*Reportagem atualizada em 10/02/2023, às 12h54
(Reportagem atualizada para informar sobre resolução de 10/02/2023, que proíbe TODAS AS POMADAS DE CABELO)
Com o crescimento no número de casos que associam graves prejuízos oculares ao uso de pomadas para cabelo utilizadas para modelar e fixar penteados, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) faz um alerta sobre os cuidados com o manuseio desses produtos.
Os relatos apontam que algumas marcas têm provocado dor e irritação nos olhos, pálpebras inchadas e dificuldade para enxergar.
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Os sintomas são observados após a lavagem dos cabelos onde foi utilizado o produto ou depois do contato com a água de piscina ou do mar.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem investigado marcas e fabricantes relacionados às reações adversas, que já levaram centenas de pessoas às unidades de pronto atendimento em diversos estados do Brasil.
Várias empresas, segundo a Anvisa, têm produtos que podem causar problemas graves aos olhos.
Desde dezembro, a Anvisa tem publicado alertas orientando sobre o uso das pomadas de cabelo e resoluções suspendendo produtos irregulares.
Nesta sexta-feira (10/02/2023), a Anvisa publicou resolução em que PROÍBE TODAS as pomadas para modelar e trançar cabelos estão com a comercialização proibida pela Anvisa. Enquanto a medida estiver em vigor, nenhum lote de qualquer desses produtos pode ser comercializado e não deve ser utilizado por consumidores e profissionais de beleza.
"Caso você tenha adquirido algum desses produtos, não faça uso dele. Caso tenha em sua residência ou estabelecimento produtos para os quais foi determinado recolhimento, a recomendação é de que entre em contato com a empresa onde o produto foi adquirido, para verificar a forma de devolução", orienta a Anvisa.
"Quem fez uso recente de algum desses produtos deve observar o cuidado ao lavar os cabelos, para que o produto não entre em contato com os olhos. Em caso de qualquer efeito adverso, procure imediatamente o serviço de saúde mais próximo de você e informe a Anvisa pelos endereços eletrônicos abaixo."
O presidente da Sociedade Brasileira de Córnea, Sérgio Kwitko, membro do CBO, alerta que é necessária atenção por parte dos consumidores à composição química desses produtos.
"Os relatos que circulam em redes sociais e em ambientes hospitalares associam reações, como cegueira temporária, irritação e sensação de queimadura nos olhos, ao uso de pomadas modeladoras de diferentes marcas e fabricantes, o que indica a necessidade de atenção por parte dos consumidores à composição química desses produtos", diz a nota de alerta do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO).
Segundo o alerta do CBO, a metilcloroisotiazolinona (MCI) e a metilsotiazolinona (MI), que são compostos químicos comumente utilizados na formulação dessas pomadas para cabelos, são uma ameaça à visão.
"Esses conservantes contêm elementos tóxicos à pele e mucosas, podendo causar alergias e queimaduras nos olhos e na pele, além de toxicidade pulmonar e neurotoxicidade."
Nos olhos, esses compostos químicos podem provocar blefarites (inflamações das pálpebras), conjuntivites (inflamação da conjuntiva) e ceratites (úlceras de córnea), assim como grave comprometimento da visão.
O CBO orienta os consumidores a consultarem o rótulo dos produtos cosméticos.
Em caso de compra, é importante observar que o uso não deve ser feito nas proximidades dos olhos.
Também se deve ficar atento à possibilidade de o produto escorrer para os olhos, quando houver contato com a água ou o suor.
"Em casos de reações oculares adversas, as pessoas afetadas devem lavar imediatamente os olhos com soro fisiológico e procurar atendimento médico com urgência, de preferência com oftalmologista", alerta o CBO.
O Conselho Brasileiro de Oftalmologia ressalta que se mantém atento aos problemas para a visão relacionados ao uso dessas e outras substâncias e solicita aos órgãos responsáveis que obriguem as empresas fabricantes a inserirem nas embalagens alertas claros e didáticos sobre os riscos à saúde que o contato com esses produtos pode gerar.