Diabetes e hipertensão: como controlar? Saiba dicas para diminuir glicose
Veja como é relação entre hipertensão e diabetes e como controlar doenças
Se você está lidando com uma dessas condições, é crucial estar atento à outra. Embora sejam doenças distintas, a hipertensão e o diabetes frequentemente se manifestam em conjunto, exigindo cuidados adicionais durante o tratamento. Segundo dados da pesquisa VIGITEL 2011, conduzida pelo Ministério da Saúde, aproximadamente 22,7% da população brasileira é diagnosticada com hipertensão, enquanto 5,6% é afetada pelo diabetes, abrangendo os tipos 1 e 2.
Estima-se que cerca de metade dos indivíduos com diabetes também apresentem hipertensão, necessitando de acompanhamento médico para ambas as condições. Você se enquadra nesse grupo ou conhece alguém que se encaixa? Descubra o que os especialistas têm a dizer sobre a relação entre diabetes e hipertensão e esclareça suas dúvidas.
Uma pessoa com diabetes tem maior propensão a desenvolver hipertensão?
Sim. "Existem alguns fatores de risco em comum entre diabetes do tipo 2 e a hipertensão arterial, como obesidade, sedentarismo e má alimentação", explica o cardiologista Heno Lope, do Departamento de Hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Além disso, pacientes com diabetes têm maior tendência a desenvolver problemas renais, o que afeta a eliminação de substâncias como sal e água pela urina. "O aumento de sal e água na circulação está relacionado com o aumento da pressão arterial, levando à hipertensão", acrescenta.
Outra questão recorrente em pacientes com diabetes é a oxidação mais rápida dos vasos sanguíneos devido ao excesso de açúcar no sangue. "A oxidação dos vasos é o primeiro degrau para essa artéria começar a se entupir com gorduras e colesterol ruim, aumentando a pressão arterial e trazendo outros riscos, como infarto e AVC”, explica o nutrólogo Roberto Navarro, da Associação Brasileira de Nutrologia.
No entanto, o oposto também é verdadeiro: a hipertensão pode ser um fator de risco significativo para o desenvolvimento de diabetes tipo 2, uma vez que as causas dessas doenças estão intimamente relacionadas, e o que leva ao surgimento da pressão alta pode resultar em diabetes. O Ministério da Saúde destaca a hipertensão como um fator de risco para o diabetes e vice-versa. Portanto, se você tem uma dessas condições, é importante ficar atento ao possível desenvolvimento da outra.
Quais especialistas devo consultar para controlar as doenças?
Idealmente, um endocrinologista e um cardiologista, embora o acompanhamento possa ser realizado por um clínico geral experiente. Dependendo da evolução das doenças, outras especialidades, como nutrólogos, nutricionistas, fisiologistas e nefrologistas, podem ser incluídas na rotina de cuidados de um paciente com hipertensão e diabetes.
Devo tratar ambas as doenças simultaneamente ou separadamente?
É crucial manter ambas as doenças sob controle ao mesmo tempo. O tratamento do diabetes e da hipertensão envolve mudanças na alimentação, manutenção do peso adequado, prática regular de exercícios e, se necessário, uso de medicamentos. Como são doenças crônicas, é fundamental não interromper o acompanhamento de uma em detrimento da outra - trata-se de um processo conjunto e contínuo para toda a vida. "O descontrole de qualquer uma dessas doenças, mesmo que isoladamente, aumenta o risco de doenças cardiovasculares (infarto, angina, insuficiência cardíaca), e quando associadas as chances aumentam ainda mais", alerta o cardiologista Heno.
É possível que uma doença esteja controlada e a outra não?
Sim. Embora possam ocorrer em conjunto e compartilhem causas semelhantes, os fatores de descompensação são diferentes para cada doença. Na maioria dos casos, uma doença pode estar controlada enquanto a outra não devido à falta de adesão ao tratamento medicamentoso.
"O tratamento das duas doenças depende de controle alimentar e prática de exercícios, mas pacientes que não adotam esses bons hábitos ficam mais facilmente dependentes de medicações", alerta o cardiologista Heno.
Se um paciente está tomando dois medicamentos, pode ocorrer de um deles estar sendo administrado corretamente, controlando uma das doenças, enquanto o outro não está sendo tomado adequadamente, mantendo inalterado o quadro que o medicamento deveria tratar. "Essa negligência com apenas um dos medicamentos pode levar ao controle de uma doença e descontrole de outra, sendo necessária intervenção médica."
Os valores de referência são diferentes para pessoas com ambas as doenças?
Sim, especialmente para a pressão arterial. "Se o paciente hipertenso não tem diabetes, a pressão arterial deve estar abaixo de 14/9 mmHg", explica o endocrinologista Sérgio Vêncio, do Laboratório Pasteur, em Brasília.
"Caso tenha diabetes, sua pressão arterial ideal é de 13/8 mmHg", acrescenta. Quanto à glicose no sangue, em alguns casos são aceitos valores de glicemia de jejum de até 126 mg/dl e valores de glicemia duas horas após a refeição de até 160 mg/dl. No entanto, de maneira geral, os valores-alvo de glicemia de jejum, glicemia pós-prandial e hemoglobina glicada são 110 mg/dl, 140 mg/dl e 7,0%, respectivamente, de acordo com o endocrinologista Ruy Lyra, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
Segundo o Ministério da Saúde, a Sociedade Brasileira de Diabetes e a Sociedade Brasileira de Cardiologia, os valores de referência podem variar para mais ou para menos, levando em consideração fatores como idade, presença de outras doenças e uso de outras medicações - tudo dependerá da avaliação médica.
É necessário fazer mudanças na dieta?
Tanto o diabetes quanto a hipertensão estão relacionados à dieta e requerem atenção especial. "A pressão alta pede atenção para a ingestão de sódio e o diabetes com as doses de açúcar na dieta", explica o nutrólogo Roberto.
Portanto, reduzir o consumo de sal como tempero, em alimentos industrializados, enlatados, molhos e temperos prontos, queijos salgados, molho de soja, mel, doces em geral, carboidratos simples, alimentos de alto índice glicêmico e gorduras saturadas são as primeiras medidas para manter ambas as doenças sob controle.
"Essas são as recomendações para um paciente que está com as condições controladas e não precisa de cuidados especiais para uma ou outra", lembra o nutrólogo. No caso de uma ou ambas as doenças estarem descompensadas, é necessário um acompanhamento individualizado com um profissional para atender melhor às necessidades daquele paciente específico.
Será necessário tomar duas medicações?
Cada doença deve ser tratada de forma individualizada em relação à medicação. "Normalmente essas duas doenças necessitam de mais de uma classe de remédio para o controle, então é normal que desde o começo já se usem associações de medicações com mecanismos de ação diferentes", diz o endocrinologista Sérgio.
Os medicamentos para controlar a hipertensão podem variar desde diuréticos até vasodilatadores, enquanto o tratamento do diabetes pode envolver insulina ou medicamentos orais para controle da glicemia. "Mas é importante ressaltar que a introdução de medicamentos só é feita quando o paciente não consegue controle com dieta, exercícios e redução de peso."
Posso praticar atividades físicas?
Sem dúvida. "Todos os pacientes hipertensos e com diabetes devem praticar atividade física, a não ser que exista alguma contra indicação formal, como problema cardiovascular, dificuldade para enxergar e complicações neuropáticas ou vasculares em membros inferiores", afirma o endocrinologista Sérgio, destacando que, nesses casos, o médico deve fornecer orientações mais detalhadas sobre o exercício mais adequado para o paciente.
Além disso, a atividade física aumenta a produção de substâncias no sangue que melhoram o controle da pressão arterial e a resposta à insulina. A perda de peso resultante do exercício também melhora o controle da pressão e do diabetes. "De qualquer forma, o paciente deve passar por uma avaliação clínica prévia, a fim de que o profissional especializado oriente a melhor atividade."
O risco de desenvolver complicações aumenta?
Quando um paciente tem diabetes e hipertensão, é necessário redobrar os cuidados para evitar complicações dessas doenças, que geralmente ocorrem simultaneamente. "Tanto uma quanto a outra tendem a escolher os mesmos órgãos para causar problemas: rins, coração e olhos", lembra o endocrinologista Sérgio.
O risco de complicações, como glaucoma e pé diabético, aumenta quando o paciente não controla adequadamente a pressão arterial e a glicose sanguínea.
"Quem desenvolve esse tipo de complicação habitualmente têm péssima adesão ao tratamento, tanto não medicamentoso, quanto o medicamentoso", alerta o cardiologista Heno. Portanto, é crucial adotar hábitos saudáveis, usar medicamentos quando necessário e relatar ao médico o surgimento de qualquer sintoma suspeito.
Devo abandonar vícios como álcool e tabaco?
Sem dúvida. O álcool é calórico e interfere no controle da glicemia, enquanto o tabagismo acelera o processo de obstrução dos vasos sanguíneos, o que é agravado pela oxidação causada pelo diabetes.
Portanto, esses hábitos devem ser abandonados ou evitados para um controle eficaz das duas doenças, reduzindo inclusive o risco de complicações, como infarto e outras doenças cardiovasculares. "Nesse caso, é sempre bom evitar o que pode fazer mal, fazer atividade física e cuidar da alimentação."
Fonte: Laci
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