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Adoecimento pelo novo coronavírus tem alta de quase 40% no Recife

Acréscimo considera a comparação das semanas 42 e 44, que inclui o feriadão de 12 de outubro

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 01/11/2020 às 22:05 | Atualizado em 01/11/2020 às 22:16
ANDRÉA RÊGO BARROS/DIVULGAÇÃO PCR
BOLETIM No balanço diário, Recife também voltou a aparecer em primeiro lugar entre as cidades pernambucanas com maior número de internados e confirmados para covid-19. - FOTO: ANDRÉA RÊGO BARROS/DIVULGAÇÃO PCR

Neste mês em que o Recife completa cerca de 240 dias de convivência com a covid-19, observa-se uma alta em indicadores como casos, óbitos e ocupação de leitos, que vinham em quedas consecutivas há semanas. Em comparação com dados de 14 dias anteriores, que compreende o período do feriadão de Nossa Senhora Aparecida, há um aumento de 39,6% nos casos gerais confirmados (saiu de 356 na 42ª semana epidemiológica para a 497 na 44ª, que terminou no último sábado). Também houve incremento de 57,14% nos registros de síndrome respiratória aguada grave (srag) por covid-19 no mesmo período, saindo de 28 para 44. Ainda na capital, considerando as datas em que as mortes foram confirmadas no boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde do Recife (Sesau), a alta foi de 30,7%, com 13 óbitos na 42ª semana e 17 na 44ª.

Outro detalhe que traz alerta é que, no sábado (31), o boletim confirmou 10 novas mortes por covid-19 - e todas ocorridas na segunda quinzena de outubro, entre os dias 18 e 28 (ou seja, nas 43ª e 44ª semanas). Fazia tempo que o Recife, no balanço diário, não trazia um acumulado de confirmações de óbitos num só dia. A reportagem do JC entrou em contato com a assessoria de imprensa da Sesau para saber como a secretaria analisa esse indicador, mas ficou sem resposta. Em meio a esse cenário, o número de pacientes internados também voltou a aumentar no único hospital de campanha municipal que permanece funcionando completamente: o Provisório Recife 1, localizado na Rua da Aurora, em Santo Amaro, área central do Recife. Neste domingo (1º), segundo a Sesau, 76 pessoas com suspeita ou confirmação de covid-19 permaneciam em vagas de terapia intensiva (UTI) na unidade. Há duas semanas (dia 18/10), o hospital estava com 45 pacientes em UTI. O aumento foi de 68,8%. Vale frisar que os leitos do Hospital Provisório Recife 1 também recebem moradores de outros municípios pernambucanos.

Os indicadores do Estado, quando se comparam as semanas 42 e 44, também revelam aumento. Os casos gerais do novo coronavírus saíram de 2.925 para 3.673, representando um incremento de 25,5%. O número de pessoas que evoluiu para a forma grave da infecção saltou de 162 para 175 (8%); os óbitos, de 72 para 85 (18%). Desde a segunda quinzena de outubro, profissionais de saúde fazem alerta para aumento de casos no Recife. Naquele perído, o governo de Pernambuco destacou que o Estado estava com os menores registros desde março e que não havia indicativos de incremento no número de casos da doença nas redes privada e pública.

No dia 27 de outubro, em reunião com representantes de hospitais privados, o secretário Estadual de Saúde, André Longo, reconheceu que, com a reabertura das atividades econômicas e o retorno da intensa circulação de pessoas, alguns serviços da rede privada tinham relatado maior procura de pacientes com quadros respiratórios leves. O governo do Estado e a Prefeitura do Recife, quando questionados sobre essa percepção de alta da covid-19, ressaltam que se trata de um momento de flutuações da curva epidêmica.

"Durante o processo de convivência, flutuações podem acontecer, porque o vírus continua circulando de forma sustentada no Estado, mas, até agora, essas oscilações estão dentro de um patamar de controle, sem tendência clara de aumento ou de uma segunda onda", disse André Longo, em coletiva de imprensa na última semana. Dessa forma, o secretário ressalta que não se pode tomar medidas pela impressão de apenas uma semana. "Precisamos ter a configuração de tendência em períodos maiores. Também nunca analisamos um número de forma isolada, pois temos um conjunto de indicadores que são avaliados para que possamos melhor compreender a evolução da doença", acrescentou.

Ainda sobre os adoecimentos das últimas semanas, Longo comentou que o aumento de casos respiratórios pode ter sido em decorrência de diversas doenças. "Foram provocados, muito provavelmente, por causa das aglomerações e falta de cuidado no feriadão de 12 de outubro. Por isso, esse processo de retomada a uma normalidade possível não pode fazer com que as pessoas baixem a guarda: a falsa sensação de que tudo está normal não pode nos trazer o sentimento de que a pandemia acabou", frisou o gestor, que alertou para a conscientização de todos sobre a importância de se usar a máscara, lavar as mãos e respeitar o distanciamento social, evitando as aglomerações.

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