Por Eduardo Jorge da Fonseca Lima
O acometimento das crianças com covid-19 é de menor impacto quando comparado a adulto, sendo estimado que número de casos na faixa etária pediátrica seja de 1% a 5% do total de casos confirmados. Embora apresentem formas clínicas mais leves ou assintomáticas, as crianças não estão isentas da ocorrência de formas mais graves, como a síndrome respiratória aguda grave (srag) e a síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica associada à covid-19. Ressaltamos ainda os casos de covid-19 longa e todas as suas consequências, especialmente em relação a aspectos cognitivos, nutricionais e de segurança.
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Pesquisadores sérios na vacinologia mundial reafirmam que há razões para justificar a vacinação de crianças. Os estudos das vacinas contra covid-19, neste grupo, tiveram os mesmos requisitos exigidos para o licenciamento de uma vacina, ou seja, imunogenicidade, eficácia e segurança. Os EUA já aplicaram mais de 5 milhões de doses da vacina da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos, demonstrando segurança com a apresentação pediátrica, que utiliza um terço da dose da vacina padrão. Importante destacar que nenhum caso notificado de miocardite foi relatado neste grupo. O Canadá também tem vacinado todas as crianças acima de 5 anos, com controle rigoroso de adventos adversos, demonstrado segurança.
No Brasil, até o momento, a única vacina licenciada pela Anvisa e em uso nos adolescentes maiores de 12 anos é a produzida pelo laboratório Pfizer. Em relação às crianças, a Anvisa autorizou, nesta quinta-feira (16), o uso da apresentação pediátrica da vacina Pfizer para crianças de 5 a 11 anos. É uma grande vitória para esse público. Agora, é necessária a compra desta apresentação pelo Ministério da Saúde.
Estudos iniciais com a vacina CoronaVac, em crianças e adolescentes de 3 a 17 anos, demonstraram boa resposta da vacina nessa população. É uma plataforma muito utilizada na pediatria, o que daria teoricamente maior segurança para uso. A Anvisa também recebeu novo pedido para liberação da CoronaVac para uso em pediatria. Vamos aguardar o posicionamento. Enquanto isso, Chile, Argentina, Emirados Árabes, Equador, Indonésia e a própria China usam vacinas inativadas em crianças, demonstrando sua efetividade e segurança.
É importante destacar que, com a progressão da vacinação completa de adultos, os casos graves (hospitalizações e mortes) de covid-19 tendem a se concentrar em populações não vacinadas, ocorrendo um natural desvio de faixa etária, com aumento percentual de casos na população pediátrica. Assim, a vacinação das crianças será fundamental para o efetivo controle da pandemia. Será uma nova luta que travaremos com fé, esperança e trabalho.
* Eduardo Jorge da Fonseca Lima é pediatra, coordenador da pós-graduação lato sensu do Imip e conselheiro do Cremepe
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