Dos casos hospitalizados por síndrome respiratória aguda grave (srag) em Pernambuco este ano, 151 tiveram diagnóstico positivo para influenza (gripe).
Desse número, 71 casos são em crianças de 0 a 9 anos (47% do total). Ainda dentro dessa faixa etária, o maior volume de adoecimento por srag causado por gripe está concentrado entre 0 e 5 anos de idade: 59 casos.
O dado está no resumo da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) sobre o cenário epidemiológico da influenza, que considera as notificações até 17 de junho.
A maioria dos casos de srag por gripe, no Estado, é decorrente do influenza tipo B (105 casos no total). Outras 48 confirmações são de influenza A H1N1 e 1 de influenza não subtipado (quando não se conseguiu identificar o tipo do vírus). A soma dá 154 (provavelmente porque devem ter sido registrados casos de dois tipos simultâneos de influenza).
O balanço da SES-PE chama atenção especialmente neste momento de situação de emergência de saúde decretada pelo governo de Pernambuco, que alerta para o aumento dos casos de srag em crianças no Estado.
Dos 151 casos hospitalizados por gripe em Pernambuco, 21 não resistiram à infecção pelo vírus influenza e foram a óbito. Entre eles, duas crianças até 5 anos.
É importante destacar que a vacinação contra gripe é fundamental para minimizar a carga do vírus, prevenir o surgimento de complicações decorrentes da doença e os óbitos.
Infelizmente, Pernambuco está longe da meta de vacinar pelo menos 90% de cada um dos grupos elegíveis para a imunização contra gripe.
A campanha de vacinação, que começou em abril, aplicou 2.623.917 de doses contra gripe no Estado, o que representa uma cobertura de apenas 67,45% dos grupos prioritários.
No caso do público até 5 anos de idade, somente 60,80% (476.243 doses aplicadas) foram imunizados em Pernambuco.
SRAG NA INFÂNCIA POR TODAS AS CAUSAS
A situação de emergência de saúde decretada pelo governo de Pernambuco, no dia 20 deste mês, alerta para o aumento dos casos de síndrome respiratória aguda grave (srag) em crianças até 5 anos no Estado.
Além de ser causados por complicações dos vírus influenza (gripe), os casos de srag podem ter relações com outros agentes, como o vírus sincicial respiratório (VSR), que tem circulado bastante neste período.
Esse é um cenário que ocorre em praticamente todo o Brasil e tem associação (na maior parte dos casos) com o vírus sincicial respiratório (VSR), que pode causar doenças graves como bronquiolite (inflamação das pequenas vias aéreas no pulmão) e pneumonia (infecção dos pulmões).
Segundo a Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE), de janeiro a junho deste ano (até a semana epidemiológica 24, que terminou no último dia 17), foram contabilizados 1.785 casos de srag (por causas diversas) em crianças de até 5 anos.
Desse total de casos de srag, 39 evoluíram para o óbito.
No mesmo período, em 2022, houve 1.941 registros de srag em crianças de até 5 anos, com 62 óbitos.
A SES-PE informa que a rede de leitos de terapia intensiva (UTI) de Pernambuco conta com 219 unidades pediátricas e 111 neonatais.
Todas as vagas estão sendo utilizadas na capacidade máxima.
Diante desse problema, o decreto destaca que há necessidade de "medidas urgentes voltadas à prevenção, controle e ampliação da rede de atenção à saúde infantil".
Em nota enviada à coluna Saúde e Bem-Estar, do JC, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) informou, nesta quarta-feira (28), que a fila de espera por um leito de UTI em Pernambuco chega a 84 pacientes pediátricos - entre recém-nascidos, bebês e crianças.
Em detalhamento, 52 crianças que aguardam por uma UTI srag (voltada a quadros de síndrome respiratória aguda grave) e 2 que esperam por UTI de pediatria clínica.
Em relação aos recém-nascidos (aqueles com até 28 dias de vida), 8 estão na fila por UTI neonatal srag e 22 aguardam um leito de terapia intensiva neonatal clínico.
O texto do decreto assinado pela governadora cita ainda a Portaria SES/PE nº 171, de 12 de maio de 2023, e a Nota Técnica da Secretaria Executiva de Vigilância em Saúde e Atenção Primária nº 04/2023, que demonstram "a imperiosidade de abertura de leitos, em especial de unidades de terapia intensiva (UTIs) neonatal e pediátricas".
A emergência em saúde pública é válida por 90 dias.