Nesta época do ano, de muita umidade e calor, algumas doenças oculares são mais comuns no Brasil. Entre elas, estão conjuntivite, ceratite, alergias e especialmente viroses. Diante de um desses quadros, o oftalmologista deve verificar se o paciente apresenta outros sintomas, como problemas respiratórios, e ouvi-lo sobre viagens recentes para países ou regiões com casos de coronavírus. Isso porque é possível contrair a doença pelos olhos.
- Coronavírus: gripe predomina entre os casos descartados de covid-19 em Pernambuco
- Pernambuco tem quatro mortes confirmadas por gripe
- Coronavírus: 87,5% dos pacientes internados em Pernambuco estão em hospital privado
- "Pior do que o sacrifício temporário é uma doença que tem matado milhares de pessoas", diz governador Paulo Câmara
Como o contágio do coronavírus é direto, mais pelo contato entre as pessoas, há uma probabilidade de que o paciente seja contaminado pelos olhos. “Sabemos que a transmissão acontece pelos olhos, nariz e boca, mas os estudos ainda estão sendo desenvolvidos, pois a pandemia é recente. No entanto, é perfeitamente plausível que o coronavírus seja contraído pelos olhos”, alerta a oftalmologista Marília Coutinho, do Instituto de Olhos do Recife e especialista em oftalmologia geral, vias lacrimais e plástica ocular e orbita.
Segundo a médica, isso pode ocorrer quando o paciente toca nos olhos com as mãos infectadas pelo novo coronavírus. “É por isso que a máscara não oferece uma proteção completa. As pessoas devem evitar o contato físico, o aperto de mão, o beijo, o abraço”, orienta. É importante ainda evitar tossir ou espirrar na mão. O ideal é usar um lenço de papel descartável e, se não tiver, usar o braço.
Se a pessoa estiver infectada, as gotículas da tosse ou do espirro vão ficar na palma da sua mão e, ao tocar os olhos, contaminá-los com o vírus ou, pior, contagiar outras pessoas ao fazer contato. “Gripes e outras viroses podem ser transmitidas assim, inclusive algumas infecções respiratórias têm chances de serem contraídas pelos olhos”, explica a oftalmologista.
Cuidados
A suspeita de que o coronavírus pode ser transmitido pelos olhos já foi levantada pelo médico chinês Wang Guangfa, chefe do departamento de medicina pulmonar do Primeiro Hospital da Universidade de Pequim, que investiga a pandemia. O médico, inclusive, acredita ter contraído a doença por não usar óculos protetores durante uma visita a Wuhan, epicentro da doença.
Pesquisadores do Imperial College of London e da Universidade de Southampton, na Inglaterra, também consideram que essa forma de contágio é possível. Frente a essa possibilidade, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) está orientando os oftalmologistas a serem criteriosos na anamnese e, diante de suspeita de paciente contaminado, proteger os olhos, o nariz e a boca e encaminhar o paciente para testes e observação.
Outros cuidados indicados pelo CBO, tanto para as pessoas quanto para oftalmologista e médicos em geral, é lavar bem as mãos e completar a higienização com álcool etílico a 70%. Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar. Evitar aglomerações e ambientes fechados. Não compartilhar objetos de uso pessoal. Evitar contato próximo a pessoas com a doença.
Comentários