Pacientes com doenças reumáticas e diagnóstico de covid-19, que fazem uso de corticoide oral de forma crônica e com alto nível de imunossupressão, tiveram maior frequência de internamento, maior necessidade de leito de terapia intensiva (UTI) e maior taxa de letalidade, em comparação com pacientes com doenças reumáticas que não usavam essas medicações. Esse foi um dos destaques da avaliação parcial do estudo multicêntrico Registro Brasileiro de Covid-19 em Pacientes com Doenças Reumáticas Imunomediadas (ReumaCoV Brasil), que é coordenado pelo Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e conta com a participação de 43 centros do País.
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Para o levantamento, foi realizada uma avaliação preliminar das oito primeiras semanas de covid-19 de 334 pacientes com doenças reumáticas e que tiveram a infecção pelo coronavírus. O resultado foi apresentado pela médica reumatologista do HC Claudia Marques, professora da UFPE e coordenadora do ReumaCoV Brasil, durante palestra no Congresso Pan-Americano de Reumatologia. O evento foi realizado de 17 a 21 deste mês de forma remota.
"Os dados preliminares dos pacientes que fazem uso crônico de corticoide oral e que apresentam alto grau de imunossupressão apresentaram uma taxa maior de casos graves em relação aos que não fazem uso da medicação. A taxa de letalidade foi de 8%, enquanto o índice (da população geral) no Brasil fica por volta de 3%. A taxa de internamento também foi maior do que a média publicada na maioria dos estudos: 27% versus 15%. O que pode explicar isso é o fato de essas medicações aumentarem o risco de infecções, proporcionando as formas mais graves da covid-19", explica Claudia Marques, que submeteu o artigo a uma publicação científica.
Outro destaque do estudo mostrou que as pessoas que fazem uso de um tipo de imunossupressor biológico tiveram risco menor de evoluir para as formas graves da infecção pelo novo coronavírus, por essa medicação agir no controle do processo inflamatório. "Os pacientes que fazem uso de anti-TNF apresentaram menor frequência de formas graves, quando comparado com quem não tomava", esclarece a médica. Atualmente, o estudo conta com 1.024 pacientes acompanhados no Brasil e segue avaliando o impacto da covid-19 nos pacientes de doenças reumáticas, analisando fatores como o uso de medicamentos e tipos de sintomas apresentados e a forma como cada doença reumática impacta no desenvolvimento da covid-19.
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