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Coronavírus: "Números não significam que somos vitoriosos", diz secretário sobre estabilização da curva em Pernambuco

André Longo destaca a importância dos números que denotam o platô da epidemia, mas deixa claro que a chegada a essa normalidade possível não é motivo de comemoração nem de relaxamento do isolamento social

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 02/06/2020 às 0:10 | Atualizado em 02/06/2020 às 0:26
HEUDES RÉGIS/SEI
André Longo, secretário estadual de Saúde - FOTO: HEUDES RÉGIS/SEI

Em coletiva de imprensa, realizada nesta segunda-feira (1º), sobre o plano de convivência com a covid-19 para estabelecer retorno gradual das atividades econômicas, o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, destacou a importância dos números que denotam o platô da epidemia no Estado, mas deixou claro que a chegada a essa normalidade possível não é motivo de comemoração nem de relaxamento das medidas de isolamento social. Ou seja, voltamos ao patamar que estávamos antes da implantação da quarentena mais rígida, em cinco municípios do Grande Recife, que terminou no domingo (31).

“Nosso monitoramento diário e estudos independentes mostram que a curva epidêmica da doença apresenta uma tendência clara de estabilização e que a taxa de contágio atingiu, pela primeira vez, um número inferior a um, que é o que buscávamos”, frisou o secretário. "Os dados da saúde são os balizadores na busca de uma normalidade possível. A partir desses números, o retorno de medidas mais duras de isolamento nunca estarão descartados", complementou. 

Nesta segunda-feira (1º), foram confirmados 450 novos casos da covid-19 em Pernambuco – um volume que se observava entre o fim de abril e início de maio. Entre as confirmações da segunda-feira, 199 foram de quadros graves da doença, e 251 considerados leves. Com isso, o Estado totaliza 34.900 casos já confirmados. No fim da segunda quinzena de maio também, Pernambuco passou a contabilizar diariamente mais casos leves do que graves, o que também levou a uma menor pressão na assistência hospitalar.

“O que estamos colhendo agora é fruto do comportamento positivo da maioria da população. Os números são importantes, mas não querem dizer que somos vitoriosos neste momento. Apenas cumprimos mais uma etapa na luta contra a epidemia e temos um longo caminho pela frente. A doença tem um dinamismo muito grande e, por vezes, os números expressam isso”, destacou André Longo, ao reforçar a necessidade de a sociedade manter o isolamento e o distanciamento social, aliados a medidas de higiene. “Mesmo que o plano de retomada da atividade econômica seja colocado em prática, é fundamental que o nosso comportamento com restrições seja mantido para termos semanas mais tranquilas”, ressaltou.

Indicadores

O acompanhamento preciso de três indicadores da saúde em Pernambuco, neste momento de transição do isolamento rígido para início de flexibilização das medidas adotadas nos últimos 75 dias da epidemia de covid-19, vão dar o tom da abertura das atividades econômicas para se colocar em prática o Plano de Convivência com a Covid-19 do Estado. “Vamos acompanhar com um maior critério o crescimento de casos de síndrome respiratória aguda grave (srag), o aumento ou a redução de óbitos e a demanda sobre o sistema de saúde”, disse, na segunda-feira (1º), o secretário de Planejamento e Gestão de Pernambuco, Alexandre Rebêlo, em coletiva de imprensa transmitida pela internet.

Entre os sinais que sugerem estabilização da curva epidêmica no Estado, está uma menor pressão da novo coronavírus na assistência hospitalar, segundo informou o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo. Durante a entrevista online, ele anunciou uma diminuição no tamanho da lista de pacientes (com suspeita de covid-19 ou que já tenham diagnóstico confirmado da doença) que aguardam uma vaga de unidade de terapia intensiva (UTI). “Não temos mais fila de enfermaria; zeramos há alguns dias. Já sobre os leitos de UTI, esse número (de pessoas em espera) está inferior a 60 pacientes. Mas isso não nos permite relaxar”, disse Longo.

O secretário acrescentou que essa fila de espera por UTI já chegou a ter 300 pacientes - número alcançado há cerca de um mês, quando o Estado estava em franca aceleração da curva de casos e óbitos pelo novo coronavírus. “Temos tido, na última semana, o menor estresse no sistema de saúde (do Estado) que nós vimos desde a aceleração da epidemia.” Ele destacou que a queda no número de pessoas que esperam por uma vaga de terapia intensiva é justificada por dois motivos: pela estabilidade no número de casos de srag ao longo das últimas semanas e pela ampliação da capacidade instalada de leitos de UTI.

Atualmente, segundo o painel da Central Estadual de Regulação Hospitalar, estão ocupados 97% das 672 vagas de UTI da rede pública de Pernambuco. Já 70% dos 827 leitos de enfermaria permanecem com pacientes. “Em média, os pacientes (com covid-19) ficam cerca de 15 dias em leito de UTI. Alguns só se recuperam após 30 dias. As pessoas vão se recuperando e têm alta, o que leva ao giro das vagas, permitindo que outros ocupem esses espaços. Isso ocorre diariamente. À medida em que temos diminuição da procura por nossas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), temos conseguido girar mais leitos para atender quem chega a nossas unidades e precisa de vagas de terapia intensiva”, explica André Longo.

Mais leitos

Apesar da diminuição da fila de UTI e de não mais existir lista por uma vaga de enfermaria, o secretário garante que o Estado continuará ampliando a capacidade da assistência hospitalar para receber os pacientes. “Vamos entregar os leitos que precisam de respirador para aumentar ainda mais (as vagas) na capital”, diz. Ele informou que mais ventiladores mecânicos devem chegar esta semana.

Taxa de contágio abaixo de 1

O restabelecimento escalonado das atividades econômicas e a circulação de pessoas nas próximas semanas permanecem sob avaliação por técnicos da Secretaria Estadual de Saúde (SES) e pesquisadores. O cumprimento do cronograma depende do comportamento das curvas de infecção e de mortes provocadas pela covid-19. Levantamentos feitos pelo Instituto para Redução de Riscos e Desastres de Pernambuco (IRRD), da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), e pela Escola de Higiene e Medicina Tropical da Universidade de Londres, revelam que a taxa de contágio no Estado está abaixo de 1 (0,9).

Esse índice aponta que menos pessoas estão sendo infectadas e que o número de doentes retrocede. Essa taxa considera variáveis como confirmações diárias da covid-19, pacientes recuperados e casos que ainda estão em tratamento. Mesmo diante de um processo de estabilização da epidemia, a população deve manter o isolamento social para que esse cenário seja mantido e consequentemente seja possível manter o freio no avanço da doença.

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