VIOLÊNCIA POLICIAL

MPPE pede prisão de policiais acusados de matar garoto negro durante perseguição no Recife

Investigação apontou que policiais militares tentaram fraudar provas e atrapalhar as investigações da ação violenta que ocorreu em Sítio dos Pintos, no Recife

Raphael Guerra
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Raphael Guerra
Publicado em 07/10/2022 às 17:26 | Atualizado em 07/10/2022 às 18:49
ALEX OLIVEIRA/JC IMAGEM
PERSEGUIÇÃO Victor Kawan foi morto em Sítio dos Pintos, no Recife - FOTO: ALEX OLIVEIRA/JC IMAGEM
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O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) encaminhou à Justiça, nesta sexta-feira (07), a denúncia relacionada aos policiais militares acusados de matar um garoto negro de 17 anos durante uma abordagem, bairro de Sítio dos Pintos, Zona Norte do Recife. A vítima foi Victor Kawan Souza da Silva, de 17 anos. 

Além de denunciar os policiais militares por homicídio doloso duplamente qualificado (motivo torpe e sem chance de defesa da vítima), o MPPE também solicitou a prisão preventiva - ao apontar indícios de que os PMs tentaram fraudar provas e dificultar as investigações do caso. A Justiça vai analisar o pedido. 

Victor Kawan foi morto com um tiro disparado por um policial militar durante uma abordagem, em 11 de dezembro de 2021. Segundo testemunhas, ele e um amigo andavam de moto quando passaram a ser seguidos pela viatura policial. Houve uma perseguição e, pouco depois, Victor, que estava na garupa, foi baleado no peito. Ele morreu na UPA da Caxangá.

A Polícia Militar alegou que o tiro foi disparado porque, durante a tentativa de abordagem, os garotos teriam reagido. Mas a família negou a versão. Familiares do adolescente contaram, na época, que ele estava indo fazer um serviço de capinação em um terreno junto com o amigo.

O amigo de Victor acabou detido e a Polícia Militar afirmou, na época, que havia um revólver calibre 38 com seis munições. A investigação no entanto, também apontou que a vítima e o amigo não estariam com arma de fogo. 

Os policiais militares denunciados foram identificados, segundo o MPPE, como José Monteiro Maciel de Lima e Clezya Patrícia de Souza Silva. Ambos eram cabos do 11º Batalhão da Polícia Militar.

Na época dos fatos, os policiais foram afastados das ruas por determinação da Corregedoria-Geral da Secretaria de Defesa Social (SDS), que também instaurou procedimento administrativo disciplinar, mas até hoje não concluiu a investigação. 

A defesa dos policiais militares não foi encontrada para comentar a denúncia. O espaço segue aberto. 

"AÇÃO EXTRAMENTE VIOLENTA"

As investigações da Polícia Civil apontaram a culpa dos policiais militares na ação violenta, o que acabou sendo corroborado pelo MPPE. Além do homicídio doloso duplamente qualificado, os PMs também respondem por tentativa de homicídio do amigo de Victor Kawan. 

Na denúncia do MPPE encaminhada à Justiça, o promotor Eduardo Tavares de Souza destaca que os PMs realizaram uma abordagem "de forma extramente violenta, submetendo-os (Victor e o amigo) a intensos disparos efetuados com armas de fogo de grosso calibre e enorme potencial lesivo". 

O promotor ainda cita que, após a morte de Victor Kawan, os policiais tentaram "encobrir o que realmente aconteceu e dificultar a elucidação do caso, ambos fizeram manobras com o fim de fraudar eventual processo penal e induzir a erro o juiz da causa, inovando artificiosamente o estado de coisa e de pessoa". 

 

 

 

 

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