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Coronavírus: "Riscos sempre estarão presentes enquanto houver circulação do vírus", alerta infectologista

Infectologista do HC Paulo Sérgio Ramos destaca que, mesmo nesta fase de retomada das atividades, é importante evitar locais fechados, sobretudo se for por motivação recreacional

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 20/07/2020 às 19:19 | Atualizado em 20/07/2020 às 19:25
PIERRE-PHILIPPE MARCOU/AFP
Pernambuco possui 24.247 casos considerados graves e 81.134 considerados leves - FOTO: PIERRE-PHILIPPE MARCOU/AFP

Com a entrada, nesta segunda-feira (20), de municípios do Grande Recife, Matas Norte e Sul na etapa 6 do Plano de Convivência com a Covid-19, o infectologista Paulo Sérgio Ramos orienta sobre os cuidados que a população deve ter, para evitar a doença, ao frequentar locais fechados e sem ventilação adequada. Nesses municípios, está liberado o funcionamento de serviços de alimentação com horário reduzido e de academias de ginástica, com novos protocolos. A reabertura é baseada em protocolos de biossegurança que devem ser seguidos à risca, como uso de máscara, distanciamento entre as pessoas, higienização constante das mãos e dos locais em que há contato manual, monitoramento e comunicação de casos suspeitos e confirmados.

"Os protocolos minimizam os riscos, mas esses riscos sempre estarão presentes enquanto houver a circulação do vírus. É importante evitar locais fechados, sobretudo se for por motivação recreacional. Mas, se for por outras motivações necessárias à vida, é fundamental sempre usar máscara, manter distância e ter o cuidado de higienizar as mãos", explica Paulo Sérgio, que é chefe do Serviço de Doenças Infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). 

A retomada das atividades na Região Metropolitana do Recife (RMR), Matas Norte e Sul e em várias partes do mundo acontece no mesmo período em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) aceitou a recomendação de um grupo de cientistas para reconhecer a possibilidade de transmissão aérea do novo coronavírus em ambientes fechados, cheios e inadequadamente ventilados. A OMS solicitou à comunidade científica a realização de mais estudos para investigar esses casos.

Os protocolos de reabertura trazem recomendações baseadas em evidências científicas e têm sido adotados em várias partes do mundo. “São considerados os números de casos novos, números de mortes e taxa de transmissão, assim como a retaguarda de leitos hospitalares. Riscos sempre existem e serão menores, desde que todos tenham consciência do seu papel social, e isso inclui a fiscalização dos órgãos reguladores, dos empresários e da sociedade para que todos respeitem as normas de distanciamento social, o uso de máscaras e a higienização das mãos”, destaca Paulo Sérgio.

Antes dessa carta dos cientistas sobre a possibilidade de transmissão aérea, a OMS informava que o novo coronavírus se espalhava principalmente pelas gotículas respiratórias grandes expelidas por pessoas infectadas ao tossir ou espirrar, que caem e se fixam em superfícies. Por isso, preconiza as medidas de higiene constante das mãos (para evitar contaminação pelo contato), o uso de máscara e o distanciamento de cerca de dois metros, já que essa seria a distância máxima que as grandes partículas podem percorrer.

O novo alerta dos cientistas traz a possibilidade de a transmissão aérea ocorrer por meio de micropartículas expelidas pelo nariz e pela boca (pela respiração e pela fala), podendo ficar suspensas no ar por um período de tempo maior que as gotículas grandes e infectar outras pessoas nesse ambiente fechado e mal ventilado. Segundo a OMS, há relatos de surtos de covid-19 em alguns ambientes fechados, como restaurantes, boates, locais de culto ou de trabalho, onde as pessoas podem estar gritando, conversando ou cantando. Nesses surtos, a transmissão de aerossóis, principalmente em locais fechados, onde há espaços lotados e inadequadamente ventilados, não pode ser descartada. 

Confira os casos da covid-19 em Pernambuco por município:

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