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Covid-19: Terceira dose da vacina terá que ser para toda a população, diz secretário de Saúde de Pernambuco

Para André Longo, é natural que a dose de reforço seja feita gradualmente, de forma decrescente, por faixa etária

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 25/08/2021 às 21:01
MYKE SENA/MS
Pernambuco já aplicou 13.021.829 doses de vacinas contra a covid-19 - FOTO: MYKE SENA/MS
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A temática da aplicação da terceira dose da vacina contra a covid-19 levanta a discussão sobre os grupos que devem ser priorizados para receber essa dose de reforço. Ao reconhecer que os anticorpos diminuem seis meses após a finalização do esquema vacinal (e isso vale para todos os imunizantes), o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, acredita que toda a população terá que tomar a terceira dose, e não apenas os idosos e pessoas com dificuldades no sistema imunológico (imunossuprimidas). "Isso será inevitável. E é natural que se faça isso de forma decrescente, por faixa etária, e atendendo a públicos vulneráveis e de maior importância dentro do contexto pandêmico", disse ontem o secretário, em coletiva de imprensa, no Palácio do Campo das Princesas, no bairro de Santo Antônio, área central do Recife. 

Além disso, o secretário informou que, em Pernambuco, a proposta inicial seguirá o que vem sendo apresentado pelo Ministério da Saúde: aplicar a terceira dose nos idosos. "No Estado, temos a expectativa de vacinar, com a terceira dose, todo o contingente de idosos e imunossuprimidos. Isso dá uma população superior a 1,2 milhões de de pessoas, entre idosos acima de 60 anos. Estudos mostram que essa vulnerabilidade (queda mais acentuada dos anticorpos) começaria aos 55 anos. Então, vamos ter que debater isso também." 

Outro ponto que André Longo defende é a necessidade de aplicar a dose de reforço nos trabalhadores da saúde, que foram os primeiros a tomar a vacina nesta campanha. "É preciso lembrar que eles foram vacinados em janeiro e fevereiro. São muito importantes na linha de frente; vamos aguardar uma posição do Ministério da Saúde em relação a esse grupo. Em Pernambuco, temos a preocupação central com esses profissionais, essenciais na atenção e na assistência às pessoas", frisou Longo. Na tarde desta quarta-feira (25), ele participou de reunião do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), com a presença do ministro Marcelo Queiroga. "Propus um debate sobre a temporalidade (passados os 6 meses da segunda dose) ser também um critério para o reforço, o que contemplaria os trabalhadores da saúde. Mas a decisão da Câmara Técnica, que assessora o Programa Nacional de Imunizações (PNI), foi iniciar com idosos e imunossuprimidos, dando continuidade aos estudos sobre os demais critérios e grupos", informou Longo. 

Nesta quarta-feira (25), em coletiva de imprensa, Marcelo Queiroga afirmou que o imunizante utilizado, na terceira dose, será o da Pfizer. “Vamos fazer com vacina da Pfizer porque ela foi testada em regimes de intercambialidade (uso de diferentes marcas em distintas doses), porque está aprovada na maioria das agências sanitárias do mundo e porque o ministério se programou para adquirir uma quantidade expressiva, que tem chegado em tempo que nos dá segurança”, justificou.

O Ministério da Saúde informou que a aplicação da dose de reforço da vacina contra a covid-19 será iniciada na segunda quinzena de setembro a todos os indivíduos imunossuprimidos após 28 dias da segunda dose e para as pessoas acima de 70 anos vacinados há seis meses. 

Gravidade

Levantamento feito pela Secretaria Estadual de Saúde (SES) aponta que, no mês de julho, 58% dos registros de casos graves da covid-19 em Pernambuco foram em pessoas não vacinadas e 31,6% eram pacientes que só tomaram uma dose do imunizante, sem completar o esquema vacinal. Os números foram apresentados pelo secretário André Longo durante a coletiva de imprensa.

“Estes dados dão a real dimensão da importância de se vacinar contra a covid-19. A vacinação, com o ciclo completo, é a melhor estratégia para evitarmos casos graves e mortes pelo coronavírus. E, como a vacinação é uma ação de saúde coletiva e nenhum imunizante tem 100% de eficácia, precisamos do maior número de pessoas vacinadas, bem como a manutenção do cuidado, para diminuir a circulação do vírus e garantir proteção a todos”, destacou Longo.

O gestor estadual ainda reforçou a importância da imunização para conter a proliferação da variante delta do coronavírus. "As vacinas contra a covid-19 são seguras e protegem. Se seguirmos as regras sanitárias e avançarmos na vacinação, teremos mais chances de evitar casos graves e óbitos. Com a circulação da variante delta em diversos Estados do País e a confirmação de casos locais em Pernambuco, precisamos reforçar ainda mais a importância da imunização e de finalizar o esquema com as duas doses no tempo preconizado", completou.

O levantamento da Secretaria Estadual de Saúde (SES) foi feito a partir do cruzamento de dois sistemas de informação. O Notifica PE, sistema próprio do Estado, que agrega as notificações dos casos graves pela Covid-19, e o Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI), que é um ambiente online do Governo Federal com os registros de vacinados. Ao todo, no mês de julho, foram registradas 746 pacientes internados com quadros graves da covid-19 no Estado. 

FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
PRIORIDADE A técnica de enfermagem Perpétua do Socorro Barbosa recebeu a 1ª dose da vacina em 18 de janeiro - FOTO:FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

"É preocupante a situação", diz secretário sobre baixa adesão de gestantes à vacina contra covid em Pernambuco

Nesta entrevista à Cinthya Leite, o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, fala sobre a importância da terceira dose contra o coronavírus para os idosos e profissionais de saúde, além de destacar o quanto tem se preocupado com a baixa cobertura vacinal entre as gestantes

JORNAL DO COMMERCIO - O senhor anunciou hoje que o público idoso a partir dos 70 anos superou a meta de vacinação contra covid-19, já considerando o esquema completo, com 92% deles totalmente imunizados. Agora, qual o maior desafio com esse grupo? 

ANDRÉ LONGO - Atingir a meta significa que essa população está mais protegida. Por outro lado, as evidências começam a mostrar que a gente vai precisar fazer um esforço adicional para esse grupo, que é a aplicação da terceira dose contra covid-19. Vamos nos preparar para fazer a aplicação nessa faixa etária, mas sem esquecer que a gente ainda precisa se preocupar em atingir meta nas pessoas entre 60 e 69 anos; estamos perto disso (85% desse grupo etário estão completamente imunizados em Pernambuco; a meta é 90%). Muitos deles ainda não finalizaram o esquema vacinal porque estão aguardando o intervalo adequado para isso. Mas a nossa ideia é que possamos fazer essa dose de reforço para todos esses idosos. Os trabalhos têm mostrado, inclusive, a necessidade de vacinar com essa terceira dose até a população menor que 60 anos. Então, temos que fazer um esforço adicional, junto com os municípios. Além disso, precisamos trabalhar com a quantidade de doses que o Ministério da Saúde disponibilizar. Não podemos comprometer, em nome de uma terceira dose, a primeira e a segunda dose de quem já esta em curso no processo vacinal. Então, temos que equilibrar isso. Nesta quinta-feira (26), temos reunião com o nosso Comitê Técnico Estadual e a Comissão Intergestora Bipartite (reúne representantes da Secretaria Estadual de Saúde e gestores das secretarias municipais de Saúde), a fim de já começar a fazer o detalhamento desse trabalho, da vacinação de terceira dose para os idosos. Ficamos felizes de ter batido meta da vacinação a partir dos 70 anos e agora queremos avançar na terceira dose.  

JORNAL DO COMMERCIO - E como fica a dose de reforço para os profissionais de saúde? Eles continuam expostos à covid-19 e já passam de seis meses, em sua maioria, da aplicação da segunda dose...

ANDRÉ LONGO - Para nós, priorizar esses trabalhadores na aplicação da terceira dose é fundamental. Temos procurado discutir essas questões de forma tripartite. Acredito ser essencial que esse público tome logo a terceira dose. É um grupo em que nem todo mundo é jovem, mas todos estão mais expostos. Eles foram os primeiros a ser vacinados; a maioria em janeiro e fevereiro. Então, precisamos que o mesmo olhar com idosos seja direcionado aos trabalhadores da saúde. A ideia, sim, é coloca-los em pauta neste primeiro momento, junto com imunossuprimidos e idosos. Propus, na tarde desta quarta-feira (25), em reunião do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), com a presença do ministro Marcelo Queiroga, um debate sobre a temporalidade (passados os 6 meses da segunda dose) ser também um critério para o reforço, o que contemplaria os trabalhadores da saúde. Mas a decisão da Câmara Técnica, que assessora o Programa Nacional de Imunizações (PNI), foi iniciar com idosos e imunossuprimidos, dando continuidade aos estudos sobre os demais critérios e grupos. 

JORNAL DO COMMERCIO - Na terça-feira (24), publicamos uma reportagem em que mostra como está baixa a adesão das gestantes à vacinação contra covid-19. Como isso preocupa o governo? Pretende-se fazer alguma campanha para alertar esse público e os profissionais de saúde? 

ANDRÉ LONGO - As mulheres grávidas são um grupo importante. A mortalidade materna cresceu muito este ano, em comparação com 2020. É um público muito vulnerável, e isso agora está muito claro para todos. Precisamos cuidar das gestantes. Pernambuco foi pioneiro em não interromper a vacinação das mulheres grávidas, mesmo quando teve decisão nacional pra isso. Somos o Estado que devemos estar melhor na cobertura vacinal desse público. Mesmo assim, temos casos de srag (síndrome respiratória aguda grave) entre as gestantes. É preocupante a situação, e a gente precisa cuidar. A questão é que se gerou um receio nesse público, devido à situação com a AstraZeneca (foi suspensa a aplicação nesse grupo, após morte por acidente vascular cerebral de um grávida que recebeu a dose). Isso certamente repercutiu e tem dificultado avançar no cumprimento da meta. Mas é fundamental o trabalho de quem faz o pré-natal: enfermeira obstetra, ginecologistas, obstetras... Eles devem orientar as gestantes sobre os benefícios da vacina (a da Pfizer), que praticamente não oferece risco. A gravidade está em não aplicar a vacina, em desenvolver quadro de srag, em comprometer a vida da mãe e criança. E as complicações da covid-19, principalmente no ultimo trimestre da gestação, é muito grande. Vamos, sim, vamos fazer outra campanha para incentivar a gestante a se imunizar. 

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