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Saúde e Bem-estar

Por Cinthya Leite e equipe
CUIDADOS

Dez por cento das mulheres acima de 40 anos manifestam algum problema na tireoide

Vida pode seguir normal com diagnóstico e tratamento adequados

Cadastrado por

JC

Publicado em 24/05/2024 às 12:02
Paciente precisa de disciplina para a jornada entre diagnóstico até chegar ao tratamento adequado - Freepik

Dez por cento das mulheres acima dos 40 anos apresentam algum problema na tireoide, segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.

Uma das condições que afeta a tireoide, o hipotireoidismo, acarreta a diminuição da produção dos hormônios T3 e T4, essenciais para o bom funcionamento do metabolismo e do organismo.

Essa disfuncionalidade da tireoide causa sintomas que impactam a qualidade de vida dos pacientes, mas são pouco específicos. A disfunção pode causar fraqueza, cansaço excessivo, desânimo, diminuição da memória, irregularidade menstrual, desaceleração dos batimentos cardíacos, intestino preso, queda de cabelo, ganho de peso e aumento do colesterol no sangue.

Por serem facilmente confundidos com outras doenças, como a depressão, dengue e covid-19, esses sintomas podem dificultar ainda mais o diagnóstico, sendo importante o acompanhamento por um médico especialista. No Brasil, estima-se que até 22 milhões de pessoas sofram com a doença, que é de 5 a 8 vezes mais frequente nas mulheres.

Tratamento

O tratamento para hipotireoidismo normalmente é feito com reposição do hormônio tireoidiano. O sucesso do tratamento exige disciplina do paciente, desde a busca pelo diagnóstico até o tratamento adequado, com horários e dosagens corretos. É importante também o acompanhamento próximo do médico.

Para pacientes em polifarmácia (que fazem uso de mais de quatro medicamentos simultaneamente), por exemplo, a jornada de tratamento pode ser mais desafiadora, devido à necessidade de gerenciar múltiplos medicamentos que interagem, aos riscos associados a interações medicamentosas e às condições de saúde associadas. A eficiência na adesão ao tratamento está relacionada à regularidade na administração diária do medicamento, que consiste em um único comprimido na dosagem adequada.

É o caso da jornalista e coordenadora da Coalizão Vozes do Advocacy, Vanessa Pirolo, que além do tratamento para hipotireoidismo, é paciente de diabetes tipo I. O diagnóstico de hipotireoidismo foi resultado de um câncer na tireoide.

“Minha mãe foi a primeira a ter o nódulo na tireoide detectado e, após exames complementares, fez a retirada da tireoide. Na sequência, as mulheres da minha família foram passando pelo mesmo processo. Na minha vez, a detecção foi bem precoce e hoje faço o tratamento seguindo as recomendações do médico quanto a jejum e dose, com visitas de rotina a cada seis meses”, disse Vanessa.

A médica Laura Ward reforça as recomendações de seguir o tratamento continuamente logo após o diagnóstico de hipotireoidismo. “O tratamento para o hipotireoidismo é contínuo, pode durar a vida inteira e requer uma rotina diária de medicação. Por isso, os pacientes precisam compreender plenamente a importância da adesão correta ao tratamento e os riscos associados à falta de tratamento adequado, que podem resultar em impactos consideráveis em sua qualidade de vida”, afirmou Laura, que é endocrinologista, pesquisadora e professora titular da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP.

A baixa adesão ao tratamento pode levar a uma qualidade de vida reduzida e a um aumento do risco de complicações a longo prazo, como elevação de colesterol e/ou triglicerídeos, hipertensão arterial, problemas cardiovasculares, infertilidade e depressão.

A Dra. Laura recomenda algumas dicas práticas que podem ajudar na rotina de administração de medicamentos contínuos, como os usados no tratamento dos distúrbios da tireoide:

Diagnóstico

Apesar de ser uma doença que exige cuidados, 40% das pessoas diagnosticadas com hipotireoidismo não realizam o tratamento de forma adequada. Diante desse cenário, incentivar o paciente a realizar o tratamento corretamente e obter informações que o ajudem no diagnóstico são desafios que influenciam no tratamento do hipotireoidismo.

A detecção é feita por exames de sangue para analisar o TSH, hormônio estimulante da tireoide, que precisa ser repetido após 4 a 6 meses para a conclusão do diagnóstico de hipotireoidismo. Isso porque existem elevações transitórias do TSH por várias causas. A dosagem de TSH e de outros parâmetros estabelece a causa do hipotireoidismo e, posteriormente, também é importante para acompanhar a eficácia do tratamento.

“Os sintomas pouco característicos do hipotireoidismo geram muitas dúvidas nas pessoas, por isso é importante que elas procurem um médico para investigar a causa desses sintomas e pedir os exames necessários. Persistir no caminho do diagnóstico evitará não apenas o agravamento da doença, mas também as chances de receber um diagnóstico e fazer um tratamento inadequado”, concluiu Laura Ward. 

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