COLUNA JC SAÚDE E BEM-ESTAR

Covid-19: aumenta média de chamados do Samu Recife para atender pacientes com sintomas da doença

Em Pernambuco, os registros de síndrome respiratória aguda grave começam a aumentar. E são esses casos que solicitam o atendimento do Samu

Imagem do autor
Cadastrado por

Cinthya Leite

Publicado em 13/06/2022 às 16:19 | Atualizado em 13/06/2022 às 16:28
Notícia
X

Dois meses após atingir menor média móvel nos atendimentos por causas respiratórias desde o início da pandemia de covid-19, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) Metropolitano do Recife volta a registrar aumento no volume de chamados a pacientes com sintomas sugestivos de covid-19 e demais quadros gripais

O incremento coincide com a subida no total de novos casos da infecção pelo coronavírus no Recife e demais localidades de Pernambuco. A maior parte dessas confirmações são de pessoas que apresentam sintomas leves da doença, mas os registros de síndrome respiratória aguda grave também começam a aumentar no Estado. E são esses casos que solicitam o atendimento do Samu. 

FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
"Não é um dado para assustar, mas é muito sintomático", diz o coordenador-geral do Samu Metropolitano do Recife, Leonardo Gomes, para ressaltar que a subida nos chamados é significativa e deve sinalizar um alerta para as autoridades sanitárias - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

Na última quinta-feira (9), a média móvel de envio de ambulâncias (número se refere à média de atendimentos nos sete dias anteriores) ficou em 12,7 - quando foram enviados 13 veículos para chamados de pacientes com sintomas de doenças respiratórias. O número é mais que o triplo da menor média móvel do Samu na pandemia, de 3,7 - indicador alcançado em 7 de abril deste ano. 

"Desde o fim de maio, a curva dos atendimentos por causas respiratórias do Samu tem apresentando uma oscilação sempre para cima. Não é um dado para assustar, mas é muito sintomático", diz o médico Leonardo Gomes, coordenador-geral do Samu Metropolitano do Recife, para ressaltar que a subida nos chamados é significativa e deve sinalizar um alerta para as autoridades sanitárias. 

"A questão é que, apesar de a média móvel estar subindo, ainda é cedo para dizer se os casos de covid-19 sofrerão uma escalada. Ainda não é uma quarta onda, mas estamos num período de alerta, de sazonalidade (das doenças respiratórias)", explica o médico. 

Afastamento de profissionais com sintomas gripais no Samu 

Segundo Leonardo Gomes, associado ao aumento da média móvel de envio de ambulâncias, o Samu voltou a ter afastamento de profissionais com sintomas gripais. "Era algo que não acontecia há meses. Mas agora, com o início da aplicação da quarta dose de covid para trabalhadores de saúde, acredito que teremos menos adoecimento da categoria."

O Samu tem um total de 683 funcionários atualmente, em todos os setores do serviço. Em janeiro deste ano, com o salto da influenza H3N2 Darwin e chegada da variante ômicron, foi registrado o afastamento de 50 trabalhadores com doença respiratória. Em fevereiro, o absenteísmo caiu, mas continuou elevado, com 30 profissionais afastados. Nos meses seguintes, foram três funcionários afastados em março, um em abril e um em maio. Em junho, nestes primeiros 13 dias, já são cinco.  

Quando foi o pico de envio de veículos do Samu? 

Neste ano, o pico de envios de ambulâncias do Samu 192 para atender pacientes com quadros respiratórios foi registrado no dia 2 de janeiro, quando foram enviados 46 veículos. Naquela data, foi atingida também a maior média móvel de 2022 - 43,1.

Nesta pandemia, o serviço tornou-se a porta de entrada para pacientes com srag, bem como o responsável pelo transporte entre as unidades que fazem o primeiro atendimento, como as emergências das policlínicas, as unidades de pronto atendimento (UPAs) e os hospitais de referência para enfrentamento da covid-19. No pico, o Samu chegou a enviar 80 ambulâncias em um único dia para atender casos de srag.  

Para dar conta das demandas, a frota de veículos do Samu 192 foi expandida e chegou a contar com 30 ambulâncias para atender as ocorrências no Recife, das quais 24 eram de unidades de suporte básico e seis de unidades de suporte avançado (USA). Atualmente o Samu conta com uma frota de 24 ambulâncias nas ruas, sendo 20 USBs e quatro USAs.

Aumento de casos de srag em Pernambuco  

Em meio à subida dos casos de covid-19 (a maioria leves), Pernambuco começa a ter aumento no número de quadros respiratórios graves. Segundo boletim epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde (SES), divulgado nesta segunda-feira (13), a última semana epidemiológica (de 5 a 11 de junho) apresentou o maior volume de pessoas com síndrome respiratória aguda grave (srag) desde a segunda quinzena de março. 

Na última semana, foram notificados 384 casos de srag. Desses, 21 já tiveram resultado positivo para covid-19. Esses números também são maiores do que os registrados na semana de 29 de maio a 4 de junho, com aumento de 19% para srag e de 40% para srag causado pelo coronavírus. 

O dado atual de srag ainda está longe do que foi visto na aceleração da ômicron, em dezembro de 2021 e janeiro deste ano. Porém, o cenário de instabilidade já deixa as autoridades e os profissionais de saúde em alerta

Em Pernambuco, a taxa de ocupação dos leitos públicos de terapia intensiva (UTI) voltados para srag alcança os 75%, com quase 500 pacientes internados.

Com a anterior queda nos indicadores da covid-19, o governo estadual desmobilizou parte das vagas que havia sido abertas. Com isso, atualmente Pernambuco conta com 663 leitos de UTI na rede pública. Eles são ocupados por pessoas com infecções causadas por covid-19 e por outras doenças respiratórias. Até o momento, a gestão estadual não se manifestou em relação a uma possível reativação de vagas para srag

Tags

Autor