A média móvel de casos da covid-19 em Pernambuco voltou a aumentar: entre a sexta-feira (30) e 14 dias atrás, o número de infectados confirmados teve alta de 34%. O governo de Pernambuco diz que a análise mais fiel é aquela que considera os casos graves pelo dia de notificação. Se assim compararmos as semanas 43 (18/10 a 24/10) e 42 (11/10 a 17/10), observando as positividades para covid-19 entre os confirmados, percebemos aumento de 26,6% entre a última semana e a anterior a ela, com 171 e 135 casos, respectivamente. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) tem registrado aumento nos atendimentos para casos suspeitos de covid-19 no Recife. Houve dias, na última semana epidemiológica (25 a 31 de outubro), em que o Samu chegou a apresentar uma média móvel de 16 envios de ambulâncias para quadros respiratórios — número maior do que o indicador do início da semana anterior, a 43 (18 a 24 de outubro), que terminou com o indicador de 11,3.
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No dia 23 de outubro, nesta coluna Saúde e Bem-Estar, publicamos alerta dos médicos para aumento de casos no Recife. Foram relatos qualificados. Naquela data, o governo de Pernambuco destacou que o Estado estava com os menores registros desde março e que não havia indicativos de aumento no número de casos da doença nas redes privada e pública.
No dia 27 de outubro, em reunião com representantes de hospitais privados, o secretário estadual de Saúde, André Longo, reconheceu o fato que havíamos questionado anteriormente: "Com a reabertura das atividades econômicas e o retorno da intensa circulação de pessoas, alguns serviços da rede privada nos relataram maior procura de pacientes com quadros respiratórios leves na última semana."
Estado e Prefeitura do Recife falam que passamos por um momento de flutuações, o que pode ocorrer após o pico da pandemia. Sim, é possível; e não se trata de 2ª onda da infecção, até porque estamos com números bem menores do que tivemos no auge da covid-19. Mas são números maiores do que a fase em que tivemos em período de tendência de queda ou estabilidade. Isso, por mais que seja esperado, precisa ser reconhecido para se reforçar o alerta. Mais uma vez, não falamos sobre esse incremento de casos como 2ª onda da doença. Mas essa percepção deve levar a uma orientação mais clara, que é bem-vinda porque gera um maior cuidado entre as pessoas.
Na sexta-feira (30), o governo de Pernambuco divulgou depoimento do epidemiologista Wanderson Oliveira sobre o cenário da covid-19. Ele disse considerar que o Estado continua em "fase de desaceleração" e que pequenas oscilações em algumas semanas são esperadas. "Historicamente em Pernambuco, daqui a três semanas, deve ter possivelmente um novo aumento", disse Wanderson.
Segundo a SES, ele ratificou que esse possível aumento, de acordo com dados de anos anteriores, está ligado a infecções respiratórias por diversos agentes. Não nos lembrávamos de o Estado vivenciar sazonalidade dessas doenças em novembro. Mas a SES ressalta que, considerando novembro em Pernambuco, houve sazonalidade de adenovírus em 2017; de influenza B em 2018; de influenza B e metapneumovírus em 2019.
Continuamos a seguir o radar da Saúde Pública, que diz que, nesta pandemia, evidências e relatos qualificados não devem diminuir a covid-19. Afinal, os números mostram o quanto o novo coronavírus predomina entre demais agentes respiratórios: das 12.925 mortes por síndrome respiratória aguda grave em Pernambuco, 69,6% positivaram para covid-19.
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