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"É fora da curva", diz médico sobre aumento expressivo no número de queimados no Hospital da Restauração

Chefe do setor de queimados do HR diz que a unidade teve, nos últimos dias, um incremento expressivo no volume de pacientes acometidos por queimaduras

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 26/07/2022 às 16:29 | Atualizado em 26/07/2022 às 16:40
REPRODUÇÃO/TV JORNAL
Marcos Barreto é chefe do setor de queimados do Hospital da Restauração - FOTO: REPRODUÇÃO/TV JORNAL
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Unidade referência para atender pessoas vítimas de queimaduras graves, o Hospital da Restauração (HR), no Derby, área central do Recife, está com uma superlotação incomum, para este período do ano, no setor dedicado a esses pacientes. Ao falar sobre o quadro de saúde dos quatro homens atingidos pela explosão de gás no domingo (24), em Água Fria, na Zona Norte do Recife, o médico Marcos Barreto, chefe do setor de queimados do HR, diz que a unidade teve, nos últimos dias, um incremento expressivo no volume de pacientes acometidos por queimaduras. 

"É um aumento fora da curva. Para se ter ideia, temos 12 leitos na enfermaria masculina. Consegui mais um. E estão todos ocupados. Ainda há 10 pacientes homens na emergência. Ou seja, estamos com 23 adultos para 12 leitos", relata o médico.

Ele informa que agora os dois pacientes que mais foram atingidos pelas chamas em Água Fria (tiveram queimaduras em 80% do corpo) estão no setor de queimados. "Eles tiveram lesões mais extensas. Estão estáveis, orientados e respiram sem necessidade de aparelhos."

Os outros dois homens, que tiveram queimaduras menos graves (em torno de 40% do corpo lesionado), estão na unidade de trauma porque não há mais vaga no setor de queimados. 

Segundo Marcos Barreto, os quatro pacientes vítimas da explosão também estão sendo vistos pela equipe de fisioterapia do HR e em acompanhamento para prevenir infecções, úlceras e embolia pulmonar. "O tratamento é longo e oscila bastante. Os dois pacientes que tiveram danos mais extensos têm muitas áreas com queimadura de segundo grau. Então, com o tempo, podemos começar a ver que (a dimensão da lesão) vai cair para 70%, 65%... E todos os quatro homens fazem troca diária de curativos. Estão sendo bem acompanhados", assegura. 

O chefe do setor de queimados do HR conta que, desde domingo (24), o serviço não para de receber pessoas vítimas de queimaduras graves. "Além dos quatro (de Água Fria), tivemos mais dois pacientes que se acidentaram em explosão de gás, outros dois que se queimaram com panelão de óleo, um rapaz que relata ter sido acometido por uma bomba num ônibus, dois que se acidentaram com álcool e fogo e uma idosa que está com queimaduras em 90% do corpo."  

Para Marcos Barreto, não há um só motivo para explicar o aumento no volume desses acidentes nos últimos dias. "São vários os fatores que contribuem com isso. Um deles é o uso inadequado de álcool, que cresceu bastante."

Ele acrescenta que atualmente a dificuldade de acesso ao gás, decorrente do aumento do preço, leva a improvisos para cozinhar, o que favorece a alta de acidentes. "Queimadura é uma doença socialmente determinada. Há pessoas dormindo na rua que são vítimas de acidente com fogo. Elas vêm para o nosso serviço e, quando podem ter alta, vou mandar para onde?", questiona. 

Além da enfermaria masculina, a ala do HR dedicada a mulheres vítimas de queimaduras também está com alta ocupação. Dos 13 leitos, 10 estão com pacientes. O setor infantil está da mesma forma: das 15 vagas, 12 estão com crianças acometidas por queimaduras. "Ao todo, temos 40 leitos no centro de tratamento de queimaduras e, além de atender o Estado de Pernambuco, ainda recebemos pacientes da Bahia, Alagoas, Paraíba e Ceará", diz Marcos Barreto. 

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