O governo de Pernambuco informa que a fila de espera por leitos de terapia intensiva (UTI) pediátricos e neonatais está zerada, desde a quinta-feira (27), na rede pública estadual de saúde.
Nos últimos meses, Pernambuco passou por uma crise na assistência infantil, que levou o governo a decretar, no dia 20 de junho, estado de emergência em saúde pública, devido a elevadas taxas de ocupação de leitos voltadas a bebês e crianças com síndrome respiratória aguda grave (srag). O decreto é válido até setembro.
"Ao longo dos últimos meses, o governo de Pernambuco não mediu esforços para garantir o atendimento à população, com abertura de novos leitos e reforço nas campanhas de vacinação. Importante frisar que essa diminuição nos agravamentos de casos também se deve à redução do período de sazonalidade das doenças causadas por vírus respiratórios e também das férias escolares, diminuindo assim a transmissão desses vírus", informou, em nota, o governo estadual.
No entanto, a situação ainda preocupa. Dos 229 leitos de UTI pediátricos voltados a casos de srag, 94% estão ocupados nesta sexta-feira (28). Além disso, no caso dos leitos neonatais de terapia intensiva srag, a Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE) informa que não registra lista de espera, mas as unidades atuam na capacidade máxima (ou seja, todos as 111 vagas de UTI neonatais srag estão ocupadas).
Após decretada a situação de emergência em saúde pública por causa das altas ocupações dos leitos, Pernambuco só conseguiu abrir 10 novas vagas de UTI infantil no Memorial Hospital de Goiana (MHG), na Zona da Mata Norte.
"A SES-PE lembra que, nesse período, a maior dificuldade na abertura de novos leitos foi e continua sendo a escassez de material humano, especificamente especialistas em UTI pediátrica", esclareceu.
Para a secretária Estadual de Saúde, Zilda Cavalcanti, o momento de queda no número de casos de srag foi bastante aguardado.
"Houve grande dedicação de todos os envolvidos na saúde pública para enfrentar os desafios ocasionados pela sazonalidade das doenças respiratórias", destacou.
Ainda de acordo com Zilda, a hora agora é de trabalhar no desenvolvimento de estratégias e políticas de saúde para um enfrentamento mais assertivo nos próximos anos.
"Sabemos que a sazonalidade dos vírus respiratórios acontece em meados de março e prossegue até julho, agosto, todos os anos. Então, vamos redobrar os cuidados e nos preparar para esse enfrentamento, reforçando, inclusive, as medidas preventivas, como a vacinação", acrescentou.
No segundo trimestre deste ano, a sazonalidade levou a altas ocupações decorrentes do aumento de casos de síndrome respiratória aguda grave (srag) por infecções virais.
O cenário tomou conta de praticamente todo o Brasil, com relação (na maior parte dos casos) ao vírus sincicial respiratório (VSR), que pode causar doenças graves como bronquiolite (inflamação das pequenas vias aéreas no pulmão) e pneumonia (infecção dos pulmões).
A rede pública de leitos de terapia intensiva (UTI) de Pernambuco conta com 219 unidades pediátricas e 111 neonatais.
Desde o início de maio, Pernambuco registra uma alta na ocupação das UTIs pediátricas e neonatais. Até o início de julho, todas vagas chegaram a ser utilizadas na capacidade máxima. Com isso, o Estado chegou a ter, ao longo de dias, quase 100 crianças em fila de espera por uma vaga de terapia intensiva.
Agora, após meses em alta, os casos respiratórios graves têm queda em crianças em quase todo o Brasil.
Na quinta-feira (27), o novo boletim InfoGripe da Fiocruz apontou que, na população pediátrica, o vírus sincicial respiratório (VSR) continua como o principal identificado nas amostras analisadas, porém já apresenta sinais de queda na maioria dos Estados.
"Entre as crianças pequenas, mantém-se o predomínio de casos associados ao vírus sincicial respiratório (VSR), também já dando sinal de interrupção na tendência de alta nos estados do Norte e Nordeste", disse a Fiocruz.