Medicação indicada para piolho e sarna, a ivermectina desponta entre as substâncias mais testadas em pacientes com covid-19. Daqui a aproximadamente duas semanas, em Pernambuco, será iniciado um estudo que pretende colocar uma lupa sobre a ivermectina. A pesquisa, coordenada pela médica Taciana Padilha e já aprovada pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa, é vinculada ao Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (Lika), da Universidade Federal de Pernambuco.
- Medicamento para leucemia tem potencial para tratar câncer cerebral infantil agressivo
- Está recuperado da covid-19? Veja como doar plasma para pacientes internados em Pernambuco
- Com 90% de profissionais de saúde recuperados, Pernambuco tem força de trabalho renovada contra covid-19
- Todos os casos leves de coronavírus vão começar a ser testados em Pernambuco, anuncia secretário
- Coronavírus: "Riscos sempre estarão presentes enquanto houver circulação do vírus", alerta infectologista
“Participarão desse estudo 200 profissionais de saúde sintomáticos com diagnóstico positivo para covid-19. Vamos investigar se o tratamento com a ivermectina, nas doses e frequências do protocolo que criamos, é superior ao tratamento padrão”, diz Taciana, que já estudou previamente os efeitos do tratamento da chicungunha usando o vermífugo.
A médica acrescenta que se trata de um ensaio clínico randomizado (voluntários são escolhidos de forma aleatória), controlado por placebo e duplo-cego (pesquisadores e pacientes desconhecem quem recebe o medicamento e quem recebe o placebo). Esse é um tipo de estudo considerado o padrão ouro em estudos clínicos. Este mês a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reforçou que não há estudos conclusivos que comprovem o uso da ivermectina contra a covid-19, mas também não existem outros que refutem o uso. Por enquanto, nada de usar a medicação indiscriminadamente.
Mais estudos
A Sociedade Brasileira de Infectologia, em informe recente, destaca que “os antiparasitários ivermectina e nitazoxanida parecem ter atividade in vitro (ambiente de laboratório) contra o novo coronavírus, mas ainda não há comprovação de eficácia in vivo, isto é, em seres humanos”. A entidade médica acrescenta que apenas os resultados de estudos clínicos permitirão definir o benefício e a segurança dessas medicações contra a covid-19.
Um outro lado
Ainda sobre o tratamento medicamentoso, os primeiros resultados de uma triagem de substâncias no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo demonstraram que ivermectina e nitazoxanida não tiveram desempenho satisfatório contra a covid-19. Ou seja, por enquanto, as indicações aprovadas para a ivermectina são aquelas que estão na bula do medicamento: infestação por piolhos e sarna.
Comentários