dupla teria filmado a primeira morte, segundo as investigações iniciais.
GUERRA NO CABO
Delegados ouvidos pela coluna Ronda JC, recentemente, reforçaram que grande parte dos assassinatos em Pernambuco está ligada à guerra pelo domínio do tráfico. O que ocorre no Cabo de Santo Agostinho é um exemplo. O município convive com grupos violentos e que exterminam - muitas vezes com requintes de crueldade - aqueles que identificados como rivais.
Em setembro, 23 pessoas foram assassinadas a tiros - todos homens e a maioria com idades entre 18 e 34 anos. O número de homicídio na cidade foi o maior desde abril de 2008, segundo dados da Secretaria de Defesa Social do Estado. Os números de outubro ainda não foram divulgados.
O secretário de Defesa Social do Cabo, Pablo de Carvalho, confirmou que o aumento dos assassinatos tem relação com a disputa intensa pelo tráfico de drogas na cidade. "Tratam-se de novas facções que estão querendo ganhar território no Cabo. Esses grupos estão vindo de outros municípios próximos. A violência no Grande Recife e litoral está muito interligada. E esses homicídios crescem porque há a forte disputa pelo domínio ou retomada do comando do território, principalmente da venda de crack", avalia o gestor. Nos nove primeiros meses do ano, 124 pessoas foram mortas no Cabo.