Metas que importam: psicóloga revela como planejar o novo ano com propósito e bem-estar

Um objetivo precisa ser mais alinhado com o propósito de cada um e com as coisas que realmente são valiosas para cada pessoa do que com comparações

Publicado em 03/01/2025 às 17:43 | Atualizado em 03/01/2025 às 17:56
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O ano de 2025 acabou de começar e, com ele, a ansiedade e a expectativa por mudanças positivas tendem a prevalecer para muitas pessoas. Nesse sentido, é importante se preparar com equilíbrio para que os dias do novo ano levem a um caminho de crescimento, amadurecimento e realizações.

Em entrevista ao videocast Saúde e Bem-Estar, do JC, na última quinta-feira (2), a psicóloga Benéria Donato, membro do Conselho Consultivo da Associação Pernambucana de Psicoterapia Cognitiva-Comportamental (ATC-PE), explicou como podemos alinhar as nossas metas de ano novo ao cuidado com a saúde mental.

"A forma como organizamos as metas podem ser fator de risco ou de proteção. Um objetivo precisa ser mais alinhado com o propósito de cada um e com as coisas que realmente são valiosas para cada pessoa do que com comparações. Não é saudável ter uma meta apenas para querer ter ou ser o que as pessoas mostram por aí. Cada um precisa se conectar com si mesmo, com o que é importante para si. Dessa maneira, vamos clarear o que realmente precisamos traçar para nós mesmos", disse Benéria.

A psicóloga também sublinhou que os objetivos de cada um precisam ter clareza e objetividade. "A meta deve ser específica e concreta. Por exemplo: ser feliz é subjetivo. Então, precisamos formular a meta nesse sentido: para ser feliz, o que precisamos fazer, obter, sentir e demonstrar?".

JÚNIOR SOUZA/JC IMAGEM
"Cada um precisa se conectar com si mesmo, com o que é importante para si. Dessa maneira, vamos clarear o que realmente precisamos traçar", ressalta a psicóloga Benéria Donato - JÚNIOR SOUZA/JC IMAGEM

Qual o tamanho da sua meta?

Outro detalhe é que as metas podem ser divididas como de curto, médio e longo prazo. Geralmente os nossos objetivos de vida são de longo prazo e podem ser o nosso norte. A partir disso, devemos fazer uma lista com metas curtas, que estejam alinhadas com nossos desejos e até nos ajudam a chegar ao propósito maior.

"Não necessariamente a gente precisa pensar em metas para o ano inteiro, mas para daqui a 30 dias, daqui para o aniversário ou uma data significativa. Traçar metas requer parar um pouco, no meio do dia a dia, refletir, pensar e até escrever sobre isso. Vale a pena investir nesse tempo para reorganizar a vida", reforçou Benéria, que é diretora do Centro de Ensino, Pesquisa, Consultoria e Atendimento Psicológico (Psicocenter).

É fundamental ponderar que as metas podem ser ajustadas, a depender das necessidades e da rota de cada pessoa. Por isso, é importante termos amadurecimento para lidar com possíveis obstáculos que possam aparecer, flexibilizar os objetivos e adaptá-los à nossa realidade, que é dinâmica. 

O autoconhecimento é fundamental para criar metas e seguir caminhos capazes de alcançá-las. Nesse contexto, a terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma abordagem que pode ajudar as pessoas no processo de compreensão das necessidades individuais e coletivas.

"A TCC diz que somos, em grande parte, o que pensamos. Então, vale prestarmos atenção não somente no que estamos fazendo, mas também no que estamos pensando no dia a dia", destacou Benéria.

"Quem não sabe por onde começar com as metas pode ficar atento a conversas que temos com nós mesmos. Esses pensamentos podem ajudar a iniciarmos o ano com projeção de ideias que se constituem em metas específicas e concretas, baseadas nos nosso propósitos e valores", acrescentou a psicóloga.

O que fazer pela saúde mental agora e sempre?

O início do ano é marcado pela campanha Janeiro Branco, movimento brasileiro sobre saúde mental que convida a sociedade a refletir, dialogar e agir em prol do bem-estar emocional. Criada em 2014 pelo psicólogo, palestrante e escritor mineiro Leonardo Abrahão, a campanha é reconhecida oficialmente como lei federal (Lei 14.556/23).

A edição de 2025, com o tema "O que fazer pela saúde mental agora e sempre?", tem como proposta engajar indivíduos, famílias, empresas e instituições públicas e privadas em ações concretas que estimulem a valorização da saúde mental como prioridade coletiva. 

A campanha utiliza o mês de janeiro como marco de um novo ciclo, já que o período é cheio de simbolismos para inspirar as pessoas a repensarem suas vidas, identificarem metas pessoais e cuidarem de aspectos emocionais muitas vezes negligenciados.

Os cuidados com a saúde emocional da população devem começar a partir da prevenção das doenças decorrentes do estresse, como ansiedade, depressão e pânico. Os transtornos mentais podem ser causados por uma série de fatores, como genética, estresse, abuso de substâncias e traumas. Nesse rol, entram também os transtornos de humor, esquizofrenia e o transtorno bipolar.

Segundo o Global Mind Project (pesquisa que divulga dados anuais sobre o bem-estar no planeta), o Brasil enfrenta desafios significativos em saúde emocional no pós-pandemia. Entre os entrevistados, 34% relatam angústia, enquanto 38% estão em processo de recuperação. Os jovens abaixo de 35 anos são os mais afetados. 

Na América Latina, o Brasil é o país com maior prevalência de depressão, além de ser o segundo país com maior prevalência nas Américas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em relação a transtornos de ansiedade, o Brasil é o líder no mundo, de acordo com uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgada em 2019. Novos dados divulgados em 2023, com base no Covitel (Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia), apontam que 26,8% dos brasileiros receberam diagnóstico médico de ansiedade. 

 

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