JANEIRO BRANCO: Lacuna de tratamento para a saúde mental permanece como problema de saúde pública
A campanha Janeiro Branco vem como resposta ao aumento preocupante de casos de violência e autoviolência, consumismo alienado, desconhecimento das pessoas sobre suas condições psicológicas e desafios socioemocionais trazidos pela covid-19
Há uma década, o psicólogo Leonardo Abrahão, de Uberlândia (MG), lançava o Janeiro Branco - mobilização que promove a conscientização sobre os cuidados com a saúde mental e qualidade de vida.
Neste ano de 2024, a iniciativa foca na urgência de cuidados individuais, de atitudes institucionais e de políticas públicas para promover o bem-estar emocional dos indivíduos e das sociedades.
Os problemas de saúde mental são uma questão crítica de saúde pública. Nas Américas, quase 90% das pessoas afetadas por algum transtorno mental ou devido ao uso de substâncias não recebem o tratamento necessário, segundo o artigo Saúde mental nas Américas: uma visão geral da lacuna de tratamento, publicado na Revista Panamericana de Saúde Pública.
Apesar da carga elevada dos transtornos psiquiátricos e psicossociais, a saúde mental não tem sido adequadamente priorizada pelas autoridades de saúde.
Isso contribuiu com uma lacuna persistente no atendimento aos pacientes.
A pandemia de covid-19 aumentou a carga de problemas de saúde mental e interrompeu os serviços essenciais para as condições mentais, neurológicas e por uso de substâncias.
A ação deste ano vem como resposta ao aumento preocupante de casos de violência e autoviolência, consumismo alienado, desconhecimento das pessoas sobre suas condições psicológicas e desafios socioemocionais trazidos pela covid-19.
Inspirada no tema Saúde mental enquanto há tempo! O que fazer agora?, a campanha Janeiro Branco ganha ainda mais importância diante do contexto de fim da covid-19 como uma emergência de saúde global.
Segundo o Datasus, os números de óbitos autoprovocados relacionados a questões psicológicas e psicossociais dobrou nos últimos 20 anos. Além disso, episódios depressivos são a principal causa de afastamento do trabalho, seguido de outros transtornos, como transtornos de ansiedade.
Diante desse cenário, o Janeiro Branco promove a conscientização do cuidado com a saúde mental e realiza diversas atividades como palestras em espaços públicos e privados, nas quais os participantes abordam temas como relacionamentos, propósitos de vida, sexualidade, alterações de humor, transtornos mentais, necessidades da infância e condições da velhice, entre outros assuntos.
Em 2023, foi sancionada a lei federal que institui oficialmente a campanha Janeiro Branco em todo o Brasil, com início marcado para o ano de 2024.
Neste décimo ano, o Instituto Janeiro Branco, organização não governamental (ONG) responsável pela coordenação do movimento, reafirma o compromisso de disseminar conhecimentos, conscientizar indivíduos e instituições sociais sobre a importância dos cuidados com a saúde mental.
A saúde mental é vital não apenas para a saúde, mas também para o bem-estar social e econômico.
A saúde mental precária é tanto causa quanto consequência da pobreza, da educação comprometida, da
desigualdade de gênero, de problemas de saúde e de outros desafios globais, segundo o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas.
Os problemas de saúde mental estão ligados à mortalidade prematura por câncer, doenças cardiovasculares, diabetes e HIV/aids, assim como ao aumento da probabilidade ou risco de suicídio. Só
a depressão e a ansiedade custam à economia global US$ 1 trilhão a cada ano.
Projeta-se que, até 2030, a saúde mental será responsável por perdas de US$ 6 trilhões ano – mais da metade da carga econômica global atribuível a doenças não transmissíveis, de acordo com um relatório sobre a carga econômica global das doenças não transmissíveis, do Programa sobre Demografia Global do Envelhecimento, da Universidade de Harvard.
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