Chuvas noturnas e calor intenso ao longo do dia.
Esse é o cenário ideal para a reprodução do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, chicungunha e zika.
Para evitar que a proliferação do mosquito da dengue aconteça e, consequentemente, aumente o número de casos de arboviroses na cidade, a Secretaria de Saúde (Sesau) do Recife reforça orientações.
O pedido é para a população redobrar os cuidados dentro de casa, uma vez que 80% dos focos do mosquito da dengue são encontrados no interior das residências.
Em 2022, até o dia 12 de novembro, foram notificados 4.031 casos suspeitos de arboviroses.
Entre as notificações, 2.286 foram casos de dengue, 1.561 de chicungunha e 184 de zika.
Desse total, foram confirmados 1.012 casos de dengue, 837 casos de chicungunha e cinco casos de zika.
Em comparação com o mesmo período do ano anterior, houve redução de aproximadamente 86% dos casos notificados de arboviroses e de 92% dos casos confirmados das três doenças.
Além disso, o ano de 2022, até 12 de novembro, teve quatro mortes notificadas, sendo duas descartadas.
Normalmente, a primeira manifestação da dengue é a febre alta, que geralmente dura de 2 a 7 dias.
A forma grave da dengue, popularmente chamada de dengue hemorrágica, inclui dor abdominal intensa e contínua, náuseas, vômitos persistentes e sangramento de mucosas.
Outros sintomas que são sinal de alerta são mal-estar, falta de apetite e dor atrás dos olhos.
No entanto, a dengue pode ser assintomática (sem sintomas) ou com sinais leves.
A gerente de Vigilância Ambiental do Recife, Vânia Nunes, reforça alguns cuidados a serem tomados para evitar que o mosquito Aedes aegypti deposite os seus ovos.
"O mosquito prefere água limpa e parada para se reproduzir, em ambientes com pouca luz. Então, para evitar novos criadouros, é importante manter os reservatórios de água, como caixas d’água, tonéis e tanques, bem tampados", alerta Vânia.
"Além disso, é preciso cobrir pneus, garrafas ou qualquer outra superfície que possa acumular água, por menor que seja. Muitas vezes, até mesmo uma tampinha plástica, tem potencial para que o mosquito coloque os seus ovos."
Depois de encontrar um ambiente favorável para a sua reprodução, o mosquito chega à vida adulta cerca de dez dias após a eclosão dos ovos.
Por isso, é fundamental interromper o ciclo de vida para evitar que haja novos insetos no ambiente.
"Uma forma muito simples de fazer essa eliminação de focos é lavando semanalmente os reservatórios. Deve-se usar esponja ou palha de aço e sabão nas paredes dos reservatórios", reforça Vânia.
Também é importante que a população fique atenta aos bebedouros dos animais domésticos, que devem ser higienizados com frequência.
As calhas também merecem atenção. Delas, devem ser removidos galhos, folhas e tudo o que possa impedir a passagem da água.
Outra recomendação é optar pelo cultivo de plantas em vasos com areia e evitar usar o pratinho.
Se necessário utilizar o pratinho, a dica é preenchê-lo com areia.
Como forma de conscientizar os recifenses, as equipes da Vigilância Ambiental do município têm realizado atividades de educação em saúde.
Para isso, os agentes de Saúde Ambiental e Controle de Endemias (asaces) da Secretaria de Saúde do Recife fazem visitas em escolas e pontos estratégicos, como borracharias e cooperativas.
"A principal ferramenta para enfrentamento do mosquito é a informação. E o trabalho realizado pela prefeitura só terá eficácia se houver a constante colaboração dos moradores", salienta Vânia.
"Se tivermos cidadãos conscientes das suas responsabilidades, conseguiremos manter os índices de adoecimento menores. A redução dos casos de arboviroses, em comparação ao ano passado, é uma grande demonstração da importância deste trabalho que estamos fazendo incansavelmente."
Outra ação da Prefeitura do Recife no enfrentamento ao mosquito Aedes aegypti tem sido a realização de mutirões na cidade.
Desde abril de 2021, aos fins de semana, equipes de asaces visitam locais em que há um maior índice de infestação do mosquito e risco de adoecimento da população.
Os profissionais fazem a inspeção de residências e outros imóveis da localidade para identificar e tratar possíveis focos do mosquito.
Ao longo de todo o ano, a Prefeitura do Recife promove ações continuadas para controle dos mosquitos transmissores das arboviroses.
Além das visitas domiciliares, estão a manutenção das ovitrampas (armadilhas para monitorar a infestação do mosquito), a análise das estações disseminadoras de larvicidas e a formação das brigadas contra o mosquito, que envolvem instituições públicas e privadas da cidade.
A população também pode colaborar com o trabalho da Vigilância Ambiental.
As denúncias de possíveis focos do mosquito podem ser feitas primeiramente nos canais oficiais da prefeitura, como o Conecta Recife, na opção "Bora se Cuidar contra o Mosquito", e a Ouvidoria do SUS pelo telefone 0800 2811520, das 7h às 19h, de segunda a sexta-feira.
O Aedes aegypti (vetor da dengue) é originário do Egito.
A dispersão pelo mundo ocorreu da África: primeiro da costa leste do continente para as Américas, depois da costa oeste para a Ásia.
O vetor foi descrito cientificamente pela primeira vez em 1762, quando foi denominado Culex aegypti. Culex significa “mosquito” e aegypti, egípcio, portanto: mosquito egípcio.
O gênero Aedes só foi descrito em 1818. Logo, verificou-se que a espécie aegypti, descrita anos antes, apresenta características morfológicas e biológicas semelhantes às de espécies do gênero Aedes – e não às do já conhecido gênero Culex. Então, foi estabelecido o nome Aedes aegypti.