VARÍOLA DOS MACACOS: veja sintomas, formas de transmissão e tratamentos
Organização Mundial da Saúde (OMS) suspeita de que a transmissão do vírus passou despercebida por algum tempo
Ao menos 53 países vivenciam a atual onda de casos de varíola dos macacos, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) suspeita de que a transmissão do vírus passou despercebida por algum tempo. Em Pernambuco, o primeiro caso suspeito foi notificado nesta terça-feira (5).
"O surgimento súbito da varíola do macaco, em diferentes países no mesmo período, sugere que a transmissão não foi detectada durante certo tempo", declarou o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Até o dia 5 de julho de 2022, foram confirmados 6.154 casos de varíola dos macacos em 53 países. O mundo, então, olha com atenção para o aumento de casos da varíola dos macacos, doença que teve a primeira transmissão comunitária generalizada fora da África neste ano.
Caso suspeito de varíola dos macacos em Pernambuco
Pernambuco registrou, nesta terça-feira (5), o primeiro caso suspeito de varíola dos macacos. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), trata-se de jovem de 25 anos, morador de Guarulhos, em São Paulo.
Segundo a SES-PE, o paciente teve contato com europeus em uma comemoração no estado onde reside, e chegou a Pernambuco no dia 23 de junho para visitar familiares em Paulista, no Grande Recife.
Até o dia 5 de julho, 293 casos de varíola dos macacos foram notificados no Brasil: São Paulo (140), Rio de Janeiro (60), Minas Gerais (25), Ceará (13), Rio Grande do Sul (10), Goiás (7), Santa Catarina (6), Paraná (5), Acre (3), Distrito Federal (3), Espiríto Santo (3), Mato Grosso (3), Mato Grosso do Sul (3), Rio Grande do Norte (3), Maranhão (2), Piauí (2), Rondônia (2), Amazonas (1), Bahia (1) e Sergipe (1).
Dentre os casos de varíola dos macacos notificados no País, 106 casos foram confirmados, sendo 105 do sexo masculino e 1 do sexo feminino. Destes, 75 são procedentes do estado de São Paulo, 20 do Rio de Janeiro, 3 de Minas Gerais, 2 do Ceará, 2 do Paraná, 2 do Rio Grande do Sul, 1 do Distrito Federal e 1 do Rio Grande do Norte.
Setenta e três casos permanecem suspeitos, sendo 66 do sexo masculino e 7 do sexo feminino, e 114 foram descartados.
O vírus da varíola do macaco é semelhante com o da varíola humana, erradicada desde os anos 1980, quando foram encerradas as campanhas de vacinação.
O vírus Monkeypox pertence ao gênero Orthopoxvirus e costuma provocar infecções zoonóticas, como a varíola. Os humanos são hospedeiros intermediários do vírus.
Saiba como a varíola dos macacos é transmitida
- Contato com o vírus de um animal, humano, fluidos corporais ou material de lesão;
- O vírus geralmente entra no hospedeiro pelo trato respiratório, pela superfície da mucosa ou por rupturas na pele;
- O tempo de incubação é geralmente de 7 a 14 dias;
- As taxas de transmissão estimadas podem chegar a 73%;
- Indivíduos podem transmitir o vírus desde o primeiro dia antes do aparecimento da erupção até 21 dias.
Quais são os sintomas da varíola dos macacos?
Febre, dor de cabeça, dores musculares, lesões nas mucosas e na pele, inchaço nos gânglios no pescoço, virilha ou axila (linfadenopatia), sintoma que diferencia a varíola dos macacos da varíola comum.
Qual a taxa de mortalidade da varíola dos macacos?
A taxa de mortalidade para a linhagem do vírus da África Ocidental está abaixo de 1%. Para a linhagem da África Central, é de até 11% (em crianças não vacinadas sem tratamento).
Como é feito o diagnóstico da doença?
O diagnóstico geralmente é confirmado pelo exame PCR (reação em cadeia da polimerase).
A OMS estabeleceu diagnóstico confirmatório com base no teste de amplificação de ácido nucleico (NAAT), usando reação em cadeia da polimerase (PCR) em tempo real ou convencional.
O diagnóstico de PCR é baseado em marcadores específicos que podem discriminar as linhagens da África Ocidental e da África Central.
A Roche Diagnóstica atualmente possui um teste RT-PCR para infecção por varíola dos macacos que fornece informações sobre a carga viral e diferencia as linhagens da África Ocidental e da África Central. O exame deve chegar ao Brasil nas próximas semanas para uso em pesquisas. O exame é feito a partir da coleta do fluido contido nas feridas causadas pela doença.
Há tratamento para a varíola dos macacos?
- Atualmente, não existem tratamentos específicos comprovados para a varíola, mas os sintomas clínicos podem ser controlados, e existem medidas de prevenção. Medicamentos antivirais estão sendo usados para tratar a infecção por varíola, mas as indicações ainda estão sendo estudadas.
- Além disso, sugere-se que a vacina contra a varíola pode reduzir a manifestação da doença em até cinco vezes, de acordo com um estudo no Congo, África.
Como prevenir a varíola dos macacos?
- A vacinação contra a varíola para reduzir as oportunidades de mutação viral e a disseminação da varíola entre humanos;
- Medidas locais de contenção para evitar a transmissão mundial;
- Informações de qualidade para melhorar o reconhecimento da doença;
- Acesso a ferramentas de diagnóstico para avaliar a situação em curso e recolher dados;
- Capacitação de profissionais de saúde e constituição de equipes interdisciplinares para identificação de casos de varicela e aplicação de medidas de proteção.
Onda de casos
A OMS espera um aumento no número de casos da varíola dos macacos, mas ainda não se pode dizer que se trata de uma pandemia.
"Trata-se de uma onda de casos, e as ondas podem ser interrompidas", disse a responsável técnica da OMS para a varíola do macaco, Rosamund Lewis. "Embora a onda atual de casos não tenha causado mortes, o vírus da varíola do macaco leva a óbito todos os anos no continente africano há, pelo menos, meio século", acrescentou.
Varíola dos macacos: cronologia
- 1958: Descoberto pela primeira vez em 1958, quando dois surtos de uma doença semelhante à varíola ocorreram em colônias de macacos mantidos para pesquisa.
- 1970: Os casos em humanos foram descritos pela primeira vez em 1970. Nas décadas seguintes, surtos esporádicos foram relatados na África.
- 2003: Primeiros casos humanos fora da África. Nos Estados Unidos, 47 pessoas ficaram doentes, quando animais importados da África infectaram cães-de-pradaria de estimação.
- 2022: Primeira incidência de transmissão comunitária generalizada fora da África; 53 países com casos confirmados.