O número de crianças vacinadas contra o sarampo tem diminuído desde o início da pandemia de covid-19. Em 2021, um recorde de quase 40 milhões perderam uma dose da vacina.
A informação é da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC).
Esse declínio é um retrocesso significativo no progresso global para alcançar e manter a eliminação do sarampo. É um cenário que deixa milhões de crianças suscetíveis à doença.
Em 2021, foram notificados cerca de 9 milhões de casos e 128 mil mortes por sarampo em todo o mundo. Além disso, 22 países experimentaram grandes surtos.
A OMS alerta para uma ameaça iminente em todas as regiões do mundo.
SARAMPO VACINA
Entre as causas para o crescimento da ameaça global do sarampo, estão a diminuição na cobertura vacinal, a vigilância enfraquecida do sarampo, as interrupções e atrasos contínuos nas ações de imunização, devido à pandemia de covid-19.
O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, ressalta que, durante a emergência sanitária, "os programas de imunização de rotina foram seriamente interrompidos e milhões de crianças perderam as vacinas que salvam vidas contra doenças mortais, como o sarampo".
SARAMPO SINTOMAS
O primeiro sinal do sarampo geralmente é a febre alta, que começa entre 10 e 12 dias após a exposição ao vírus e dura de 4 a 7 dias.
Na fase inicial, o paciente pode apresentar secreções no nariz (“nariz escorrendo”), tosse, olhos vermelhos e aquosos.
Pequenas manchas brancas dentro das bochechas também podem se desenvolver no estágio inicial.
Após vários dias, surge o exantema (erupção cutânea), geralmente no rosto e na parte superior do pescoço. Durante aproximadamente três dias, essas erupções na pele se espalham, atingindo eventualmente as mãos e os pés. O exantema dura de cinco a seis dias, desaparecendo em seguida. O intervalo entre a exposição ao vírus e a aparição das erupções cutâneas oscila entre 7 e 18 dias.
O QUE O SARAMPO PODE CAUSAR?
A maioria das mortes por sarampo ocorrem por complicações associadas à doença.
O agravamento do sarampo é mais frequente em crianças menores de 5 anos ou em adultos com mais de 30 anos.
As complicações mais graves do sarampo incluem cegueira, encefalite (infecção acompanhada de edema cerebral), diarreia grave (que pode provocar desidratação), infecções no ouvido ou infecções respiratórias graves, como pneumonia.
Os casos graves são especialmente mais frequentes entre crianças pequenas com má nutrição e, sobretudo, entre pessoas com deficiência de vitamina A ou cujo sistema imunológico esteja enfraquecido pelo HIV/aids ou outras doenças.
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SARAMPO É PERIGOSO?
Segundo o comunicado da OMS, a situação é grave: o sarampo é um dos vírus humanos mais contagiosos, mas é quase totalmente evitável por meio da vacinação.
É necessária uma cobertura de 95% ou mais de duas doses de vacina contra o sarampo para criar imunidade coletiva, a fim de proteger as comunidades e alcançar e manter a eliminação da doença.
Entretanto, o mundo está bem abaixo disso, com apenas 81% das crianças recebendo a primeira dose de vacina e apenas 71% recebendo a segunda dose.
Essas são as taxas de cobertura global mais baixas da primeira dose de vacinação contra o sarampo desde 2008, embora a cobertura varie de acordo com o país.
Crianças pequenas não vacinadas estão em maior risco de contrair sarampo e de sofrer com suas complicações, entre elas, a morte.
Mulheres grávidas não imunizadas também estão em risco. No entanto, qualquer pessoa não imunizada (que não recebeu a vacina ou nunca apresentou a doença) pode se infectar.
TRANSMISSÃO DO SARAMPO
A OMS alerta que o sarampo é uma ameaça em todos os lugares, pois o vírus pode se espalhar rapidamente para várias comunidades e além das fronteiras internacionais.
O vírus do sarampo, altamente contagioso, é espalhado por tosse e espirros, contato pessoal próximo ou contato direto com secreções nasais ou de garganta infectadas.
O vírus permanece ativo e contagioso no ar ou em superfícies infectadas por até duas horas e pode ser transmitido por uma pessoa infectada a partir de quatro dias antes e quatro dias depois do aparecimento de erupções cutâneas.
Nenhuma região conseguiu manter a eliminação da doença. Desde 2016, dez países que já haviam eliminado o sarampo tiveram surtos e restabeleceram a transmissão.
A diretora do CDC, Rochelle P. Walensky, destaca que "o número recorde de crianças subimunizadas e suscetíveis ao sarampo mostra os profundos danos que os sistemas de imunização sofreram durante a pandemia de covid-19".
Para ela, os surtos de sarampo ilustram as deficiências dos programas de imunização, mas as autoridades de saúde pública podem usar a resposta ao surto para identificar comunidades em risco, entender as causas da baixa vacinação e ajudar a fornecer soluções adaptadas localmente para garantir que as vacinas estejam disponíveis para todos.
PANDEMIA DE COVID-19 IMPACTOU A VACINAÇÃO CONTRA SARAMPO
Em 2021, quase 61 milhões de doses de vacina contra o sarampo foram adiadas ou perdidas devido a atrasos relacionados à covid-19 em campanhas de imunização em 18 países.
O CDC e a OMS pedem ação coordenada e colaborativa de todos os parceiros nos níveis global, regional, nacional e local para priorizar os esforços para encontrar e imunizar todas as crianças desprotegidas.
De acordo com a estratégia de imunização global da Agenda de Imunização 2030, os parceiros globais continuam comprometidos em apoiar investimentos no fortalecimento da vigilância como um meio de detectar surtos rapidamente, responder com urgência e imunizar todas as crianças que ainda não estão protegidas contra doenças evitáveis por vacinação.
SARAMPO TRATAMENTO
Não existe tratamento antiviral específico contra o vírus do sarampo.
As complicações graves do sarampo podem ser evitadas com um tratamento de apoio que garanta uma boa nutrição, a ingestão suficiente de líquidos e o tratamento da desidratação com soluções de reidratação orais recomendada pela OMS (para repor os líquidos e outros elementos essenciais que se perdem por meio de diarreia e vômitos).
Antibióticos devem ser prescritos para tratar infecções nos olhos e ouvidos, assim como pneumonia.
Todas as crianças com diagnóstico de sarampo devem receber duas doses de suplementos de vitamina A, com intervalo de 24 horas.
Esse tratamento restaura os baixos níveis de vitamina A, que, durante a doença, ocorrem mesmo em crianças bem nutridas e pode ajudar a prevenir danos oculares e cegueira.
Os suplementos de vitamina A demonstraram reduzir em 50% o número de mortes por sarampo.
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