Em meio ao atual período de sazonalidade das doenças e viroses respiratórias, que historicamente vai até julho em Pernambuco, o governo do Estado não tem divulgado, para o público em geral, informações sobre as taxas de ocupação de leitos voltados a casos de síndrome respiratória aguda grave (srag) no Sistema Único de Saúde (SUS).
O painel de vagas de terapia intensiva (UTI) e de enfermaria para quadros de srag foi atualizado, pela última vez, no dia 27 de fevereiro deste ano. Naquela data, Pernambuco tinha, na rede pública, 1.051 leitos srag (UTI e enfermaria), com 50% de taxa de ocupação.
Vale lembrar que os casos de srag englobam um conjunto de sintomas, e as causas podem variar: envolvem covid-19, gripe e bronquiolite, entre outras doenças. Frequentemente um quadro de srag exige internação.
Para saber por que o painel não tem sido mais atualizado, a reportagem do JC fez contato, na última semana, com quatro assessores de comunicação, de diferentes áreas, do governo de Raquel Lyra.
Nenhum deles deu retorno até o momento.
O Painel Geral Covid-19 em Dados foi criado, no auge da pandemia de covid-19, pela Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag), em parceria com a Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE).
A reportagem do JC ainda questionou se os dados estariam em outra plataforma de dados aberta ao público, mas os assessores também não responderam.
Até o fim de 2022, a reportagem acessava e publicava frequentemente todas as informações sobre ocupação dos leitos, inclusive no auge das doenças respiratórias - e não apenas dados da covid, mas também do impacto dos surtos de gripe e de vírus sincicial respiratório (VSR).
Nosso papel é ir atrás desses dados e cobrar às autoridades que sejam disponibilizados, pois é uma informação de interesse público; diz respeito a toda sociedade.
Se o governo, em pleno aumento de casos de viroses respiratórias, não compartilha essas informações de forma acessível, há um prejuízo na transparência. A clareza na regulação de leitos é essencial para se compreender a estrutura total das vagas disponíveis para receber pacientes com doenças respiratórias.
Infelizmente, não temos mais ciência de onde estão os dados públicos sobre a pressão que as doenças respiratórias têm feito na assistência hospitalar.
Questionada sobre superlotação das unidades de saúde, neste momento de avanço das viroses, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) informou que "tem atuado, junto à Central de Regulação Hospitalar do Estado, no monitoramento das demandas geradas pelos serviços de saúde".
A SES-PE destacou que Pernambuco vive o "período de sazonalidade das doenças respiratórias, que acontece entre os meses de março e julho, onde se costuma registrar um aumento da circulação de vírus respiratórios, como vírus sincicial respiratório (VSR), rinovírus, influenza e adenovírus, entre outros".
A pasta também frisou que a Central de Regulação, junto à rede assistencial, "tem observado uma tendência de aumento dos casos com necessidade de internação e que está em estado de vigilância diária quanto ao número de casos".
A Central de Regulação ainda esclareceu, via SES-PE, que essa tendência de aumento não está relacionada a casos de covid positivo, mas sim a demais vírus, principalmente influenza tipo B.
Mas sobre a taxa de ocupação de leitos públicos (UTI e enfermaria) voltados a casos de srag, até agora, continuamos sem ter esses dados.
É importante ressaltar que isso ocorre também num momento de prorrogação, até 30 de junho deste ano, do estado de emergência em saúde pública por causa da covid-19 em Pernambuco. O decreto foi assinado pela governadora Raquel Lyra e publicado na edição do último dia 31 de março no Diário Oficial do Estado.
Nota técnica da Secretaria Executiva de Vigilância em Saúde de Pernambuco aponta para "uma variação importante do número de casos notificados e confirmados da covid-19, com risco de aumento de novos casos, tendo em vista o início do período sazonal propício a surtos/epidemias de variantes da covid-19 e de outros vírus respiratórios".