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Covid-19: em Pernambuco, 98 crianças e adolescentes estão internados em leitos públicos; número reforça necessidade da vacinação

Autoridades sanitárias e entidades médicas não deixam de reconhecer que, para o controle da cadeia de transmissão do coronavírus, é necessária ampla cobertura vacinal para todas as faixas etárias contempladas pela imunização

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Cadastrado por

Cinthya Leite

Publicado em 18/09/2021 às 14:38 | Atualizado em 18/09/2021 às 14:41
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Pernambuco tem atualmente 712 pessoas com sintomas sugestivos de covid-19 internadas em leitos públicos (enfermaria e terapia intensiva) voltados à síndrome respiratória aguda grave (srag). Desse total, 98 casos são referentes à faixa etária pediátrica: até os 19 anos. Esse recorte da hospitalização, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES), revela que, apesar de a maioria das crianças e adolescentes apresentar formas leves ou assintomáticas da covid-19, eles não estão isentos de formas graves da infecção, como srag e a síndrome inflamatória multissistêmica. Assim, em meio à retirada da recomendação da aplicação da vacina contra covid-19 para adolescentes, pelo Ministério da Saúde, autoridades sanitárias e entidades médicas felizmente não deixam de reconhecer que, para o controle da cadeia de transmissão da doença, é necessária uma ampla cobertura vacinal para todas as faixas etárias contempladas pelas vacinas licenciadas no Brasil.

Pernambuco mostra que se mantém firme na mobilização contra o coronavírus, sem deixar de dar continuidade à imunização dos adolescentes, de 12 a 17 anos, com e sem comorbidades. Os benefícios da vacinação de adolescentes superam (e muito) os riscos. A incidência de eventos adversos graves, como miocardite, é de 16 por milhão de pessoas que recebem duas doses da vacina. A própria covid-19 pode causar danos cardíacos em adultos e adolescentes, com frequência mais elevada. Por isso, suspender a vacinação de adolescentes, neste momento, pode prejudicar o controle da pandemia no Brasil e mais ainda: gerar insegurança quanto ao uso dos imunizantes e consequentemente fazer cair, ainda mais, a taxa de cobertura vacinal para outras doenças.

Dessa forma, autoridades e especialistas esperam que o Ministério da Saúde reconsidere o posicionamento, especialmente considerando a inexistência de evidências científicas contrárias ao uso da Pfizer em adolescentes. Na sexta-feira (17), a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo informou, inclusive, que a morte de uma adolescente de 16 anos, que morava em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, foi decorrente de uma doença autoimune. O óbito, que ocorreu no último dia 2 de setembro, foi um dos motivos que levaram o Ministério da Saúde a retirar a recomendação de aplicação de doses contra covid-19 entre 12 e 17 anos. "A Secretaria de Estado da Saúde concluiu o diagnóstico de doença autoimune em adolescente de 16 anos, que havia sido vacinada contra covid-19 em São Bernardo do Campo e faleceu sete dias depois. As análises técnicas indicam que não é a vacina a causa provável do óbito, e sim a doença identificada com base no quadro clínico e em exames complementares, denominada púrpura trombótica trombocitopênica (PPT)", diz a nota da secretaria. A investigação considerou análise feita por 70 pesquisadores.

Ontem, em Pernambuco, o Comitê Técnico Estadual para Acompanhamento da Vacinação decidiu, por unanimidade, manter com Pfizer a vacinação contra a covid-19 em adolescentes com e sem comorbidades. O comitê pactuou a decisão a partir de análise técnica e de decisões anteriores sobre o assunto, embasadas no arcabouço científico da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ,da Organização Mundial de Saúde (OMS) e dos posicionamentos da Sociedade Brasileira de Imunizações e da Sociedade Brasileira de Pediatria. Ficou definido ainda que os membros do comitê irão elaborar documento salientando a importância e a necessidade do Ministério da Saúde (MS) reconhecer o grupo de adolescentes como elegíveis para imunização, pois também têm risco de adoecimento e podem transmitir a doença, e que o órgão federal passe a ofertar doses de vacina para dar seguimento à campanha nos Estados.

Após a ratificação da Anvisa sobre a necessidade de se manter a proteção dessa população, o Comitê Técnico enxerga a obrigação do órgão federal de garantir a oferta de imunizantes aos Estados brasileiros, tendo em vista que a Anvisa e a OMS não fizeram objeção sobre a proteção deste público. "Com a decisão do Comitê Técnico Estadual para Acompanhamento da Vacinação, queremos acalmar nossa população e trazer uma mensagem de amparo na ciência. Pernambuco está atuante para fazer o que for possível para que a vacinação siga, tranquilizando os adolescentes, pais e responsáveis por esses jovens", reforça o secretário Estadual de Saúde, André Longo.

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