COLUNA JC SAÚDE E BEM-ESTAR

Como medida para desafogar o HR, governo Paulo Câmara cria novo hospital de neurologia e contratualiza 52 leitos em unidades de saúde

Com 55 vagas de enfermaria em funcionamento, o Hospital de Retaguarda em Neurologia de Pernambuco, no Prado, pode chegar a ter 85 leitos, sendo dez de UTI

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Cinthya Leite

Publicado em 04/05/2022 às 17:51 | Atualizado em 05/05/2022 às 15:12
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Os traumas neurológicos são uma das principais causas que levam pacientes aos serviços da maior emergência pública do Norte e Nordeste do Brasil, o Hospital da Restauração (HR), no Derby, área central do Recife. A unidade já opera muito além da sua capacidade, com cerca de mil leitos, vários pacientes em corredores, macas no chão e infraestrutura precária, que leva a problemas que prejudicam a assistência a pacientes, como o vazamento de tubulação de água e queda de forro do teto ocorrido na última segunda-feira (2)

Como uma tentativa de desafogar o HR e ampliar a oferta de assistência digna aos pacientes que passam por problemas neurológicos que exigem atendimento imediato (como sinistros de trânsito que levam a um traumatismo craniano), o governo de Pernambuco iniciou, no fim de março, as atividades do Hospital de Retaguarda em Neurologia de Pernambuco, localizado no Prado, Zona Oeste da cidade, onde funcionava a Maternidade Santa Lúcia.

Também para desafogar as emergências que atendem os pacientes com traumas neurológicos, o governo de Pernambuco fez a contratualização de 52 leitos, distribuídos entre o Hospital Maria Lucinda e o Memorial Guararapes. A SES informa que essas vagas já estão recebendo pacientes.

Apesar de ter começado a receber pacientes há mais de um mês, o novo hospital de retaguarda não teve divulgação sobre esse início, como ocorre em outras entregas do governo. Questionada por que isso não ocorreu, a assessoria de comunicação da Secretaria Estadual de Saúde (SES) esclareceu que aguardava a unidade estar com os fluxos organizados e chegar à capacidade máxima de 85 leitos para anunciar a abertura.

A unidade é administrada pela Fundação Gestão Hospitalar Martiniano Fernandes (FGH), que também gerencia Unidades de Pronto Atendimento, Unidades de Atenção Especializada e outros três hospitais, como o Miguel Arraes de Alencar, o Dom Helder Câmara e o Dom Malan, em Petrolina, no Sertão do Estado. 

A regulação dos leitos do Hospital de Retaguarda em Neurologia de Pernambuco fica com a SES. Segundo a pasta, o governo de Pernambuco investiu cerca de R$ 2,3 milhões para colocar o novo hospital para funcionar como retaguarda da Restauração e do Pelópidas Silveira (HPS), no Curado, Zona Oeste da capital. Este último, que oferece assistência médica nas especialidades de neurologia, neurocirurgia e cardiologia, também sente a pressão crescente da demanda pelo atendimento. 

Diante desse cenário, a promessa do governo de Paulo Câmara é ampliar o número de leitos em neurologia para tentar controlar a crise que veio à tona com o caos no HR. Até o momento, o Hospital de Retaguarda em Neurologia opera com 55 leitos - todos de enfermaria. Até a tarde desta quarta-feira (4), dez estão desocupados, mas já em processo para receber pacientes do HR e do HPS. 

Segundo a SES, a meta do governo de Pernambuco é fazer com que o novo hospital alcance a sua capacidade máxima, de 85 leitos, sendo 10 de terapia intensiva (UTI). Diferentemente do HR, o Hospital de Retaguarda em Neurologia não funciona como porta aberta. Os pacientes precisam ser encaminhados por unidades de saúde - as principais são a Restauração e o Pelópidas. 

Indefinição

Por outro lado, permanece incerto o novo destino do Hospital de Referência à Covid-19 Unidade Boa Viagem (Antigo Alfa), na Zona Sul do Recife, que deixará de receber pacientes com sintomas da doença. O secretário Estadual de Saúde, André Longo, anunciou há pouco mais de 15 dias que o governo estadual está em franca desmobilização do Alfa e que deseja dar uma outra destinação ao hospital.

Atualmente o Alfa atua com 260 leitos, sendo 100 de terapia intensiva (UTI) e 160 de enfermaria. Menos de 80% estão ocupados. A capacidade total da unidade é de 300 leitos. 

O diretor-fundador do Alfa, o médico oncologista Iran Costa, diz que estão em estudo dois modelos para a nova destinação do Alfa. Um deles é deixar a unidade como retaguarda para garantir atendimento e desafogar unidades, como o Hospital da Restauração, que estão sobrecarregadas com assistência a casos de sinistro de trânsito, agressões por arma de fogo e arma branca, como também pacientes da neurocirurgia. "Outro modelo que analisamos é fazer do Alfa um grande hospital geral de cirurgia", informa Iran Costa.

Na terça-feira (3), em entrevista à Rádio Jornal, o diretor do HR, Miguel Arcanjo, comentou sobre essa proposta do governo do Estado, através da SES, de transformar o antigo Hospital Alfa em retaguarda para a neurologia e neurocirurgia. "Há a proposta de abertura de 100 leitos a curto prazo, já que o Alfa está sendo reativado para outra finalidade, que é essa da neurologia e neurocirurgia do Estado de Pernambuco. Com isso, teremos a diminuição de pelo menos 60 a 70 pacientes na unidade de trama, que são doentes neurocirúrgicos que estão aguardando cirurgia", destacou. 

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