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Ressurgimento da dengue tipo 2 em Pernambuco traz grande preocupação com a proximidade do verão

O sorotipo DENV2 (dengue tipo 2) foi detectado em 23 municípios pernambucanos, além de Fernando de Noronha

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Cinthya Leite

Publicado em 08/10/2021 às 17:38 | Atualizado em 17/03/2022 às 17:58
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Em Pernambuco, os mais de 45 mil casos suspeitos de dengue deste ano foram registrados em 183 municípios. Entre eles, 147 confirmaram casos: 32 estão em situação de média incidência e 37 em alta incidência. O diagrama de controle da infecção mostra que, neste ano, o coeficiente de incidência de casos prováveis de dengue, no Estado, encontra-se acima do limite de casos esperados. O total de casos suspeitos (45.209) da doença deste ano (considerando dados até 25/9) representa um aumento de 43,3%, em comparação com o mesmo período de 2020. 

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Chama a atenção, no boletim epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde (SES), o fato de ter sido detectado este ano, até o momento, o sorotipo DENV2 (dengue tipo 2) em 23 municípios pernambucanos, além de Fernando de Noronha. São eles: Água Preta, Amaraji, Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Chã Grande, Custódia, Feira Nova, Gameleira, Goiana, Gravatá, Igarassu, Ipojuca, Jaboatão dos Guararapes, Lagoa dos Gatos, Limoeiro, Paudalho, Paulista, Petrolina, Recife, São José do Belmonte, São Lourenço da Mata, Tamandaré e Vitória de Santo Antão. E até então, dos quatro sorotipos de dengue, apenas o tipo 2 foi identificado em Pernambuco. 

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O tipo 2 da dengue exige maior cuidado porque, segundo especialistas, há possibilidade de se repetir a situação que se enfrentou anos atrás (na década de 1990, o DEN2 trouxe os casos de dengue com hemorragia). Um detalhe importante é que atualmente são poucas as pessoas imunes ao sorotipo 2 em Pernambuco, pois já se passou bastante tempo do período em que ele circulou com intensidade no Estado. "O DEN2 fica sempre como ameaça. Temos hoje um volume expressivo de pessoas, no Estado, que nunca foram expostas a esse sorotipo, o que revela maior risco de adoecimento”, explica o médico Carlos Brito, que é membro do Comitê Técnico de Arboviroses do Ministério da Saúde.

O depoimento dele faz lembrar que existem quatro sorotipos de dengue (ou seja, é possível ter a doença quatro vezes ao longo da vida) e que geralmente, de acordo com registros médicos, a segunda infecção é mais grave do que a primeira. 

Outro detalhe destacado por Carlos Brito é que há uma parcela importante da população, no Estado, que já foi exposta a outros sorotipos: o DEN1, o DEN3 e o DEN4. Esse cenário requer vigilância mais reforçada porque pode mudar o cenário de gravidade (da doença), já que o sistema imunológico é mais suscetível a complicações de dengue quando ocorre uma segunda infecção.

A pesquisadora Marli Tenório, da Fiocruz Pernambuco, faz recordar que o DEN2 predominou, em Pernambuco, nos anos de 1995 e 1996. "Ele circulou também em 1997, mas foi o DEN1 que se destacou entre os infectados. Em 2005, o DEN2 sumiu, dando lugar ao DEN3 e DEN1", diz Marli. Segundo a SES, de 2015 (quando houve a tríplice epidemia, com alta de dengue, zika e chicungunha) até 2020, o DEN2 não predominou em circulação, embora aparecesse nas amostras. Este ano, ele desponta de forma isolada nas análises. 

Em Pernambuco, as arboviroses merecem atenção durante todo o ano. O Estado tem um clima bastante favorável à proliferação do Aedes aegypti. As chuvas constantes e temperaturas elevadas tornam-se os fatores perfeitos para reprodução do Aedes aegypti, e essa combinação se intensifica no verão. A principal forma de prevenção contra os arbovírus é não deixar o mosquito nascer. Para isso, é preciso a adoção de medidas para evitar a proliferação do Aedes: manter caixa d'água, baldes e demais recipientes para armazenamento de água bem vedados, e sempre vistoriá-los.

A dengue chama atenção pela possibilidade de evoluir rapidamente ao óbito. No entanto, é possível identificar sinais de agravamento da doença. Após a fase febril, podem aparecer sinais de dores abdominais intensa, vômitos persistentes e pele pegajosa e fria. Esses sintomas precisam ser valorizados, e o paciente deve ser levado para unidade de saúde.

Não existe tratamento específico para as infecções ocasionadas pelas arboviroses. A orientação é que, surgindo qualquer sintoma, é preciso  ir a uma unidade de saúde, onde, após análise do quadro, os profissionais indicam a conduta adequada. Além disso, o paciente deve manter repouso e ingerir bastante líquido durante os dias de manifestação desses sinais. 

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