JANEIRO BRANCO

JANEIRO BRANCO: Lacuna de tratamento para a saúde mental permanece como problema de saúde pública

A campanha Janeiro Branco vem como resposta ao aumento preocupante de casos de violência e autoviolência, consumismo alienado, desconhecimento das pessoas sobre suas condições psicológicas e desafios socioemocionais trazidos pela covid-19

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Cinthya Leite

Publicado em 03/01/2024 às 13:59 | Atualizado em 03/01/2024 às 14:21
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Há uma década, o psicólogo Leonardo Abrahão, de Uberlândia (MG), lançava o Janeiro Branco - mobilização que promove a conscientização sobre os cuidados com a saúde mental e qualidade de vida.

Neste ano de 2024, a iniciativa foca na urgência de cuidados individuais, de atitudes institucionais e de políticas públicas para promover o bem-estar emocional dos indivíduos e das sociedades.

Os problemas de saúde mental são uma questão crítica de saúde pública. Nas Américas, quase 90% das pessoas afetadas por algum transtorno mental ou devido ao uso de substâncias não recebem o tratamento necessário, segundo o artigo Saúde mental nas Américas: uma visão geral da lacuna de tratamento, publicado na Revista Panamericana de Saúde Pública. 

Apesar da carga elevada dos transtornos psiquiátricos e psicossociais, a saúde mental não tem sido adequadamente priorizada pelas autoridades de saúde.

Isso contribuiu com uma lacuna persistente no atendimento aos pacientes.

A pandemia de covid-19 aumentou a carga de problemas de saúde mental e interrompeu os serviços essenciais para as condições mentais, neurológicas e por uso de substâncias.

A ação deste ano vem como resposta ao aumento preocupante de casos de violência e autoviolência, consumismo alienado, desconhecimento das pessoas sobre suas condições psicológicas e desafios socioemocionais trazidos pela covid-19. 

Inspirada no tema Saúde mental enquanto há tempo! O que fazer agora?, a campanha Janeiro Branco ganha ainda mais importância diante do contexto de fim da covid-19 como uma emergência de saúde global. 

Segundo o Datasus, os números de óbitos autoprovocados relacionados a questões psicológicas e psicossociais dobrou nos últimos 20 anos. Além disso, episódios depressivos são a principal causa de afastamento do trabalho, seguido de outros transtornos, como transtornos de ansiedade.

Diante desse cenário, o Janeiro Branco promove a conscientização do cuidado com a saúde mental e realiza diversas atividades como palestras em espaços públicos e privados, nas quais os participantes abordam temas como relacionamentos, propósitos de vida, sexualidade, alterações de humor, transtornos mentais, necessidades da infância e condições da velhice, entre outros assuntos.

Em 2023, foi sancionada a lei federal que institui oficialmente a campanha Janeiro Branco em todo o Brasil, com início marcado para o ano de 2024.

Neste décimo ano, o Instituto Janeiro Branco, organização não governamental (ONG) responsável pela coordenação do movimento, reafirma o compromisso de disseminar conhecimentos, conscientizar indivíduos e instituições sociais sobre a importância dos cuidados com a saúde mental.

A saúde mental é vital não apenas para a saúde, mas também para o bem-estar social e econômico.

A saúde mental precária é tanto causa quanto consequência da pobreza, da educação comprometida, da
desigualdade de gênero, de problemas de saúde e de outros desafios globais, segundo o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas.

Os problemas de saúde mental estão ligados à mortalidade prematura por câncer, doenças cardiovasculares, diabetes e HIV/aids, assim como ao aumento da probabilidade ou risco de suicídio. Só
a depressão e a ansiedade custam à economia global US$ 1 trilhão a cada ano.

Projeta-se que, até 2030, a saúde mental será responsável por perdas de US$ 6 trilhões ano – mais da metade da carga econômica global atribuível a doenças não transmissíveis, de acordo com um relatório sobre a carga econômica global das doenças não transmissíveis, do Programa sobre Demografia Global do Envelhecimento, da Universidade de Harvard. 

“A matéria apresentada neste portal tem caráter informativo e não deve ser considerada como aconselhamento médico. Para obter informações fornecidas sobre qualquer condição médica, tratamento ou preocupação de saúde, é essencial consultar um médico especializado.”

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