A jornalista Kamila Nunes, 32 anos, recebeu o diagnóstico de câncer de mama no fim do ano passado. Como forma de fortalecer a si mesma e de compartilhar o caminho que tem percorrido para conviver com o tumor, ela decidiu fazer um diário em rede social.
"Esta conta aqui no Instagram, que por meses foi só minha, meu diário e minha companhia, hoje é pública. E por um motivo muito especial: esse relato virou livro, o meu primeiro", escreve Kamila, em post sobre o lançamento da obra, num momento em que a sociedade volta os olhares para o Outubro Rosa.
Esse movimento, que chama a atenção para a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama, é definido por Kamila como transformador. "O Outubro Rosa nunca foi apenas marketing. Muda a vida das pessoas", comenta Kamila.
O livro da jornalista, intitulado Aquilo Com C, traz a trajetória de reviravoltas, altos e baixos percorrida por Kamila. O lançamento, um ano após o diagnóstico do câncer de mama, acontece nesta quinta-feira (13), a partir das 17h, no Mia 182 Café, no Bairro do Recife. A obra, de 202 páginas, tem o apoio cultural da Cepe Editora.
Assim como ocorre em milhares de casos detectados em estágio inicial, o tumor de Kamila foi assintomático. O diagnóstico foi de câncer de mama Luminal B, não hereditário. É um tipo sensível aos hormônios, mas que normalmente apresenta um nível mais acelerado de proliferação celular.
O livro traz conteúdo inspirado nos posts que estão na sua conta no Instagram, @kimioconka_. O arroba faz referência ao perfil pessoal da jornalista, o @kamilaconka_.
A orelha da publicação é assinada pela mastologista Nathalia Valois. Ela explica que o risco médio de uma mulher desenvolver o câncer de mama é de 10%, o que significa que uma em cada dez terá a doença ao longo da vida. "Em mulheres com menos de 40 anos, é um diagnóstico raro, representando menos de 10% dos casos", explica a mastologista. O câncer de mama é o tipo que mais acomete mulheres: mais de 66 mil casos novos são estimados por ano no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca).
"Eu precisava escrever o que estava acontecendo comigo, o que é muito comum entre o público feminino, mas bastante raro em mulheres jovens", diz Kamila.
A jornalista começa o livro contando o acompanhamento que estava realizando de nódulos não palpáveis, no começo de 2021. Ela precisou repetir os exames em setembro daquele ano e foi na ultrassom que apareceu um nódulo novo, palpável e com aproximadamente dois centímetros na mama direita.
"Inicialmente, eu não acreditei que aquilo estava acontecendo, mas depois eu me apropriei da minha história. Decidi usá-la para mostrar que esse diagnóstico não é uma sentença de morte." Estudos mostram que a taxa de cura do câncer de mama é superior a 90%. Esse índice, vale frisar, tem relação com o diagnóstico precoce da doença.
O tratamento de Kamila incluiu a realização de quadrantectomia (cirurgia que retira parte da mama acometida pelo câncer, preservando o restante da glândula mamária), em novembro de 2021. Ela passou ainda por 16 sessões de quimioterapia e 15 de radioterapia. Atualmente, ela faz uso de hormonioterapia e realiza atividades pessoais e profissionais do dia a dia. "É uma perspectiva otimista, principalmente para as mulheres com esse diagnóstico", acrescenta Kamila.
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