Com o novo aumento do número de casos da covid-19 nos últimos dias, a taxa de ocupação dos 829 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para pacientes com diagnóstico ou suspeita de covid-19 na rede pública de saúde do Estado passou de 85% no dia 1º de dezembro para 87% neste domingo (6), de acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE).
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Na avaliação de especialistas, o índice representa um sinal de alerta urgente para que o governo do Estado repense as medidas de restrição sanitária. "Nós já vínhamos alertando que a situação não era de controle, embora o Estado dissesse o contrário. O plano de flexibilização das atividades continuou correndo sem associação com os indicadores de gravidade que a gente apontava. Também vieram as eleições municipais. A situação hoje é de alerta máximo! O Estado já deveria ter tomado medidas a respeito de fiscalização e retrocesso do plano de flexibilização", disse a médica sanitarista Bernadete Perez, vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).
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Segundo a sanitarista, para que haja segurança no enfrentamento à pandemia, a taxa de ocupação de leitos de UTI não deveria ultrapassar os 60%.
"Em regra geral, consideramos o ideal abaixo de 60% de ocupação, junto de indicadores de estabilidade como taxa de reprodução menor que 0,5, ampliação dos números de testagem, com 80% dos diagnósticos sendo feitos nos próprios municípios, e uma vigilância maior no rastreamento e isolamento de casos. Quando a ocupação de leitos de UTI alcança de 80% a 90%, é praticamente um colapso", avaliou.
A reportagem tentou entrar em contato com a SES-PE, na noite deste domingo (6), para saber se a alta na taxa de ocupação de leitos de UTI motivará mudanças nas medidas de restrição, mas não houve resposta.
Em Pernambuco, os índices de ocupação de UTI na rede pública se mantêm maiores do que 80% desde a primeira quinzena de novembro. O Estado chegou a reativar 184 leitos nos últimos dias do mês passado, incluindo UTI e enfermaria. O governo estadual também solicitou ao Ministério da Saúde a prorrogação de custeio da manutenção de 317 leitos de UTI voltados a pacientes que apresentam suspeita ou confirmação da infecção pelo novo coronavírus. A pasta anunciou, no dia 30, que a continuidade no financiamento dessas vagas conta com investimentos de R$ 15,2 milhões para nove municípios pernambucanos. São eles: Recife; Cabo de Santo Agostinho, Jaboatão dos Guararapes e Olinda (Região Metropolitana); Caruaru e Garanhuns (Agreste); Araripina, Arcoverde e Serra Talhada (Sertão).
Novos casos de covid-19 em Pernambuco
O boletim epidemiológico divulgado ontem pela Secretaria de Saúde trouxe 765 novos diagnósticos da covid-19 no Estado, sendo 22 (2,9%) casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e 743 (97,1%) considerados leves. Também foram confirmados laboratorialmente oito novos óbitos, de quatro mulheres e quatro homens, registrados entre os dias 5 de outubro e 4 de dezembro.
As novas mortes são de pessoas que moravam em Jaboatão dos Guararapes (2), Paulista (1), Recife (4) e Terra Nova (1). As faixas etárias são: 50 a 59 (2), 60 a 69 (1), 70 a 79 (1) e 80 ou mais (5). Do total, seis tinham doenças pré-existentes: doença cardiovascular (5), diabetes (4), doença de Alzheimer (2) e hipertensão (1) - um paciente pode ter mais de uma comorbidade. Os demais estão em investigação.
Agora, Pernambuco tem 190.415 casos confirmados da doença, sendo 28.276 graves e 162.139 leves, que estão distribuídos por todos os 184 municípios pernambucanos, além do arquipélago de Fernando de Noronha. Além disso, o boletim registra um total de 167.843 pacientes recuperados da doença. Destes, 18.019 eram pacientes graves, que necessitaram de internamento hospitalar, e 149.824 eram casos leves. Os óbitos somam 9.148.
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