Um grupo de mulheres sofreu queimaduras de segundo grau, em várias partes do corpo, depois de passarem por sessões de bronzeamento artificial num espaço de estética localizado no bairro de Jardim Brasil, em Olinda, no Grande Recife.
O procedimento foi realizado no último fim de semana.
Algumas das vítimas começaram a perceber o corpo muito vermelho, a sentir queimação e dor pelo corpo.
Para aliviar os sintomas, elas procuraram a Policlínica Peixinhos.
Quatro vítimas foram encaminhadas, na segunda-feira (16), para o Hospital da Restauração (HR), no Derby, área central do Recife.
"Fizemos o bronzeamento no sábado pela manhã. O produto foi aplicado no corpo, e fomos para a cabine (de bronzeamento artificial), que tem lâmpadas para o bronze ficar mais forte. Passamos 20 minutos na cabine e, em seguida, mais 20 minutos no sol, queimando de frente e de costas", contou uma das mulheres que se submeteram ao procedimento em Peixinhos. Ela preferiu não ser identificada.
"No domingo (15), o corpo começou a ficar muito vermelho. Na segunda-feira (16), já tinha muitas bolhas, e algumas foram à Policlínica de Peixinhos e ao HR. O nosso grupo tem cerca de 10 mulheres que fizeram o bronzeamento no sábado (14)", acrescentou.
Ela também relatou que todas tiveram fortes lesões no peito, barriga, glúteos, pernas e costas. "Só o rosto e os braços não ficaram queimados. Já faço bronzeamento nesse lugar há mais de um ano. Mas nunca tinha tido problema."
BRONZEAMENTO ARTIFICIAL QUEIMADURA
Em nota, a assessoria de comunicação do Hospital da Restauração (HR) informou que, entre o último sábado (14) e esta sexta-feira (20), quatro pacientes deram entrada na Unidade de Tratamento de Queimados (UTQ). Elas se queixaram de queimaduras provocadas durante um processo de bronzeamento artificial.
"Três receberam o primeiro atendimento e foram encaminhadas para o ambulatório, onde continuam realizando os curativos. A quarta paciente, de 26 anos, permanece internada, com quadro de saúde estável. Ela teve queimaduras de segundo grau", destacou o HR.
Procurada pela reportagem do JC, a proprietária do espaço de estética, que não quis ser identificada, afirmou que trabalha na área há seis anos. "Acho que podem ter colocado algo no meu produto. Nunca houve caso de queimadura antes. Eu faço isso até de olhos fechados. Levei meu produto na farmácia de manipulação, que vai analisar (a formulação)."
É importante frisar que o uso de equipamentos de bronzeamento artificial, com finalidade estética, é proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil desde 2009.
A vice-presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia/Regional Pernambuco (SBD-PE), Márcia Oliveira, alerta que não existe melhor forma para realizar o bronzeamento artificial. "É um procedimento que sempre causará uma agressão à pele. Não existe bronzeamento saudável. Por isso, não vale se arriscar, não vale arriscar a pele", orienta.
A dermatologista frisa que o bronzeamento artificial causa não só câncer de pele, mas também fotoenvelhecimento. "A curto prazo, leva a queimaduras graves, com danos importantes."
Em nota, a Secretaria de Saúde de Olinda diz que, através da Diretoria de Vigilância em Saúde, as vítimas precisam formalizar um protocolo de denúncia pelo WhatsApp (81 99201-0816), direcionado à Vigilância Sanitária do município.
"Acrescentamos ainda que, na próxima segunda-feira (23), uma equipe vai fazer visita de vistoria ao estabelecimento." A secretaria, contudo, não respondeu se o espaço tem autorização para funcionar e oferecer serviços estéticos.
BRONZEAMENTO ARTIFICIAL MATA
Um estudo publicado no British Medical Journal mostrou que, de 63.942 novos casos de melanoma (um tipo de câncer de pele agressivo) diagnosticados a cada ano na Europa, incluindo Reino Unido, França e Alemanha, 3.438 (5,4%) estão relacionados ao bronzeamento artificial.
O levantamento associa 794 mortes por ano ao uso dos equipamentos de bronzeamento.
Os pesquisadores chegaram à conclusão de que o bronzeamento artificial aumenta em 20% o risco de ter um melanoma.
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