JUSTIÇA

Caso Tamarineira: 'Não tem pena máxima que vá confortar meu coração', diz sobrevivente sobre júri popular

Julgamento de acusado por colisão que deixou três pessoas mortas e duas gravemente feridas no bairro da Tamarineira, na Zona Norte do Recife, será nesta terça-feira (15)

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Raphael Guerra

Publicado em 14/03/2022 às 20:36 | Atualizado em 14/03/2022 às 20:38
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A expectativa é grande para o júri popular que pode condenar João Victor Ribeiro de Oliveira, motorista apontado como o responsável pela colisão que deixou três pessoas mortas e duas gravemente feridas no bairro da Tamarineira, na Zona Norte do Recife, em 26 de novembro de 2017. A sessão terá início nesta terça-feira (15), a partir das 9h, na Primeira Vara do Tribunal do Júri Capital, no Fórum Rodolfo Aureliano, no bairro da Joana Bezerra.

O advogado Miguel da Motta Silveira, que sobreviveu à tragédia, disse estar apreensivo com o julgamento. "Tenho a expectativa que seja rápido. Não tem nem pena máxima nem pena mínima que vai confortar meu coração de pai ou de marido. Mas o principal é mostrar à sociedade quando vale à vida humana E como isso destrói vidas. Mas torço para que seja pena máxima para que sirva de exemplo", afirmou em entrevista à TV Jornal.



Na colisão, morreram a esposa de Miguel, Maria Emília Guimarães da Mota Silveira, o filho do casal, Miguel Arruda da Motta Silveira Neto, e a babá Roseane Maria de Brito Souza. A filha do casal, Marcela Guimarães da Motta Silveira, também sobreviveu. Hoje ela está com 9 anos.

"Marcela surpreende a cada dia. É um grão de areia por dia. Ela é alegre, consegue ter momentos de terapia. Isso acalenta o coração", contou o advogado.



A investigação da Polícia Civil apontou que João Victor Ribeiro de Oliveira foi o responsável pela colisão com o carro que era dirigido por Miguel. O sinistro de trânsito ocorreu no cruzamento da Avenida Rosa e Silva com a Rua Cônego Barata.

A perícia do Instituto de Criminalística revelou que João estava a 108 km/h, quando o máximo permitido na via era de 60 km/h. Ele também avançou o sinal vermelho. O teste de alcoolemia registrou nível de 1,03 miligrama de álcool por litro de ar, três vezes superior ao limite permitido por lei. Desde então, o acusado permanece preso aguardando o julgamento.

Ele é réu por triplo homicídio doloso duplamente qualificado e por dupla tentativa de homicídio.

FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
A data chegou ao Brasil dois anos depois, em 2007, por iniciativa da ONG Trânsito Amigo, associação de parentes, amigos e vítimas do trânsito, criada por Fernando Diniz, que perdeu o filho para a violência do trânsito - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

ETAPAS DO JÚRI

O júri popular começará com a juíza Fernanda Moura de Carvalho fazendo a leitura da acusação contra o réu e com o sorteio dos sete jurados que vão compor o conselho de sentença. Em seguida, a fase de depoimentos. De acordo com o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), há 22 pessoas arroladas para serem ouvidas como testemunhas em plenário: a vítima sobrevivente (Miguel Motta), além de um assistente técnico, quatro testemunhas comuns à acusação e à defesa e 16 testemunhas somente do rol da defesa. Após isso, haverá o interrogatório do réu - que tem o direito a permanecer em silêncio.

Diante da grande quantidade de testemunhas, é alta a possibilidade de o júri popular durar mais de um dia.

Posteriormente às ouvidas, haverá a fase de debates - momento em que o Ministério Público (representado pela promotora de Justiça Eliane Gaia) e os advogados do réu terão tempo para apresentar seus argumentos. Por fim, os jurados vão se reunir com a juíza para decidir sobre a sentença.

A expectativa do advogado Ademar Rigueira, assistente de acusação, é que João Victor seja condenado a uma pena superior a 20 anos de prisão. A defesa do réu não foi encontrada para comentar o assunto.

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