O Centro de Dermatologia do Recife (Ceder), localizado na Santa Casa de Misericórdia do Recife, em Santo Amaro, área central da cidade, adquiriu um aparelho chamado de criostato para implantação de um serviço público de cirurgia micrográfica, voltada para o tratamento do câncer de pele.
A cirurgia micrográfica mapeia microscopicamente o câncer de pele enquanto o procedimento ocorre.
Além disso, a cirurgia micrográfica é oposta à tradicional, que trata o câncer de pele com margens de segurança amplas, feita às cegas, e normalmente causa danos estético ou funcional ou, ainda pior, não retira o câncer por inteiro.
As explicações acima são do médico dermatologista Márcio Lobo, cirurgião micrográfico de Mors e preceptor de cirurgia da Santa Casa de Misericórdia do Recife.
Com o aparelho, o Ceder implantará, na Santa Casa de Misericórdia do Recife, o primeiro serviço público de Pernambuco com oferta da cirurgia de Mohs pelo Sistema Único de Saúde (SUS), indicada para o tratamento do câncer de pele.
"A partir de fevereiro de 2023, o Ceder inaugurará um serviço novo, inédito, com duas salas cirúrgicas, exclusivamente voltadas à cirurgia micrográfica. É uma vitória da nossa população recifense e nordestina, especificamente a menos favorecida, que poderá ter acesso a uma técnica tão avançada e rara. É motivo de orgulho do nosso SUS", sublinha Márcio Logo.
Ele destaca que a cirurgia micrográfica analisa, através do microscópio, camada por camada de pele e só retira o tecido necessário para curar o câncer de pele.
Por isso, a cirurgia micrográfica tem maiores taxas de cura do câncer de pele e menores cicatrizes que a cirurgia tradicional.
"Por ter uma maior precisão, a cirurgia micrográfica é indicada para cânceres localizados em áreas consideras delicadas do rosto (nariz, orelhas, lábios, palpebras, genitália e extremidades) e para cânceres mais agressivos, o que inclui aqueles que já foram tratados e voltaram", diz Márcio.
O médico frisa que cirurgia micrográfica também pode ser recomendada para os cânceres de maior tamanho e os tipos considerados graves.
"Os benefícios são a altíssima taxa de cura, que chega a 99%, versus 85% da cirurgia tradicional. Outro detalhe é que, com a cirurgia micrográfica, há preservação de pele em áreas críticas do corpo."
Segundo Márcio Lobo, a cirurgia micrográfica de Mohs em si não possui riscos particulares. "O risco ao paciente é semelhante a qualquer outro procedimento cirúrgico."
O acesso à cirurgia micrográfica, para tratamento do câncer de pele, será feito pelo ambulatório da Santa Casa de Misericórdia do Recife. "Examinaremos os pacientes e indicaremos as cirurgias de Mohs que forem necessárias."
A cirurgia micrográfica é uma técnica que exige uma equipe de quatro ou cinco profissionais. "A depender do tamanho cirurgia, pode ser necessária a presença multidisciplinar de cirurgiões de diferentes especialidades. Por esse motivo, o preço varia a depender da gravidade e da complexidade", diz Márcio Lobo.
O dermatologista salienta que o criostato é o aparelho mais caro e complexo da cirurgia micrográfica. É ele quem prepara a lâmina que será vista no microscópio. "Sem ele, a cirurgia micrográfica não é possível. O Ceder o adquiriu através de seu caixa próprio, alimentado pelos serviços educacionais prestados pela instituição."
A expectativa é que, a partir de março de 2023, as primeiras cirurgias comecem a ser realizadas. "Muito em breve, na Santa Casa, haverá um centro de formação de novos cirurgiões micrográficos para o Nordeste.