Imunização

Veja o que se sabe sobre as vacinas e a variante Delta da covid-19

Vários estudos em laboratório mostram que a variante Delta (antes chamada "variante indiana") parece mais resistente às vacinas que outras mutações. É o que se conhece como "escape imunológico". Entenda

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AFP

Publicado em 16/06/2021 às 15:37
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Diante da variante Delta da covid-19, cujo avanço no mundo é preocupante, as vacinas são menos eficazes, mas a proteção contra a doença continua sendo importante, desde que as duas doses sejam aplicadas.

Vários estudos em laboratório mostram que a variante Delta (antes chamada "variante indiana") parece mais resistente às vacinas que outras mutações. É o que se conhece como "escape imunológico".

De acordo com um estudo, coordenado pelas autoridades britânicas e publicado no início de junho na revista The Lancet, nas pessoas vacinas com as duas doses da Pfizer/BioNTech o nível de anticorpos neutralizantes é quase seis vezes menos elevado na presença da variante Delta que com a cepa originária, que foi usada para desenvolver as vacinas.

Em comparação, esta redução é de 2,6 vezes a respeito da variante Alpha ("britânica") e 4,9 vezes ante a variante Beta ("sul-africana").

Outro estudo, do Instituto Pasteur na França, conclui que os anticorpos neutralizantes depois da aplicação da vacina Pfizer/BioNTech são de três a seis vezes menos eficazes contra a variante Delta que contra a Alpha.

Os níveis de anticorpos registrados em laboratório são um indicador essencial, mas não suficiente para determinar a eficácia de uma vacina. Não se leva em consideração a outra face da resposta imunológica, a imunidade celular.

Por este motivo existe a importância de analisar o que acontece na vida real. E os resultados são bem mais tranquilizadores.

De acordo com dados apresentados na segunda-feira pelas autoridades britânicas, a vacinação com a Pfizer/BioNTech e com AstraZeneca são igualmente eficazes para impedir a hospitalização tanto para a variante Delta como para a Alpha.

Duas doses permitem evitar em 96% (para Pfizer/BioNTech) e 92% (para AstraZeneca) a internação pela variante Delta, segundo o estudo com 14.000 pessoas.

Dados anteriores das autoridades britânicas apresentaram conclusões parecidas para formas menos graves da doença.

Duas semanas depois da segunda dose, a vacina Pfizer/BioNTech é 88% eficaz contra a forma sintomática da covid-19 devido à variante Delta, contra 93% quando se trata da variante Alpha. A AstraZeneca demonstrou eficácia 60% e 66% contra estas mutações.

Os criadores da vacina russa Sputnik V afirmaram na terça-feira no Twitter que seu fármaco era "mais eficaz contra a variante Delta" que qualquer outro, mas não publicaram os dados.

Os estudos convergem em um ponto: apenas uma dose oferece uma proteção limitada contra a variante Delta.

"Após uma dose da Pfizer/BioNTech, 79% das pessoas tinham uma resposta de anticorpos detectável contra a cepa original, mas esta caía a 50% para a variante Alpha, 32% para a variante Delta e 25% para a variante Beta", conclui o estudo em laboratório publicado na revista The Lancet.

A pesquisa do Instituto Pasteur indica que apenas uma dose da AstraZeneca seria "pouco ou nada eficaz" contra a variante Delta.

Estas tendências são confirmadas na vida real: segundo as autoridades britânicas, apenas uma dose de qualquer uma das vacinas tem eficácia de 33% para impedir a forma sintomática da doença causada pela Delta (e 50% para a variante Alpha).

Entre todos os imunizantes autorizados, apenas o do laboratório Janssen é de dose única. No momento não há dados sobre sua proteção para a variante Delta.

Para frear a propagação desta variante, 60% mais transmissível que a Alpha segundo as autoridades britânicas, os cientistas insistem na importância da vacinação completa, com duas doses.

Criar este "bloco de vacinados", nas palavras do presidente do Conselho Científico francês Jean-François Delfraissy, tem um segundo objetivo: impedir o surgimento de outras variantes entre a população que está parcialmente ou nada protegida.

A perspectiva que preocupa mais é o surgimento de outras mutações do vírus, mais resistentes às vacinas.

"Mas não se deve basear tudo na vacinação", declarou à AFP o epidemiologista Antoine Flahault.

Ele considera crucial "manter a circulação do vírus muito baixa", com outras medidas de controle (detecção de casos, medidas de restrição, etc), pois quanto mais circula o vírus, mais possibilidades de mutação e maior possibilidade de outras variantes.

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