Saúde

COVID-19 deixa mais de 40 mil crianças e adolescentes órfãos de mãe no Brasil

Pesquisadores também frisam que, em 2020 e 2021, a covid-19 foi responsável por quase um quinto (19%) de todas as mortes registradas no Brasil

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 26/12/2022 às 15:08
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Durante o pico da pandemia, em março de 2021, o país chegou a contabilizar quase 4 mil óbitos pela doença por dia, número que supera a média diária de mortes por todas as causas em 2019, que foi de 3,7 mil - FOTO: FREEPIK/BANCO DE IMAGENS

Com informações da Agência Brasil

Um estudo publicado por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) revela que as mortes causadas pela covid-19 deixaram 40.830 crianças e adolescentes órfãos de mãe no Brasil

A pesquisa foi divulgada nesta segunda-feira (26) pela Fiocruz. Segundo os autores, houve atraso na adoção de medidas necessárias para o controle da doença, e isso provocou grande número de mortes evitáveis.

Coordenador do Observatório de Saúde na Infância, iniciativa da Fiocruz com a Faculdade de Medicina de Petrópolis do Centro Arthur de Sá Earp Neto (Unifase), Cristiano Boccolini alerta que essas crianças e adolescentes necessitam, com urgência, da adoção de políticas públicas intersetoriais de proteção.

As fontes de dados utilizadas para a pesquisa foram o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), em 2020 e 2021, e o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) entre 2003 e 2020. 

Os resultados podem ser consultados em artigo publicado no dia 19 de dezembro.

"É urgente a mobilização da sociedade para proteção da infância, com atenção prioritária a este grupo de 40.830 crianças e adolescentes que perderam suas mães em decorrência da covid-19 nos dois primeiros anos da pandemia", afirma Cristiano, que é um dos autores da pesquisa.

Ele ressalta que o olhar para esse grupo se faz urgente diante do cenário de crise sanitária e econômica instalada no País, "com a volta da fome, o aumento da insegurança alimentar, o crescimento do desemprego, a intensificação da precarização do trabalho e a crescente fila para o ingresso nos programas sociais". 

"A morte de um dos pais e, em particular, da mãe está ligada a desfechos adversos ao longo da vida e tem graves consequências para o bem-estar da família", diz a pesquisadora do Laboratório de Informação e Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), Celia Landmann Szwarcwald.

"As crianças órfãs são mais vulneráveis a problemas emocionais e comportamentais, o que exige programas de intervenção para atenuar as consequências psicológicas da orfandade."

Os pesquisadores também frisam que, em 2020 e 2021, a covid-19 foi responsável por quase um quinto (19%) de todas as mortes registradas no Brasil.

Durante o pico da pandemia, em março de 2021, o País chegou a contabilizar quase 4 mil óbitos pela doença por dia, número que supera a média diária de mortes por todas as causas em 2019, que foi de 3,7 mil.

Outro ponto destacado pelo estudo é que a covid-19 foi responsável por mais que um terço de todas as mortes de mulheres relacionadas a complicações no parto

 

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Covid-19 deixou 40 mil crianças e adolescentes órfãos de mãe no Brasil - FOTO:NE10

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