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MPPE investiga Funase por morte de adolescente e agressão a interno com deficiência em Timbaúba

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) instaurou uma investigação contra o Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) do município de Timbaúba, na Zona da Mata de Pernambuco, após morte de adolescente

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Julianna Valença

Publicado em 27/10/2022 às 9:40 | Atualizado em 28/10/2022 às 7:35
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O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) instaurou uma investigação contra o Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) do município de Timbaúba, na Zona da Mata de Pernambuco, em decorrência a morte de um adolescente e agressão a outro interno.

Segundo o órgão, a 2ª Promotoria de Justiça de Timbaúba instaurou procedimento administrativo contra a unidade da Funase e oficiou à Promotoria e ao Juízo Regional da Infância e Juventude da 5ª Circunscrição (Goiana-PE).

INVESTIGAÇÃO

A primeira irregularidade investigada pelo MPPE foi a de agressão a um interno com necessidades físicas especiais. No entanto, o órgão não informou quando teria acontecido a agressão.

A segunda relata alto nível de estresse dentro da unidade, o que teria levado à rebelião e morte, no último dia 20 de outubro. Na ação, um adolescente de 16 anos morreu e outros 12 fugiram.

Até o momento, três dos internos foram localizados, os demais seguem desaparecidos.

Ainda de acordo com o MPPE, por ofícios, a Promotoria de Justiça de Timbaúba fez ciência da situação dos internos e solicitou providências às autoridades e à presidência da Funase. A delegacia de Timbaúba também apura os fatos.

Ao JC, a Funase informou que está colaborando com a Polícia Civil, com o Ministério Público de Pernambuco e com o Poder Judiciário no repasse de informações e no andamento das investigações sobre a morte de um adolescente de 16 anos durante um motim no Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) Timbaúba.

A organização afirmou que instaurou procedimento de apuração interna para investigar responsabilidades pelo óbito e por outros eventuais desdobramentos, como a ocorrência de supostas agressões físicas entre internos durante o evento de crise.

PROBLEMA SE ESTENDE POR ANOS

Esta não é a primeira vez que irregularidades são pontuadas na unidade da Funase/Case Timbaúba. Em 2016, o adolescente José David também morreu nas dependências da organização durante um motim.

Ao JC, na época, a mãe da vítima relatou que o filho dizia não ter problema com nenhum outro adolescente do Case mas já teria sido agredido por alguns agentes socioeducativos.

O MPPE afirmou que vem adotando "diversas providências judiciais" desde a rebelião de 2016, que resultou na morte de quatro socioeducandos na Case Timbaúba.

Veja o que disse o MPPE em nota:

"Após instauração de inquérito civil público, naquele mesmo ano, procedimento por meio do qual foi feita uma profunda apuração dos fatos, em agosto de 2017, foi ingressada uma Ação Civil Pública (ACP) requerendo a interdição da Funase/Case de Timbaúba, e determinando a transferência gradativa dos socioeducandos para outro Centro de Atendimento Socioeducativo mais adequado.

No mês seguinte, foi feito um aditamento à petição inicial, requerendo a interdição definitiva do prédio como unidade de Execução Socioeducativa de Internação, em face da situação topográfica na qual se encontrava edificada, e a condenação do Estado de Pernambuco para que fosse construída outra unidade com, no mínimo, a capacidade de vagas da atual. Além disso, ela deveria ficar fora da área urbana do município, em terreno de topografia plana que assegurasse a segurança dos internos, evitasse a evasão e dificultasse o ingresso de drogas e objetos.

Em julho de 2018, diante da inexistência de análise do pedido liminar e das diversas ocorrências posteriores à propositura da ACP, como fugas, agressões e torturas de internos, foi requerida a proibição do acolhimento de novos socioeducandos, diante das evidências de que a internação na unidade seria causa de potencialização da situação de risco para os internos, em face da imprestabilidade de seu funcionamento para o fim a que se destina.

Em setembro de 2019, por fim, a 2ª Vara da Comarca de Timbaúba declarou-se incompetente para julgar o feito e o encaminhou para a Vara Regional da Infância e Juventude para análise dos fatos."

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