CONFLITO AGRÁRIO

MPPE quer reforço policial no engenho onde menino foi assassinado, em Barreiros

Polícia Civil segue investigando crime, ocorrido na última quinta-feira. Até agora, ninguém foi preso

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Raphael Guerra

Publicado em 15/02/2022 às 21:20 | Atualizado em 15/02/2022 às 21:48
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O promotor de Justiça Júlio César Elihimas, que acompanha as investigações do assassinato do menino Jonathas Oliveira, de 9 anos, em Barreiros, na Mata Sul de Pernambuco, afirmou que irá propor à Polícia Militar um reforço para garantir a segurança das famílias que vivem no Engenho Roncadorzinho, onde há um violento conflito agrário - e que pode ter relação com a morte da criança, ocorrida na última quinta-feira.

Nesta quarta-feira (16), a partir das 8h, haverá uma reunião do promotor com o delegado de Homicídios de Palmares, Marcelo Queiroz, à frente do inquérito, e também com a Polícia Militar.

"Quero conversar sobre a segurança da localidade e saber se é possível que a PM faça rondas pelo menos quatro vezes por dia, pois a população está amedrontada", explicou o promotor à coluna Ronda JC. Para não atrapalhar as investigações, ele não falou sobre o andamento do inquérito da morte de Jonathas.

O encontro será na sede do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) de Barreiros. 

Elihimas também participou de uma reunião, nesta terça-feira (15), com o delegado titular da cidade, Thomas Nascimento, para cobrar detalhes de como estão as investigações do crime. Marcelo Queiroz não esteve no encontro porque estava em diligências. 

Cinco dias após o assassinato, que repercutiu nacionalmente, o governador Paulo Câmara se pronunciou brevemente por meio do Twitter, na tarde desta terça-feira (15).

"Conversei com o secretário de Defesa Social, Humberto Freire, sobre o caso do menino Jonatas Oliveira, de nove anos, assassinado em Barreiros, na Mata Sul, na semana passada. O secretário informou que as investigações, chefiadas pelo delegado especial Marcelo Queiroz, estão avançadas para identificar e punir os criminosos e apresentar as motivações de tamanha covardia. Repudiamos toda forma de violência, sobretudo contra crianças", declarou, no texto.

A publicação ocorre em meio a compromissos partidários do governador, que está em Brasília. Há dias ele vinha sendo criticado pelo silêncio em relação ao crime e aos conflitos agrários no Estado. Sobre este último ponto, inclusive, ele permanece em silêncio.

CRIME E CONFLITO

BERG ALVES/JC IMAGEM
CRUELDADE Jonathas Oliveira tinha apenas 9 anos - BERG ALVES/JC IMAGEM

Jonathas foi assassinado a tiros depois de ter a casa invadida por homens encapuzados e fortemente armados. O pai dele, que presidente de uma associação de moradores, onde há um conflito agrário há anos, também foi baleado de raspão no ombro. Até a noite de ontem, nenhum suspeito havia sido preso. A Polícia Civil segue ouvindo testemunhas.

No Engenho Roncadorzinho, vivem mais de 70 famílias agricultoras - cerca de 400 pessoas. A ocupação ocorreu, há 22 anos, após a falência das usinas onde elas trabalhavam ou eram credoras.

Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), que há anos acompanha a situação dessas famílias, há 10 anos a Agropecuária Javari arrendou o engenho e iniciou o plantio e colheita de cana-de-açúcar. Anos mais tarde, começaram os conflitos, porque a Javari entrou na Justiça para que ocorresse o despejo dessas famílias. Ainda haverá uma audiência de conciliação.

PROTEÇÃO

Em nota, a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos informou que uma equipe do Programa Estadual de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos esteve no engenho e colocou à disposição da família da criança a proteção provisória, "porém a resposta ainda não foi positiva. A equipe seguirá com os serviços de apoio jurídico, atendimento psicossocial e o acompanhamento das investigações".

"A secretaria reitera a soma de esforços para desenvolver uma resolução pacífica para os conflitos agrários", disse o texto.

 

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