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Por que roncamos ao dormir de barriga para cima? Especialista responde

Deitar-se nesta posição pode ter efeito sobre o organismo

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Cadastrado por

Cinthya Leite

Publicado em 25/09/2021 às 7:04
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Qual a sua posição preferida para dormir? Há quem diga que a postura mantida na cama pode refletir traços de personalidade ou apenas estar relacionado a uma questão de conforto. Poucos sabem, contudo, que o posicionamento no decúbito pode ter efeito sobre o funcionamento do organismo, principalmente para quem tem problemas respiratórios. 

Deitar-se de barriga para baixo, por exemplo, favorece a oxigenação do sangue. Existem diversos mecanismos que levam a esse efeito, incluindo uma menor compressão pelos órgãos abdominais nas regiões das bases dos pulmões e uma melhor distribuição de ar nos alvéolos pulmonares. Por essa razão, a posição é bastante utilizada para promover melhora na oxigenação de pacientes com doenças pulmonares, como a covid-19.

A posição de lado costuma ser bastante recomendada para manter o alinhamento da coluna, mas pode apresentar algumas particularidades em grupos específicos como as gestantes. Com o crescimento do bebê, a veia cava inferior, que leva o sangue para o coração, começa a sofrer compressão quando se deita sobre o lado direito do corpo, motivo pelo qual em geral as grávidas são orientadas a dormir sobre o lado esquerdo para favorecer a circulação.

Assim como nas demais posições, deitar-se de barriga para cima também pode ter efeito sobre o organismo. Ao dormir, a musculatura relaxa, e a ação da gravidade sobre a língua e a mandíbula pode facilitar o estreitamento da via aérea superior causando ronco ou até mesmo episódios de obstrução com interrupção da respiração em alguns indivíduos propensos, uma condição chamada de apneia obstrutiva do sono.

A apneia do sono ou ronco podem ocorrer exclusivamente nessa posição (apneia posicional), de maneira que a mudança de decúbito resolva total ou parcialmente o problema, segundo explica o médico Alan Eckeli, professor de neurologia e medicina do sono da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP). Distúrbio comum, a apneia afeta um em cada três brasileiros e está relacionada à pior qualidade de vida e de sono, além de problemas de saúde como hipertensão arterial, diabetes e doenças cardiovasculares.

Em muitos casos, de acordo com Alan Eckeli, apesar de as apneias ocorrerem predominantemente na posição de barriga para cima (supina), a condição se mantém em outras posições e precisa ser tratada para evitar que as interrupções na respiração privem o corpo e o cérebro de oxigênio.

A indicação de tratamento mais comum para pacientes com apneia do sono moderada ou grave é o uso de terapia com CPAP - sigla para pressão positiva nas vias aéreas. O equipamento gera um fluxo de ar que pressuriza a via aérea através de uma máscara, promovendo a desobstrução.

Graças à tecnologia, hoje já existem diversas opções de máscaras no mercado para permitir aos pacientes em tratamento dormir na sua posição de preferência ou movimentar-se na cama com mais liberdade. A empresa ResMed oferece soluções para o tratamento da apneia do sono, como a AirFitTM N30 - uma máscara nasal de design anatômico e com mínimo contato com a face, e a AirFitTM F30i - um modelo oronasal com a conexão ao tubo de ar no topo da cabeça, para permitir ao paciente dormir em qualquer posição.

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